Capítulo 11°

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Eu deveria ligar para ele, mas não vou fazer isso.

Eu sei que fui muito escrota com Steve essa noite e se ele me odiar, está com razão. Não posso culpa-lo por uma coisa que eu mesma provoquei.

Estou deitada com Débora, ela pegou no sono enquanto eu ainda estava no banho. Agradeço aos deuses, por que sei que se estivesse acordada iria me esculachar.

Não é a primeira vez que isso acontece.

Não é a primeira pessoa, ou melhor dizendo, o primeiro homem que eu transo e desfaço dele depois, por assim dizer.

Sei que eles não tem culpa do que aconteceu comigo, mas eu não quero que aconteça de novo. Então antes que possa PENSAR em ter a possibilidade de uma relação, eu estrago tudo. Não por ser uma pessoa ruim, mas por medo de me machucar... De novo.

(...)

.

Eu tinha 15 anos quando comecei a namorar Paul Betani. Nós vivíamos colados um no outro e eu gostava disso.

Gostava de estar com ele e fazer coisas por ele, afinal, isso que é amor não é?

No início era mil maravilhas. Ele sempre me acompanhava do colégio até em casa e sempre que podia me presenteava com algo especial.

Eu era doida por ele e acreditava que ele também era por mim, e de fato era... Doido!

Tudo começou no final do primeiro ano, onde ja começava a mostrar indícios de uma pessoa tóxica e manipuladora.

Estávamos numa festa no colégio,era a fantasia. Tinha passado a semana fazendo nossa fantasia em conjunto de padrinhos mágicos, estava muito ansiosa para prova-las com ele.

Na noite da festa vários amigos começaram a nós rodear e nos cumprimentar. Fazíamos isso como pessoas normais fariam, nada de mais. Ao final da festa ele ficou estranho, não queria ficar perto de mim e me olhava com raiva.

Perguntei o que havia acontecido e ele respondeu gritando andando de um lado para o outro.

-Essa é a intimidade que você dá para os seus amigos?

Eu não tinha entendido e agarrei sua mão, que balançou em seguida me fazendo soltar.

-Você deixa te beijarem, te abraçarem e tocarem, nem parece que namora!- e completou parando e apontando o dedo na minha cara. -É uma dada, mulher fácil, parece até que não me ama!

Aquilo me quebrou por que eu sabia que era mentira. Eu o amava com todas as forças e precisava mostrar pra ele que meu amor por ele era real.

Acho que foi quando ele percebeu que podia fazer o que quiser comigo.

Ele começou a criticar minhas roupas e maquiagem, dizia que eu andava como uma puta e que não iriam me respeitar se andasse desse jeito.

"Tudo para o meu bem!"

Em dois anos eu não tinha mais amigos, não próximos. Eu não podia falar com eles, muito menos cumprimentar ou mandar mensagem e quando o fazia ele me xingava, dizia que meus amigos não prestavam e só queriam me comer e que eu, por ser uma "vadiazinha fácil" daria pra eles.

Ficava sem falar comigo por dias e isso era de mais para mim, era difícil de mais suportar sua falta e achava que eu estava realmente errada.

Eu já era necessitada dele, precisava dele, e ele sabia disso, ele fez isso, mas o pior foi que eu permiti.

Com o tempo suas críticas passaram para meu corpo. Ele me olhava e dizia que eu estava acima do peso, que não era saudável para o meu tamanho e que isso diminuía minha beleza.

𝑹𝒆𝒔𝒊𝒈𝒏𝒊𝒇𝒚𝒊𝒏𝒈 - 𝑨𝒏𝒏𝒂 𝑳𝒊𝒍𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora