Expresso duplo e os estudos

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Mais um vez deitei na cama sem sono, me virando de um lado para o outro sem achar conforto em nenhuma posição. Quando o dia nascia no céu, eu peguei no sono mas pouco tempo depois o relógio despertou. Saltei da cama, morrendo de sono mas muito ansiosa, também e rapidamente coloquei a roupa que Wanda havia me emprestado no dia anterior. Me perguntava o que eu devia fazer agora. Sentei na cama e esperei por vários minutos.

Batidas fracas na porta ecoaram pelo quarto, meu coração se acelerou, mas não deixei que ele ou as pernas levemente trêmulas me empedissem de ir até lá. Era Romanoff que me esperava, como eu já podia prever. Sorri lhe desejando "bom dia" e a loira retribuiu.

– Está pronta? – Ela me pergunta, lançando um olhar rápido da minha cabeças até os pés.

– Pronta. Estou bem? Nunca fiz nada assim. – Digo fechando minha porta para não olhá-la enquanto ela respondia.

Natasha apenas riu mas não disse nada, nenhum aceno que eu tenha visto e nenhum sinal de negação. Tentei esquecer aquilo enquanto desciamos no elevador. Ou quando a mulher dirigia o carro até a cafeteria que disse que me levaria. Quando páramos foi quando eu, finalmente, consegui. Era um lugar pequeno, não havia muita gente dentro mas o cheiro podia ser sentido do lado de fora.

Havia tudo ali, várias coisas que eu nunca havia provado. Cafés, chás, bolinhos, salgadinhos, croissant's. Fiquei olhando para a vitrina sem ter ideia do que pedir. Ser uma pessoa decidida nunca foi muito meu forte, ao contrário de Natasha que foi rápida em sua decisão.

– Um expresso duplo e um muffin de morango. – Estranhamente, olhando para todas aquelas delícias, parecia não haver nada mais Natasha Romanoff do que aquilo. – Quer que eu peça para você? Tenho um bom gosto, juro. Apenas me diga o que você não gosta. – Ela completa me olhando, devia ter percebido minha indecisão.

– Eu não gosto de laranja. Acho que só. – Lhe digo e, após um breve aceno, ela faz o pedido.

Enquanto caminhávamos até a mesa, lembrava do que Wanda me dissera. Tenho que conversar, deve ser estranho se um longo silêncio se instalar. Por isso, assim que sentamos, comecei a puxar assuntos aleatórios. A cada pergunta, a loira parecia mais surpresa. Eu estava ficando sem ideias e Natasha não coloborava muito nisso. Talvez, Wanda tivesse me dado os conselhos errados.

– É verdade. Não gosto muito de chocolate. – Natasha diz, e então nosso assunto morre mais uma vez. A loira apenas me encarava, sorrindo sem dizer uma palavra. Quando achei que tivesse dado tempo de mais decidi fazer outra pergunta mas fui interrompida. – Sabe, pequena Stark, você não precisa fazer perguntas o tempo todo, gosto de ficar em sua companhia mesmo que em silêncio. E pelo tempo que esteve aqui, já pude perceber que você não gosta de falar tanto, também.

Soltei um longo suspiro e passei as mãos no cabelo. Eu claramente era péssima nisso, podia ser boa em muitas coisas mas nisso não. Tomei um gole do meu latte, que inclusive estava maravilhoso e me calei.

– Tem algo que eu gostaria de fazer, muito mais do que quero conversar. – Natasha quebra nosso pequeno silêncio pela primeira vez.

A olho com curiosidade e apenas me dou conta do que se tratava quando a mesma está a poucos centímetros do meu rosto. Arregalo os olhos e a empurro.

– Uau, se não quisesse era só me dizer. – Ela acaricia seus ombros.

– Não... Não é isso. Desculpa. É que... Eu adoraria beijar você mas... Você sabe quantas bactérias uma coisa assim tem? – Pergunto pensando naqueles estudos que li a dez anos e quatro meses atrás.

A Romanoff ri. Ela ri. Como pode rir de uma coisa tão séria. Se ela tivesse lido os estudos... Sinto suas mãos em meu rosto me puxando para si. Sinto um embrulhar no meu estômago e penso novamente naqueles estudos, mas quando os sinto os lábios macios de Natasha contra os meus percebi que queria assumir aquele risco. Ela se afasta após um tempo me deixando estupefata, sem saber o que fazer.

– E então? Os estudos? – Ela diz sorrindo.

Tento abrir a boca para falar algo mas apenas consigo rir. Queria dizer que o beijo dela vale a pena mas antes que pudesse nossos telefones tocaram. A mesma mensagem que significava que alguma coisa ruim havia acontecido.

– Precisamos ir. – Romanoff diz, levantando-se e deixando ali o lanche não terminado.

Notas Finais: Pequeno, eu sei, mas quero apenas lhes preparar para as tretas que virão.
(Não revisado, ainda)

O legado de Stark (Wantasha+S/N)Onde histórias criam vida. Descubra agora