Capítulo 3 - A visita

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Meu irmão estava do lado da minha cama, balançando-me desesperadamente. Eu não conseguia descobrir se ele queria que eu acordasse ou se ele queria me fazer vomitar. Minha cabeça estava tonta, doendo, nunca fiquei assim. Nunca dormi tão mal na minha vida inteira. Aquela faca... coisa horríveis estavam começando a acontecer em minhas paralisias, nunca tive um pesadelo tão profundo. Nunca cheguei a conseguir encostar em um objeto, nunca cheguei a conseguir sentir ou falar, gritar, seja lá o que for enquanto eu estava paralisada em minha cama. As coisas estavam começando a piorar, eu só não sabia o porquê.

Então meu irmão conseguiu me acordar e dou graças a Deus por causa disso. Eu poderia ter morrido no meio do meu sonho, eu poderia ter morrido sem conseguir dizer nada, eu poderia ter morrido afogada em meu próprio sangue. E aquela faca? De onde ela veio? Quem estava falando comigo durante o meu sonho? A Mulher do Refeitório, talvez? Mas eu não a vi, o que me deixa mais confusa.

Minha cabeça continuava doendo.

— Billie, tudo bem? — perguntou meu irmão. Eu conseguia ver que ele estava na minha frente, mas eu estava tão tonta que minha visão estava totalmente embaçada. Conseguia sentir o meu suor escorrendo pela minha testa, mas não conseguir limpá-lo porque ele estava me segurando fortemente nos braços enquanto respirava da forma mais pesada que podia. Ele estava mais desesperado que eu.

— Mike? — consegui dizer, conseguindo colocar uma de minhas mãos trêmulas em seu rosto. — Por favor, me ajude, Mike... — Minha voz estava começando a falhar, minha cabeça parecia que iria explodir.

Ele parou durante um bom tempo, agora ele estava me encarando do queixo até o último fio de cabelo da minha cabeça. Ele parecia estar pensando em algo, raciocinando como nunca tinha raciocinado.

— Já chega! — disse, por fim. — Eu vou te levar para a clínica da Dra. Hahn para conversar com a mamãe.

— Não, por favor, Mike... não quero preocupá-la.

— Mas você anda me preocupando demais, Billie! Isso não pode continuar assim! Você tem que começar a tratar essas suas paralisias, tem que aprender a se controlar!

Eu não consigo! — gritei, mas na verdade minha voz apareceu sussurrando. Agora eu também a estava perdendo? —

Ele ficou calado, estava nítido em sua cara que ele não tinha nada a dizer. Ele engoliu em seco e depois soltou os meus braços. Ele se sentou em minha cama, cruzando os dedos das mãos e mantendo a sua cabeça baixa. Me inclinei e me apoiei na cabeceira da cama e deixei o meu travesseiro mais em pé para eu conseguir apoiar as minhas costas nele.

Ficamos um tempo sem dizer nada até que eu abri a boca.

— Eu só queria saber por que eles estão mais frequentes agora. E muito mais profundos.

A expressão no rosto dele não estava mais preocupada ou triste, passou para pensativa. Depois ele levantou a sua cabeça e me olhou.

— Seus pesadelos ficaram mais constantes desde quando a mamãe foi para a clínica?


— Sim — respondi, suspirando. Consegui finalmente limpar o suor de minha testa, depois olhei para as minhas mãos e ambas estavam molhadas de suor. Percebi também que eu consegui parar de tremer, que sensação maravilhosa.

Ele ficou calado novamente, depois bateu as mãos nas coxas e se levantou da minha cama.

— Para onde vai? — perguntei, dessa vez realmente interessada no que ele estava fazendo.

— Troque de roupa, vamos ver a mamãe.

Depois de alguns minutos com medo de fechar os olhos novamente, consegui dormir. Me tampei debaixo da coberta o máximo possível, para não conseguir ver nada. Deixei apenas um espaço para circular o ar ali dentro porque eu não quero morrer sufocada dentro de uma coberta.

Quando nós dormimosOnde histórias criam vida. Descubra agora