i won't save you.

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Quando começou a fazer pesquisas, conversar com pessoas que entendiam do assunto, mesmo que apenas um pouco, Tzuyu nunca imaginou o quão difícil seria salvar Jihyo de um destino tão horrível.

Na cabeça da taiwanesa, ela preferia mil vezes que a Park voltasse no tempo e ajeitasse tudo, mas da forma que era antes, onde ela morria um ano depois de ficarem juntas. No entanto, sabia que só o fato de saber sobre o passado delas já traria consequências. Sentia-se constantemente observada, mesmo nunca vendo nada e nem ninguém suspeito tão próximo de si e de sua família.

Tingyan, sua esposa, ousou chamá-la de obcecada e ameaçar tirar as gêmeas dela. Ela tinha razão nisso, porque a Chou parecia não se importar com mais nada nos últimos cinco anos. Cinco anos tentando incessantemente trazer sua amada de volta, sem que ninguém desconfiasse de nada.

Perto de completar sete anos desde o último encontro em pessoa com Jihyo, Tzuyu ainda sonhava com ela e tentava contar suas ideias, mas nenhuma fazia sentido. Porém, essas visitas da coreana, davam-lhe a chance de perguntar coisas essenciais para os planos futuros. A maior fazia tantas perguntas que até mesmo perdia-se nas respostas, embora assim que acordasse lembrasse de tudo.

Trancada na garagem há cerca de seis horas e meia, a Chou ainda não havia dormido, sua mente parecia não querer descansar, estava a mil por hora. Seu novo plano tinha muitas falhas, então naquele instante, tentava consertá-las, e parecia estar dando certo.

Tão concentrada em seu trabalho árduo de salvar uma pessoa que um dia foi sua, mal escutava os barulhos que vinham de fora, como a voz de sua mulher, as crianças brincando, os animais latindo e miando, e até mesmo, seu coração batendo. Apesar disso, não conseguiu evitar de escutar aquela voz de novo.

A garota levantou de forma extremamente rápida da cadeira onde estava sentada, causando certa tontura. De pé, ao lado do botão que abria a garagem, apertou ele o mais rápido que pôde, dando de cara com um mundo totalmente diferente de quando entrou ali.

A primavera havia virado o inverno mais gélido dos últimos séculos, ela achou que iria congelar se saísse pelo portão adentrando a neve espessa, entretanto viu várias coisas que a fizeram sair correndo dali. Uma delas era o fato de que aquele lugar não era sua casa, talvez nem uma casa aquilo fosse, parecia o inferno, se na teoria ele não fosse quente e cheio de fogo.

Tzuyu ouvia a voz cada vez mais perto conforme mergulhava o corpo na neve, tentando alcançar algo inalcançável, isso porque Jihyo parecia ter a mesma voz que todas as outras pessoas ali tinham, a mulher parecia escutar muito mais que alguém chamando por si, era como se várias pessoas sussurrassem coisas em seus ouvidos.

Desistiu. Permaneceu no meio da caminho, chorando e implorando para que a coreana viesse ao seu encontro, por mais que tentasse, não era seu destino resgatar ela e sim o contrário.

Seu corpo parecia cada vez mais pesado e mal conseguia deixar os olhos abertos, a última coisa que viu foi a coreana correr até si. Depois de vê-la, seus olhos não abriram mais, porém ainda conseguia ouvir os gritos de puro terror que Jihyo soltava.

Meses mais tarde, Tzuyu conseguiu voltar a abrir os olhos, apenas para descobrir que estava acordando de um coma, causando por uma quase morte de hipotermia, em plena primavera. Vários familiares seus marcavam presença no quarto de hospital onde ela permanecera por meses, no entanto não foi para eles que ela olhou, mas sim para uma figura de cabelos castanhos que sorria em um canto do cômodo. Era a Consequência.

A mulher esperou todos saírem e então aproximou-se da taiwanesa, com um sorriso largo no rosto. Ela sentou na cama e suspirou, parecendo que procurava forças, ou até vontade, para poder começar a falar.

— Tomei uma decisão. Vou dar mais uma chance para vocês duas tentarem. Mas, não aqui, vocês vão ter uma nova chance em um lugar onde não existe esse negócio de soulmate, o lugar de onde eu vim. — O sorriso cresceu. — Vocês vão para o mundo real, vão sair desse universo estranho que a Chungha fez.

Tzuyu estremeceu e continuou ouvindo atentamente, antes de magicamente pegar no sono e acordar em um lugar totalmente estranho, sem memória alguma. Ela era um bebê e estava nascendo.

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obrigada por ler até aqui. 💖 eu juro que isso vai fazer sentido.

save you • jitzuOnde histórias criam vida. Descubra agora