19 - Confissões II

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Se eu dissesse que não estava ansiosa para ir ao Le Café depois de tanto tempo, estaria mentindo descaradamente

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Se eu dissesse que não estava ansiosa para ir ao Le Café depois de tanto tempo, estaria mentindo descaradamente.

O lugar já foi palco de várias aventuras entre eu e Benjamin, e ao entrar e sentir o maravilhoso cheiro de café recém moído juntamente com o burburinho provocado pela considerável quantidade de pessoas aqui dentro, fico ainda mais nostálgica.

Perdi a conta de quantas vezes eu e ele viemos aqui para tomar um capuccino e comer bolo até nos empanturrar...

O som das nossas risadas incansáveis preenche meus tímpanos me transportando para o passado, até a última vez que viemos aqui.

Quem diria que as coisas ficariam tão... complicadas.

Sequer preciso olhar ao redor para observar as paredes pintadas de preto e decoradas com palavras escritas em dourado, ou as mesas de madeira com grãos de café presos debaixo de pranchas de vidro. Tudo está intacto na minha memória.

Como senti saudades desse lugar.

Reviso meu celular para ver se ele já chegou e conforme vou caminhando, sinto como se estivesse sendo observada, então levanto minha vista e dou de cara com Benjamin me encarando com uma expressão estranha no rosto.

Seu olhar percorre todo o meu corpo e rezo para que minhas bochechas não fiquem vermelhas com toda essa atenção desmedida.

— Me esperou por muito tempo? -Sussurro me sentando na cadeira à sua frente.

— Na verdade, quase nada. -Sei muito bem que ele está mentindo. Ele sabe que eu odeio me atrasar e fazer as pessoas esperarem por mim, de modo que provavelmente não quer que fique chateada com isso.

— Ótimo. Podemos começar então? -Retiro meu caderno da bolsa, me preparando para anotar o que quer que ele diga.

Seus olhos ainda estão sobre mim e tento não encará-lo e acabar encontrando algo nas suas íris castanhas. Conheço-o a tanto tempo, que sei identificar cada expressão sua e o que antes era algo divertido, agora é quase uma tortura.

Por exemplo, apenas olhar para ele quando cheguei foi o suficiente para compreender que o garoto não está bem e sinto uma vontade imensa de perguntar o que está acontecendo, no entanto, não direi nada. Benjamin perdeu a chance de se abrir comigo, então no momento estou pouco me lixando para o que quer que esteja lhe afligindo.

Por sorte, o garçom aparece minutos depois e fazemos o nosso pedido.

Como sempre, escolho uma porção de bolo de nozes e Benjamin decide pelo mesmo que eu.

Nesse instante, não consigo parar de olhá-lo. Imagens de nós dois vindo aqui, conversando sobre tudo e todos e nos divertindo se unem com as do nosso beijo no outro dia, em um redemoinho tentadoramente perigoso e sem perceber, passo a língua nos lábios sentindo-os secos repentinamente.

Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora