Um Ano, Onze Meses e Alguns Dias

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Nem mesmo em meus piores sonhos eu imaginaria o quanto as coisas poderiam ser estranhas nesse mundo de merda. De apenas alguns anos pra cá, tudo se tornou tão sombrio - e muito pior do que eu imaginava.

Mesmo assim, nunca pensei que encontraria um dos caras mais nojentos de toda a tropa, dentro de minha casa - e ainda por cima, fudendo minha prima. O cheiro que eles emanavam, era mais que evidente.

- Que porra é essa Louise? Você ficou louca? - Não consegui esconder o tom de nojo que saía de minhas palavras. Eren estava em minha casa, seminu.

Seminu. Isso não pode ser real.

- Além de surdo, é cego? Está interrompendo o meu sono e o de sua prima - Eren descruzou os braços e colocou suas mãos nos bolsos de sua calça.

Meus olhos se voltaram aos de Louise, questionando, tentando entender nem que fosse um pouco daquele grande circo.

- Eu não lhe devo explicações - ela resmungou, abraçando seu corpo e se encostando na porta. Estava com as bochechas vermelhas como pimentas.

- Você me deve sim! - apontei para Eren, indignado com toda aquela história. Antes de me colocar na frente de Louise, tive que olhar para o rapaz mais uma vez, para ter certeza de que aquilo não era mais uma invenção de minha cabeça.

Não era. Ele ainda estava lá.

- Você se enrola com esse homem nos lençóis dentro de minha casa, e não me deve explicações? - bati as mãos espalmadas na mesa de jantar, encostada na pequena janela de casa. Pela força, ela poderia ter quebrado.

- Onde está minha mãe? Para onde a mandou?

A expressão de Louise se tornou triste. Comecei a me apavorar.

- Onde está, minha mãe? PORRA?

- Tivemos que mandá-la para um abrigo! - Louise gritou, enxugando algumas lágrimas que desciam de seu rosto. Lágrimas. O vômito parou em minha garganta.

Tivemos.

- Como assim tivemos? - questionei, sem diminuir meu tom de voz. Meu coração batia tão rápido, e com tanta raiva, que pularia de minha boca caso não estivesse muito bem grudado dentro do meu corpo.

- Eren... Eren tem me ajudado com isso. Não quisemos deixá-la sozinha em uma casa tão grande. Você não estava mais aqui - Louise disse, gesticulando as mãos sem parar.

- Você - retornei o olhar a Eren, que mantinha a expressão severa e emburrada. Não tinha movido um passo, desde que eu o havia visto. Poderia até dizer que seria sinal de respeito, caso ele não estivesse seminu no meio de minha casa. - Você está enfiando merdas na cabeça de minha irmã à quanto tempo? Seu filho da puta!

Meus pés avançaram até Eren, mas as pequenas mãos de Louise seguraram meus braços.

- Ele não tem nada a ver com isso, seu idiota. Ele só me ajudou, e só tem me ajudado até agora! Enquanto você não estava aqui, ele sempre cuidou de nós! - um choro que antes estava entalado na garganta da garota, agora ressoou por todo o quarto.

- Me solte, Louise. Me solte agora - ordenei, cerrando os dentes.

Eren olhou para Louise por cima de meus ombros, gesticulando com a cabeça para que ela soltasse. E foi o que a garota fez. Tola, tola!

- Não lhe devo explicações. Nem estou aqui para infernizá-lo. Mas, acho que pode saber que estive pedindo para sua prima buscá-lo naqueles bares nojentos desde então. O Capitão e outros da tropa pediam por sua volta. Não tive escolha. Por que acha que Louise voltou? - olhei para Louise. Ela enxugava algumas lágrimas com a ponta de sua camisola, enquanto seus cabelos vermelhos estavam completamente bagunçados acima de sua cabeça. O retrato do pós sexo. Quis vomitar de novo - nada daquilo fazia sentido algum.

Fluctuate (Parte II) - Jean KirsteinOnde histórias criam vida. Descubra agora