— Então quer dizer que agora você está morando sozinha? -Brenda lambe os dedos para limpar os vestígios do que um dia foi um hambúrguer suculento.— Sim. Ontem eu até que consegui dormir bem, mesmo morrendo de medo de ter algum pesadelo. -Confesso baixinho e recebo um olhar compreensivo.
Acabamos virando amigas tão rápido que quando menos percebi, estava contando tudo sobre minha vida patética para a loira estonteante.
— Isso significa que vamos poder fazer festas do pijama! Você pode convidar certo ex amigo, já sabe, para colocar o papo em dia...
Uma gargalhada sarcástica escapa pela minha garganta e acaba atraindo a atenção de alguns colegas ao nosso redor.
O horário de almoço nessa universidade é como um momento sagrado, ninguém conversa, não sorriem, não descansam, nada. Todos se dedicam a enfiar porções de comida goela abaixo com pressa para não correrem o risco de acabarem ficando com fome durante o resto das aulas. Principalmente os que cursam qualquer coisa relacionada com a área da saúde.
— Se quiser conhecer o apartamento, é bem vinda, mas de uma coisa você pode ter certeza: Benjamin jamais pisará na minha casa. -Declaro convicta e acabo ganhando uma risadinha como resposta.
— Vamos ver se vai continuar pensando assim, amiga. Vocês dois tem uma história, um passado e embora não queira admitir, sei que sente algo pelo gato de olhos puxadinhos. -Arrasta a pálpebra com os dedos sorrindo e fica séria depois de perceber que não estou gostando nada do rumo dessa conversa.
— Primeiro de tudo: não faça mais isso com os dedos, e segundo: quer parar de falar sobre o idiota? -Me aproximo da lixeira para jogar fora o que sobrou do meu almoço.
— Okay, você é quem manda, Foxy. -Brinca e nego com a cabeça.
Pelo visto sou mestre em atrair pessoas estranhas para a minha vida.
Voltamos para o bloco onde passaremos nossa próxima aula e procuro um lugar debaixo de uma sombra para esperar que os minutos passem sem virar um camarão debaixo do sol escaldante.Fecho os olhos e respiro o ar morno da temporada lembrando de como adorava ficar sentada na beira do rio que descobrimos com Benjamin, aproveitando os dias de verão enquanto as aulas não voltavam.
A brisa suave percorre todo o ambiente e beija meus cabelos soltos, levando-os consigo em um movimento tão leve que apenas sinto-os se mexendo.
O inverno chegará em poucas semanas e não poderemos mais curtir um ar fresco sem correr o risco de ser congelados.
Meu celular apita indicando que nossa aula está prestes a começar e me levanto preguiçosa cogitando quais seriam as consequências se eu resolvesse ir embora. Estou super cansada depois de toda a mudança e pelo fato de que meu sono não foi nem um pouco prazeroso.
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Perigosa Atração
Novela JuvenilAlgumas pessoas dizem que o tempo é subjetivo, e confesso que estou completamente de acordo. Para muitos, três segundos passam como um borrão nas suas vidas, um intervalo de tempo tão curto que é quase imperceptível. No entanto, o que não percebem...