Três Anos (Explícito)

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Acordei com a luz do sol queimando em minhas costas através da janela. O quarto do hotel não era nada confortável, mas era o suficiente. Passei semanas ali, talvez até mesmo alguns meses; não sei, eu não contava mais.

Para sobreviver, qualquer tipo de trabalho temporário estava bom, e agora o que me mantinha era o bar no térreo do mesmo hotel em que eu vivia. Dava para ter no mínimo um quarto e ainda liberavam bebida de graça, estava ótimo.

Eu não pensava muito nisso, mas passara pela minha cabeça algumas vezes que o alcoolismo já fazia parte de mim, além do vício no cigarro. Era o bastante para me manter ocupado e vivo.

Não menti quando disse à Louise que não era mais o mesmo; de fato não era. Eu não me reconhecia mais, não entendia minhas decisões nem meus motivos; sequer sabia o que me mantinha vivo.

Me aprontei e desci as escadas correndo; já estava atrasado para o serviço do dia.

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A noite era o meu período favorito; significava bebida de graça e o pagamento do dia. Alguns abonos eram bons ao ponto de ser o suficiente para quitar a diária do hotel e ainda ir até algum outro bar vinte e quatro horas. Esse dia fora um desses.

Antes de sair do trabalho, havia bebido alguns (vários) copos de bebida quente; já estava quase bêbado se assim pudesse definir.

Encarei minha imagem em um espelho atrás do balcão, esperando até alguma atendente aparecer, e não enxerguei mais do que um covarde. Era mentira que eu não entendia minhas decisões ou meus motivos, e na verdade, a bebida era a única que poderia trazê-la de volta para minha vida, ainda que fosse apenas em meras alucinações. No final, tudo ainda girava em torno dela; que desgraça.

Uma atendente mais nova que o comum se aproximou, serelepe, dando pulinhos de excitação ao me ver. Eu já havia comido aquela? Nem me lembro.

- Me vê duas, por favor – coloquei duas moedas em cima do balcão, estendendo meu olhar à atendente mais nova. Seus cabelos curtos lembravam-me as mechas macias do cabelo de Esther.

"Pessoas morrem. É assim que acontece", ela dissera. Eu deveria ter entendido seu recado.

Meus dias se estendiam a ponto de se transformarem em meses. Nada mais chamava minha atenção como antes. Nenhuma pessoa havia conseguido tirar-me do inferno que era viver dia após dia.

- Aqui, senhor Jean – a moça disse, inclinando-se para frente com os dois copos da bebida em suas mãos. Seu grande decote tomou evidência, e ali mesmo depositei mais uma moeda. Ela soltou um risinho e saiu balançando o quadril.

Nada mais era capaz de entreter-me, e nada poderia trazê-la de volta. Nada poderia juntar-me à ela, talvez nem mesmo a morte. Eu não possuía alternativas, se não prosseguir. Sobreviver.

Por que, meu amor? Por que? Por que não me prometeu ficar?

Virei os dois copos da bebida em minha garganta, e apenas esperei até que não lembrasse mais o caminho de casa.

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Acordei com uma dor de cabeça um pouco forte, talvez era a falta do cigarro. Tateei os lados da cama procurando pelas beiradas mas não as achei. Suspirei fundo. Assim que minhas mãos encontraram as costas nuas da atendente que me atendera mais cedo, entendi que eu não havia voltado para o hotel.

A moça se remexeu na cama, virando-se para o outro lado. Me levantei e tratei de acender uma vela qualquer, já que não havia amanhecido ainda.

- Senhor Jean? – a garota murmurou, enquanto eu acendia a vela em cima de sua cômoda.

- Não se preocupe, volte a dormir – respondi, balançando o fósforo em minha mão. Sequer lembrava o nome da garota com a qual passara a noite. Pior, não me lembrava de absolutamente nada.

- Não estava dormindo – ela respondeu, sentando-se na cama. Seus seios fartos e nus tomaram o campo de minha visão, deixando-me atônito. – Estava esperando-o acordar. Achei que fôssemos fazer como na semana passada, mas parece que o senhor estava muito cansado dessa vez.

Acenei com a cabeça, afirmando que estava realmente cansado.

Procurei o maço de cigarro dentro dos bolsos da minha calça que estava pendurada na cadeira. Tirei um só de dentro, e voltei o restante para os bolsos. Encostei a ponta do fumo na vela e esperei acender. Sentei-me na cadeira e traguei a primeira vez, revirando os olhos; estava precisando daquilo.

A garota se levantou da cama e se aproximou em passos lentos, calada, quieta. Fechei meus olhos e abaixei minha cueca, que era a única peça de roupa presente em meu corpo. Assim que traguei o cigarro novamente, senti os lábios quentes da menina em meu pau. Arfei, acariciando seus cabelos com cuidado enquanto sua boca fazia todo o trabalho sujo.

- Qual é seu nome? - questionei a mais nova, respirando fundo e tragando com vontade mais um pouco do cigarro.

Ela deu mais algumas voltas com sua língua pela minha ereção, mas logo liberou meu membro de sua boca. Levantou-se e se sentou em meu colo devagar, segurando meu pau com uma de suas mãos.

Afastei seus cabelos de seus ombros, e coloquei o cigarro em sua boca. A garota tragou um pouco da fumaça e deu uma leve tossida; aquele era forte para a menina.

Seus olhos se encontraram com os meus enquanto ela se encaixava em mim. Senti as paredes de sua intimidade se apertarem contra a minha ereção enquanto eu a penetrava; e ela gemeu baixo.

A menina se colocou toda em cima de mim, e eu pude jurar que senti o final de sua intimidade, de tão fundo que tinha ido.

- Me diga, meu bem. Qual o seu nome? - insisti, dizendo baixo e lambendo seu pescoço nu.

Sua boca se colou em meus ouvidos e ela disse seu nome.

Quis nunca ter estado ali, quis nunca ter estado em lugar nenhum na verdade. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu segurei suas costas com força, abraçando-a. Apoiei minha cabeça em seu ombro, e levei o cigarro até minha boca pela última vez, tragando o máximo que podia.

Voltei meus olhos de encontro aos da garota e espremi o fumo no cinzeiro da cômoda. A fumaça fez um rastro denso até o teto, deixando o cheiro circular pelo ar.

Segurei a cintura da garota com força e puxei-a contra mim, enfiando ainda mais fundo. Minhas mãos a conduziam sem cuidado algum sobre meu corpo duro e rígido. Ela gemia alto, enquanto em contrapartida, eu arfava baixo.

Me levantei segurando seu corpo, não saindo de dentro de seu aperto um segundo sequer. Deitei-a na cama e apoiei suas pernas sobre meus ombros. Fiz sinal de silêncio com o indicador, já que sabia que iria doer, e não era pouco.

Coloquei-me quase todo de fora do seu corpo, deixando apenas a ponta de meu pau dentro de sua intimidade quente. Antes que a garota pudesse contestar, enfiei o mais fundo que pude. Suas mãos foram até sua boca e ela abafou seu grito.

- Ah, porra! - gritei enquanto metia fundo na menina. Pouco me importei se ouviriam, pouco me importei se arrombariam a porta ou qualquer coisa do tipo. Eu precisava apenas me afundar em qualquer corpo.

Desci suas pernas de meus ombros, e depositei meu peso sobre ela. Estoquei o mais rápido que pude. Nossos corpos se batiam com força e tomavam conta do lugar através do som molhado do sexo. Nossos gemidos audíveis e até mesmo os inaudíveis, feitos de pensamentos de luxúria, criavam a aura de lascívia e puro afeto carnal dentro daquele quarto.

- Ah, Jean! - ela gritou, enquanto seu corpo tremia involuntariamente por inteiro. Seu ápice havia chegado, e o meu também estava ali.

Apressei o passo, até não aguentar mais. Me coloquei de fora do seu corpo e despejei meu líquido quente em sua barriga antes já molhada do meu suor.

Voltei o final de minha ereção para sua intimidade, tocando sua pele agora sensível. Depositei meu peso em cima de seu corpo, sujando minha barriga com meu próprio gozo.

Aproximei meus lábios de seu ouvido, e sentindo as lágrimas ainda rolarem meu rosto, arfei em baixo tom.

- Belo nome, Esther. Belo nome.

A garota soltou um risinho, e agradeceu.

Fluctuate (Parte II) - Jean KirsteinOnde histórias criam vida. Descubra agora