-Mas que porra foi aquela - finalmente consegui dizer a frase que eu havia engolido.
Ele deu de ombros atrás do volante.
-Ideia da Joalin, eu disse - ele se justificou.
Dei um soco em seu ombro, mas pareceu não surtir efeito sobre aqueles músculos definidos.
-Ai? - ele fingiu sentir dor.
Bufei, derrotada.
-Espero que pelo menos a parte da lasanha seja verdade - eu disse descontente.
-Você esta louca? No máximo um arroz com ovo para você - ele disse.
Outro soco em seu ombro e esse, com certeza, doeu mais em mim do que nele. No entanto, tentei não transparecer a dor, para que ele não me zoasse ainda mais.
-Vocês terminaram por causa dela? - ele perguntou sério, com os olhos vidrados no trânsito.
Eu ri sem humor, ultimamente aquele tipo de risada estava sendo muito comum.
-Talvez sim, talvez não. Não sei exatamente o motivo do fim do relacionamento ou quando que o relacionamento começou a dar errado - falei.
Ele me olhou, seu olhar carrega compaixão.
-Você amava ele? - vi seus olhos curiosos, cheios de questionamentos.
-Antes eu achava que sim, hoje não sei se um dia eu o amei - falei entre suspiros. - Eu não sei mais o que é amar alguém, você sabe?
Minha pergunta tinha sido retórica, mas ele pareceu pensativo, até por fim dizer:
-Acho que é quando você vê alguém e seu mundo fica completamente diferente. É como se aquela pessoa mexesse com todas as partes de você com apenas um olhar - ele me olhava intensamente. - Eu acho que é quando um sorriso dela já é suficiente para você conseguir respirar por todo o resto do dia e não vê-la é o pior dos desafios.
Ele parecia entender bem do assunto, como se...
-Você já amou alguém? - perguntei.
Ele tinha voltado sua atenção para o transito, mas rapidamente me direcionou um olhar enigmático.
-Já - ele disse apenas.
-E o que aconteceu? - perguntei, curiosa.
Ele encarava o carro a nossa frente, pensativo.
-Posso dizer que eu nunca fiz o tipo dela - ele riu, tentando parecer relaxado, mas era evidente que estava tenso.
Eu ri também, dessa vez com humor.
-Você é o tipo de todas - eu disse, ainda rindo. - Acho difícil acreditar nessa sua desculpa.
-E o que você acha que aconteceu? - ele perguntou.
-Acho que você foi um bundão - eu disse.
Ele me olhou curioso.
-Por que acha que eu fui um bundão? - ele disse, tentando não rir.
Me ajeitei no banco, virando meu corpo em sua direção.
-Pela forma como descreveu, você nutre sentimentos genuínos por ela - eu comecei. - Mas não acredito que tenha falado sobre isso para ela. Apenas deduziu que não fazia seu tipo, mas se investir nela, talvez tenha bons resultados.
Ele me encarou, em seus olhos um brilho intenso.
-Você acha que ela aceitaria ter alguma coisa comigo? - ele perguntou desafiador.
Revirei os olhos. Era impossível ter uma conversa séria com aquele homem.
-Retiro o que eu disse, eu no lugar dela te daria um pé na bunda - eu disse brincando.
Ele pareceu triste com a fala e ficou quieto depois da provocação. Talvez eu tenha pegado pesado dessa vez...
-Mas se quer minha opinião sincera, deveria demonstrar seus sentimentos para ela - eu disse. - Ou outro mostrará antes de você.
-E se ela não quiser nada comigo? - ele perguntou, sério.
Dei de ombros.
-Pelo menos você tentou e vai saber disso - falei encarando o céu. - É melhor do que viver com a dúvida se daria certo ou não.
Ele suspirou.
-Eu tenho medo - ele falou.
Direcionei meu olhar para ele.
Vê-lo daquela forma o tornava atraente. Era difícil ter um dialogo decente com Josh, mas vendo ele descrever seus sentimentos eu invejei a garota por quem ele era apaixonado. Eu gostaria que alguém me amasse com aquela intensidade.
-Não tenha - eu disse.
Ele se virou para mim e nossos olhos se encararam por alguns segundos, até ele desviar.
-Nossa relação vai mudar muito se eu começar a investir - ele disse.
-São consequências - eu disse.
-Mas as vezes tê-la por perto como amiga é melhor do que ter ela longe me detestando - ele falou.
Analisei a situação por alguns instantes.
-Se tem tanto medo de ser direto, a conquiste - eu falei.
Ele deu uma risada, algo parecia bem engraçado para ele.
-Falei algo de errado? - perguntei.
-Só digamos que ela não é alguém que eu conquistaria facilmente - ele disse.
Suspirei.
Não era boa em conselhos amorosos. Sempre fui mais direta com meus sentimentos e em como vivia minha vida. Era estranho ver alguém escondendo seus sentimentos.
-Se fosse fácil não seria amor - eu disse, apenas.
Ele me encarou intensamente por um longo tempo.
-Vou pensar sobre o assunto - ele finalmente falou, quebrando aquele silêncio agoniante.
A expressão de Josh enquanto sustentava aquele olhar era divina.
Ele era um homem lindo, quando não estava sendo um idiota. Os cabelos loiros preguiçosamente caídos sobre o seu rosto, lhe davam um aspecto juvenil que contrastava com suas feições adultas e seu escultural corpo.
-As vezes o nosso mundo só precisa de um pouco de atitude - eu disse em resposta.
-Foi por isso que se casou com aquele idiota? - ele perguntou rispidamente.
A mudança de humor dele foi muito repentina e me pegou de surpresa. Mas a forma como ele falou me pegou de jeito. Aquilo me feriu de uma certa forma e ele notou isso, mas já era tarde demais.
-Me desculpa, não foi isso que eu quis dizer - ele falou, parecendo bem arrependido.
-Mas disse - eu falei, me virando para a janela e encarando a paisagem urbana.
-Não me leve a mal - ele continuou. - Acho legal que seja sempre intensa dessa forma, é o que mais invejo em você. Mas eu não consigo ser assim... tão... tão sincero.
Ele estacionou o carro, mas, antes que eu abrisse a porta e saísse, ele segurou meu pulso.
-Não se ofenda com o que eu disse, por favor - ele falou.
Dei de ombros e puxei meu braço. Entrei no prédio e fui na direção do quinto andar.
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🧡| Desculpa qualquer erro, capítulo não revisado!
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𝐎 𝐈𝐑𝐑𝐈𝐓𝐀𝐍𝐓𝐄 𝐃𝐎 𝐐𝐔𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐀𝐍𝐃𝐀𝐑 ❱ ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ
Fanficღ|| Quando tudo parece perdido na vida de Any, ela descobre que as coisas podem piorar ainda mais. Largada pelo ex sem explicações, ela é arremessada na sarjeta e passa a contar apenas com a ajuda de sua melhor amiga, Joalin. O que ela não contava...