— Merda, merda, merda! Mil vezes merda! -Grito a plenos pulmões no segundo em que fico sozinha.
Por que ele fez isso comigo?
O que o levou a bagunçar tudo dentro da minha cabeça desse jeito?Eu estava indo tão bem no meu plano de odiá-lo e bastou apenas um beijo para que eu virasse uma enorme bola de gelatina sob suas mãos perigosamente quentes.
Maldito Benjamin Saito!
E o pior de tudo é que sequer posso culpá-lo inteiramente, pois eu correspondi. A maior vergonha foi admitir que não tive forças para impedir que ele continuasse, empurrar seu corpo para longe e mandá-lo sumir da minha vida outra vez.Agora preciso juntar minhas coisas e ir para casa com um enorme sorriso no rosto como se nada tivesse acontecido, e para ser sincera, não sei se vou conseguir realizar essa façanha.
Tudo o que me vem à mente é como seus lábios são macios e como eu gostei de tê-los sobre a minha pele.
Durante todos esses anos, jamais me passou pela cabeça que o garoto pudesse ter algum tipo de sentimento além da amizade e confesso que algo dentro de mim se acendeu ao escutá-lo dizer que sou linda.
— Não seja burra, garota! -Murmuro enquanto guardo meus pertences na pequena mochila. — Ele só estava te provocando, é isso. -Resmungo sem parar.
Lembro dos seus olhos castanhos e de como eles se incendiaram ao me ver quase pelada. O fogo nas suas pupilas dilatadas era muito real, por mais que eu não queira aceitar.
A intensidade com que ele me atraiu para si foi tanta que por alguns minutos eu esqueci até de onde estava.
— Droga! -Atiro uma almofada até a porta de vidro que dá acesso à pequena sacada. — Eu sabia que não deveria ter confiado nele. Eu sabia.
Decido tentar parar de pensar no bendito beijo e corro para casa com a cabeça a mil apesar dos meus esforços.
O caminho é extremamente longo e demoro quase meia hora para chegar, graças ao trânsito caótico do final de semana.
Alunos que assim como eu, voltam para seus lares, famílias aproveitando a folga para passear e algumas caravanas vindas de fora para conhecer a cidade e todas as suas atrações.
Ao chegar na frente do edifício, observo o ambiente ao redor depois de estacionar e sorrio ao ver várias crianças brincando no parquinho. Sem querer, minha mente viaja para o passado, onde eu e Benjamin passávamos praticamente o dia inteiro no mesmo balanço, escorregando no mesmo escorregador e nos escondendo atrás das enormes árvores.
— Chega de pensar nesse idiota, Violet! -Grunho ficando séria no mesmo instante. Algumas pessoas me lançam olhares estranhos e me apresso a entrar. — Olhe só para mim, falando sozinha. Desse jeito vou acabar ficando maluca. -Suspiro contemplando as portas do elevador se fechando lentamente.
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Perigosa Atração
Ficção AdolescenteAlgumas pessoas dizem que o tempo é subjetivo, e confesso que estou completamente de acordo. Para muitos, três segundos passam como um borrão nas suas vidas, um intervalo de tempo tão curto que é quase imperceptível. No entanto, o que não percebem...