06 - Prazer, estranho

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— Então quer dizer que agora você está morando sozinha? -Brenda lambe os dedos para limpar os vestígios do que um dia foi um hambúrguer suculento

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Então quer dizer que agora você está morando sozinha? -Brenda lambe os dedos para limpar os vestígios do que um dia foi um hambúrguer suculento.

— Sim. Ontem eu até que consegui dormir bem, mesmo morrendo de medo de ter algum pesadelo. -Confesso baixinho e recebo um olhar compreensivo.

Acabamos virando amigas tão rápido que quando menos percebi, estava contando tudo sobre minha vida patética para a loira estonteante.

— Isso significa que vamos poder fazer festas do pijama! Você pode convidar certo ex amigo, já sabe, para colocar o papo em dia...

Uma gargalhada sarcástica escapa pela minha garganta e acaba atraindo a atenção de alguns colegas ao nosso redor.

O horário de almoço nessa universidade é como um momento sagrado, ninguém conversa, não sorriem, não descansam, nada. Todos se dedicam a enfiar porções de comida goela abaixo com pressa para não correrem o risco de acabarem ficando com fome durante o resto das aulas. Principalmente os que cursam qualquer coisa relacionada com a área da saúde.

— Se quiser conhecer o apartamento, é bem vinda, mas de uma coisa você pode ter certeza: Benjamin jamais pisará na minha casa. -Declaro convicta e acabo ganhando uma risadinha como resposta.

— Vamos ver se vai continuar pensando assim, amiga. Vocês dois tem uma história, um passado e embora não queira admitir, sei que sente algo pelo gato de olhos puxadinhos. -Arrasta a pálpebra com os dedos sorrindo e fica séria depois de perceber que não estou gostando nada do rumo dessa conversa.

— Primeiro de tudo: não faça mais isso com os dedos, e segundo: quer parar de falar sobre o idiota? -Me aproximo da lixeira para jogar fora o que sobrou do meu almoço.

— Okay, você é quem manda, Foxy. -Brinca e nego com a cabeça.

Pelo visto sou mestre em atrair pessoas estranhas para a minha vida.
Voltamos para o bloco onde passaremos nossa próxima aula e procuro um lugar debaixo de uma sombra para esperar que os minutos passem sem virar um camarão debaixo do sol escaldante.

Fecho os olhos e respiro o ar morno da temporada lembrando de como adorava ficar sentada na beira do rio que descobrimos com Benjamin, aproveitando os dias de verão enquanto as aulas não voltavam.

A brisa suave percorre todo o ambiente e beija meus cabelos soltos, levando-os consigo em um movimento tão leve que apenas sinto-os se mexendo.

O inverno chegará em poucas semanas e não poderemos mais curtir um ar fresco sem correr o risco de ser congelados.

Meu celular apita indicando que nossa aula está prestes a começar e me levanto preguiçosa cogitando quais seriam as consequências se eu resolvesse ir embora. Estou super cansada depois de toda a mudança e pelo fato de que meu sono não foi nem um pouco prazeroso.

Perigosa AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora