2023!?

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Era seis e quinze da manhã, eu tinha acabado de acordar e estava saindo pela porta com meu balde habitual para tirar leite da Lacta. Essa é a última coisa que eu me lembro. Parece que eu apaguei depois disso, mas quando acordei de novo, no que pensava serem poucos minutos depois, eu ainda estava de pé e no mesmo lugar. Esta, porém, era a única coisa que parecia igual. Meu quintal estava tomado por uma grama alta. A relva começava a tomar minha casa, também e a madeira parecia meio apodrecida, como se cupins a estivessem consumindo por um bom tempo. Senti meu coração acelerar e, por mais que eu me esforçasse, não conseguia entender o que estava acontecendo. Eu odiava não estender as coisas. Larguei o balde no chão e corri para dentro do curral. Não havia nada ali. Lacta e seu bezerro haviam sumido, assim como a outra vaca e o boi, as cabras. Estava começando a ficar tonta, minha cabeça girava por não conseguir compreender os acontecimentos desta estranha manhã. Saí de lá na mesma velocidade com que entrei e fui direto para o galinheiro. Eu já sabia o que iria encontrar mas ainda assim me assustei ao ver o grande nada que possuía aquele lugar. No dia anterior haviam sete galinhas e doze pintinhos, agora todos haviam sumido.

Me arrastei de volta para o interior da minha casa, sem forças para correr. Queria chorar, meus animais sumirão e a confusão na minha mente tomava conta de mim. Meu celular continuava no mesmo lugar, em cima da mesa da cozinha, porém estava sem bateria. Pego o mesmo e caminho a passos rápidos até meu quarto, onde o carregador estava guardado na primeira gaveta. Precisei esperar longos cinco minutos para liga-lo. Meu susto foi ainda maior quando consegui. 2023? Que porra é essa? Com as mãos tremendo entro nos contatos. "Pai".

- Atende, por favor, atend... - Dizia para mim mesma quando uma voz surge do outro lado do celular.

"Filha!? É você? S/N meu amor?" Não era a voz do meu pai.

"Mãe? O que está acontecendo? Por que você está com o celular do papai? O seu calendário também está marcando 2023?" A bombardeio com perguntas, temendo que não tivesse respostas e temendo ainda mais que as tivesse.

"S/N meu amor, estou tão feliz em ouvir a sua voz. Eu senti tanto sua falta" Era fácil se notar sua voz chorosa.

"Minha falta? Nos falamos ontem?" Digo baixo.

"É tanta coisa para explicar, meu bebê. Eu vou mandar alguém aí para te pegar, não saía daí. Eu te amo."

Antes que eu pudesse responder Pepper desliga. Agora eu estava ainda mais nervosa, meu corpo tremia inconscientemente de forma que eu não conseguia controlar. Levantei da cama, me segurando na cômoda pela vertigem, mas não dei muita importância. Abri o roupeiro e tirei da parte mais alta uma mala vermelha. Coloquei algumas roupas dentro dela e alguns sapatos, depois peguei meu celular e caminhei com passos rápidos até o portão para aguardar minha carona até a mansão Stark. Aquilo iria demorar, minha fazenda ficava a umas quatro horas da cidade. Papai queria que eu ficasse bem longe de qualquer perigo causado por seu trabalho como super-herói. Aposto que a maioria dos vingadores nem sabe da minha existência. Me sentei na cerca de madeira e esperei e esperei ainda mais.

Estava concentrada na paisagem havia algumas horas quando me despertei por um barulho de motor. Não passavam muitos carros por ali, então eu já sabia quem era. Desci da cerca em um pulo quando o carro preto parou em minha frente. Ele era lindo, eu nunca tinha visto nada assim, parecia quase futurístico. A porta do passageiro abre sozinha e antes de entrar noto que havia muito mais gente do que imaginei ali dentro.

- Olá? Você que é a pequena Stark? - Uma loira de cabelos curtos que estava sentada no banco do motorista me pergunta e eu apenas aceno positivamente. - É ela pessoal! Entra aí, S/N.

Olho para os bancos traseiros antes de entrar. Estavam ali, dois loiros com barba e uma ruiva que parecia ter quase a minha idade. O homem da ponta direita me dá um grande sorriso acena com a mão, a mulher do meio me lança um sorriso sem mostrar os dentes e o outro homem acena com a cabeça. Aceno para todos, também. Admito que não esperava uma recepção tão grande quanto essa, me deixava até constrangida receber o olhar de todas aquelas pessoas.

- Nós somos... - Começa Natasha mas eu a corto.

- Natalia Romanova, mais conhecida como Natasha Romanoff ou Viúva Negra; nasceu em Stalingrado, Rússia em 1984; - Ela me olha incrédula. - Thor, o príncipe herdeiro de Asgard; Wanda Maximoff, popularmente conhecida como Feiticeira Escarlate; nasceu em 1989 em Sokovia junto de seu gêmeo Pietro. Vocês foram os únicos a sobreviverem aos experimentos da Hydra. E por último, mas não menos importante, o primeiro vingador, Steve Rogers, conhecido popularmente como Capitão América. Nascido em 1918 em Nova York; Congelado em 1945 e descongelado em 2011. - Suspirei fundo, terminando meu relatório.

Todos pareciam meio boquiabertos, eu os entendo, ficaria da mesma forma se uma pessoa que eu nem conhecia a existência até pouco tempo soubesse tanto de mim.

- Uau, andou estudando? - Pergunta Steve enquanto Natasha da partida no carro, ainda com a mesma expressão levemente chocada.

- Na verdade, não. - Neguei com a cabeça, sem olhar para os que estavam atrás. - Eu tenho memória Eidética, ou fotográfica, como preferir. Não foi difícil memorizar a vida dos companheiros do meu pai.

Um silêncio ensurdecedor invadiu o ambiente após minha fala. Era como se eles nem estivesse respirando, ou fizessem com cuidado para não fazer barulho. Eu não fiz questão de quebrar o silêncio ou perguntar o porquê de terem se calado tão repentinamente, apenas apertei no botão de ligar do rádio e deitei em meu banco para aproveitar a paisagem que a anos eu não via junto de Without Me. Mas foi apenas quando o nervosismo passou e meu corpo relaxou que eu percebido que minha cabeça parecia latejar de dor, meu estômago estava enjoado e minha pele inteira parecia formigar.

Notas Finais: E aí? Será que a S/N está se sentindo assim apenas por nervosismo?

O legado de Stark (Wantasha+S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora