Capítulo 01 - Sem teto

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As vezes a vida toma rumos que não conseguimos lidar. Basta um leve sopro e tudo se desaba diante de seus olhos. Agora eu não entendo como tudo desandou de forma tão drástica para mim.

Você, caro leitor, deve estar se perguntando: o que aconteceu com a pobre mulher, né?

Vou lhe contar um pequeno resumo sobre decisões erradas que tomei em minha vida e em como elas me levaram para o momento de agora.

Começamos com a minha drástica saída de casa para entrar na faculdade, o que me fez comprar uma briga enorme com a minha família. Minha mãe achava que eu não conseguiria concluir a faculdade sozinha e que não deveria ir para uma outra cidade para estudar, enquanto que meu pai ficou ranzinza com a ideia de ver sua única filha deixando o conforto de seu abraço.

Assim cheguei na capital com o intuito de iniciar meus estudos e viver minha independência.

Inicialmente achei um emprego como secretária e comecei a dividir um apartamento com minha melhor amiga, Joalin.

Até ai está tudo bem. Meu erro foi ter começado a namorar um idiota da faculdade, Bailey. Mas não me culpem, ele é o típico galanteador e me levou fácil no papinho ridículo dele.

Ainda assim, o problema em si não foi apenas me relacionar com ele.

O problema foi que eu romantizei muito nossa relação e logo de cara me joguei de cabeça (quando eu falo de cabeça, foi bem de cabeça mesmo). Com um mês de namoro já estávamos morando juntos.

Os primeiros dias foram especiais e cheios de, do que eu pensava ser, amor. No entanto, conforme o tempo passava, o relacionamento se transformava. Meu namorado já não era aquele romântico e me tratava como uma empregada.

Eu chegava exausta todas as noites e corria para arrumar a casa antes de ir para faculdade.

Com o tempo, percebi que na verdade nunca nutri sentimentos amorosos por Bailey e conforme eu amadurecia notava a furada em que eu tinha me metido, mas estava ali firme na decisão que eu havia tomado, tentando segurar as pontas de todas as formas possíveis.

Aturei suas chegadas em casa pela madrugada com o fedor de álcool se impregnando por todos os cômodos. Fingi não ver as mensagens de outras mulheres que caiam em seu celular. Quando ele começava a gritar, eu pedia desculpa e corria para o quarto, com o pretexto que iria dormir.

Nosso namoro durou até o final da nossa faculdade e um pouco mais. Porém, ontem, quando cheguei em casa depois de um fatídico dia de trabalho, minhas roupas estavam todas organizadas em várias malas e ele dizia que eu devia ir embora de seu apartamento o quanto antes.

Olhei para as malas aos meus pés, mas antes que eu pudesse pensar de forma coerente dei uma bofetada na cara de Bailey e sai arrastando as malas porta a fora.

Quando o portão se fechou nas minhas costas foi que me deparei com a situação que eu estava.

Para onde eu iria?

Me ajoelhei no chão e as lágrimas finalmente tomaram meu rosto.
Mas eu não chorava de desespero ou tristeza, meu choro era de liberdade, como se finalmente me livrasse de um peso enorme que me incomodava.

Eu estava finalmente livre daquela prisão psicológica que eu tinha me submetido e sorri, ao saborear aquele gostinho de liberdade.

Peguei meu telefone e liguei para a única pessoa que consegui pensar.

-Oi minha amiga, o que aquele idiota fez dessa vez? - ela perguntou irritada.

Não a culpo, sempre que ligava para ela anoite era para lhe contar alguma das presepadas que Bailey havia feito. Pobre Joalin, passava horas me ouvindo chorar pelo telefone.

𝐎 𝐈𝐑𝐑𝐈𝐓𝐀𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐎 𝐐𝐔𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐀𝐍𝐃𝐀𝐑 ❱ ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora