Confissões de Maximoff

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Eu não sei em que momento peguei no sono, só lembro que estava tendo sucesso, ainda que pouco, em reverter o rastreador e então acordei na cama, no quarto da Nat e, por incrível que pareça, ao lado de Wanda. Esse quebra cabeça estava muito confuso. Me sento na cama lentamente para não acordar a ruivinha, ansiosa para voltar às minhas pesquisas, quando percebo algo se mexer lá embaixo no chão. Meu coração salta pelo susto mas logo se acalma ao perceber que era apenas a Romanoff, ao invés de alguma entidade maligna. Nat parecia tão pacífica dormindo, algumas vezes eu a sentia muito tensa durante o dia, mas agora ela parecia completamente calma.

Me ponho de pé, cuidando para não pisar na loira, e fazendo o maior silêncio possível saí do quarto. Precisa tomar um banho morno para clarear as ideias, comer algo e voltar para o laboratório. Posso parecer meio obsessiva com essa ideia, mas eu juro que é porque sei que consigo achar Tony e sei que estou perto disso. Ou talvez, ele que esteja perto.

Ando até o fim do corredor, encontrando minha porta e entro na mesma. Meu quarto estava igual ao que deixei antes de ser levado com o resto da equipe pelo tal Vigia, apesar de mais empoeirado. Abro meu roupeiro e pego a roupa mais confortável possível para passar o dia inteiro confinada entre minhas pesquisas. Precisaria lembrar de devolver as roupas que peguei da Nat ontem, mas isso ficaria para depois. Como planejado, tomei banho e uma xícara de café com uma torrada e fui direto para o laboratório. Havia pouco movimento na torre hoje.

– S/N, você já pensou em ampliar as redes de satélites usadas para ter um alcance maior ou criar uma simulação de multiverso para se guiar melhor em sua busca? – Mal tinha posto meus pés no local e antes que eu pudesse ver o rosto de quem falava reconheci a voz. Bruce. – Perdão, não queria mexer nas suas coisas, na verdade, eu nem mexi, apenas olhei, mas eu estava passando por aqui e fiquei curioso. – Ele se explica ao não receber resposta.

Não estava tentando ser grossa nem nada do tipo, apenas estava pensando nas possibilidades que me foram propostas.

– Não, tá tudo bem. Na verdade, eu não tinha pensado nisso antes, são ideias ótimas. Você poderia me ajudar, se não estiver muito ocupado? Eu nunca tentei fazer nada do tipo, sua inteligência seria muito útil doutor Benner. – Peço enquanto me aproximo até a projeção 3d ligada no meio da sala.

– Eu adoraria. Sabe, Tony e eu sempre tivemos nossas alfinetadas, mas eu sinto falta de trabalhar com ele. O homem era, verdadeiramente, um gênio. Eu sinto isso em você, tão nova mas já tem uma mente rápida. – Sorrio sem olhar nos olhos de Bruce. Era incrível ser comparada com meu pai, por um lado, mas por outro, eu sentia que eles tinham expectativas demais e não sabia se eu conseguiria alcança-las. – De qualquer forma, como pode ver, senhorita, eu já comecei a fazer algumas coisas aqui. Veja!

O doutor Hulk me mostrou o projeto que ele estava começando para me ajudar, parecia eficaz, mas ainda teríamos muito para fazer. Não havia tempo a perder.

POV Narradora

Do outro lado da torre dos vingadores, Wanda Maximoff é a segunda a acordar. Ela também não lembrava direito quando tinha caído no sono e como havia ido parar no quarto de Natasha mas lá estava mais uma vez. Por alguns segundos jurou que a volta da S/N havia sido um sonho e que ela só estava no quarto de Natasha porque a loira a convidou após mais um de seus sonhos com aquelas mesmas crianças.

– Nat! Nat, acorda! Preciso que me confirme algo. – Ela sacode o corpo adormecido no chão quando percebe a presença da outra ali.

– Uhm, oi, oi, Maxiwands! O que houve? Tem algo pegando fogo? – A Romanoff acorda no susto, pulando do chão para a cama acima de si.

– Não, calma, foi mal o susto, mas… a S/N… – A ruiva acalma a outra antes de deixá-la ainda mais nervosa.

– O que houve com a S/N?

– Ela voltou, não voltou? De seja lá para onde ela foi levada.

– Voltou… MaxiWands, você tá bem? Teve um pesadelo? – Nat coloca as mãos preocupadas em volta do rosto de Wanda para garantir que a mulher não estava delirando de febre ou algo assim.

– Não, é só que… porque eu tô aqui? Eu pensei que… você sabe. Pensei que tivesse sido uma daquelas noites. – A Maximoff, finalmente acalma seu peito e tira devagar as mãos da outra de suas bochechas.

– Ah, isso. Você e a pequena Stark dormiram no laboratório. Foi a maior trabalheira trazer vocês duas pra cá sem acordar ninguém. A S/N eu nem vi quando apagou, mas você estava me contando sobre um episódio de I Love Lucy e de repente começou a falar mais devagar e puff. Foi engraçado e fofo, também. – A loira afaga a cabeça da outra como um cachorrinho e a ruiva logo trata de bater de leve em sua mão.

– Nat… – Wanda parou de rir e ficou séria de uma hora para outra.

– Sim?

– Eu acho que preciso te contar algo. Quero ser honesta, porque você é muito importante para mim. – A ruiva continua.

Um pequeno silêncio que pareceu durar tempo demais de instalou naquele quarto. Quem entrasse poderia jurar sentir a atmosfera do ambiente pesando. A Romanoff estendeu sua mão e segurou as da outra como forma de conforto e confiança, mas Wanda simplesmente não conseguia dizer.

– Você tá afim da S/N, né? – Por fim, quem tomou a iniciativa foi a própria Natasha.

– O quê!? Por que você acha isso!? – Um choque toma conta do corpo da ruiva que, de todas as possibilidades as quais imaginou em sua mente, não esperava que isso acontecesse.

– Isso tá na cara, Wandinha. Eu entendo, a S/N é muito cativante, mesmo. – Natasha parecia calma demais, Wanda não sabia o que esperar.

– Desculpa, eu não queria mesmo. Eu estou tentando acabar com esses sentimentos idiotas, eu juro, mas eu entendo se não se sentir confortável comigo muito perto da S/N. Eu amo ela e a companhia dela, mas amo você, também, você é uma das minhas melhores amigas, por isso estou contando. Se você me disser "wanda, quero que você fique longe da s/n" eu juro que ficarei. – Wanda fala rápido, com poucas pausas para respirar.

– Ei ei, calma. – A loira segura os ombros da outra que se mexia constantemente. – Eu jamais pediria isso, idiota. Sabe, desde que S/N voltou e eu comecei a ter certeza de que você estava afim dela, eu tive bastante tempo pra pensar. – A loira solta a outra e se arruma na cama. – Se quiser a S/N e for recíproco, quem sou eu pra impedir vocês de ficarem juntas. É claro que eu amo ela, pra caralho, e queria ficar com ela, mas a felicidade de vocês é o mais importante…

– Não, não! – Wanda corta. – Do que você está falando, esse discurso era meu, eu que ia falar isso. Não quero que vocês se separem por meu egoísmo. Eu vejo no olhar da S/N que ela quer você, Nat.

– Eu também vejo como ela olha pra você. Tem um brilho diferente. – A loira diz.

– Quê? Claro que não, boba. Você tá maluca, ela me olha como uma amiga, como eu olho pra você e você me olha. – Wanda se levanta rápido da cama, pisando nas cobertas antes usadas como colchão.

– Eu acho que temos que falar com ela, essa não é uma escolha só nossa. – Nat, também levanta.

– Escolha? Não, eu acho que você não entendeu meu intuito te contando isso. Eu não quero que vocês escolham nada, eu só queria ser honesta com você. – Wanda mexia suas pernas de um lado para o outro.

– Ei Maxiwands, como eu disse, eu tive muito tempo pra pensar, ok? Não se preocupe com isso. Não vou contar para a S/N que tivemos essa conversa se você não quiser mas eu quero conversar com ela mesmo assim. Você confia em mim, não? – Wanda acena de forma positiva com a cabeça. – Então tá bom. Agora vai pro seu quarto se arrumar e depois vamos tomar um café.

Nat deposita um beijo na testa da ruiva e se vira para entrar no banheiro, mas para antes.

– Ah! Me traz o resto daquela tinta ruiva que você usou, antes de mais nada, por favor, eu cansei desse loiro.

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Notas Finais: Opa, voltei rápido dessa vez. Acho que escrever o último capítulo me tirou um pouco da ressaca. Espero que tenham gostado e até o próximo capítulo onde as coisas mexer.

(Não revisado, ainda)

O legado de Stark (Wantasha+S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora