Capítulo 57°

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Desço as escadas.

Estou com uma camisa branca, uma bermuda caramelo e o cabelo ainda molhado.

-Oi meu bem, dormiu bastante!- minha mãe vem até mim e me beija na bochecha.

Vejo Anna em pé perto da mesa me olhando tímida. Sorrio e desvio meu olhar.

-Vamos nos sentar.- minha mãe diz e nos sentamos.

-Cadê o Roger Goberman?- pergunto.

-Ai meu filho, seu pai saiu com alguns colegas de trabalho, disse que precisava resolver uns problemas. - minha mãe diz mexendo a salada.

-A senhora costuma jantar sozinha?- pergunto, mas ela não responde, apenas continua sorrindo olhando para aquela droga de salada.

-Mãe?-a questiono sério e com o tom de voz um pouco mais alto.

-Steve?-Anna diz baixo.

-Vamos comer queridos, a comida vai esfriar.

Comemos mas o clima não estava tão bom quanto a comida. Termino e ajudo Anna e minha mãe a arrumar a mesa.

Depois que eu e meu irmão fomos para os EUA minha mãe dispensou metade dos empregados. Precisava se ocupar já que não teria mais companhia dentro daquela casa enorme.

Passamos um tempo na cozinha conversando enquanto ajudavamos minha mãe a lavar a louça.

Minha mãe contou várias histórias minha de quando criança, histórias realmente constrangedoras, mas ver as risadas que Anna dava a cada final foi maravilhoso.

Subo para meu quarto após algumas horas conversando.

Fecho a porta e vou me trocar para deitar, mas antes escuto alguém bater na porta e vou até ela para abrir.

-Anna...

Mal digo seu nome e ela me beija. Seus lábios parecem ter esperado horas por isso.

Suas mãos abraçam minha nuca e sinto ela se aproximar mais de mim, me empurrando para dentro do quarto de volta.

Ela para e me olha, mas seu olhar é triste e ao mesmo tempo contém desejo.

-O que foi?- pergunto segurando sua cintura.

-Eu não sei se devo, mas eu quero.- ela diz de cabeça baixa.

-Ei, não, não pensa assim.- A abraço pegando a no colo e levando para a cama.

A beijo apaixonado apertando ela pela cintura e a trazendo para mais perto de mim. Sua respiração está ofegante e intensa, mas seu olhar ainda está triste.

-Se não quiser, não fazemos nada. Apenas ficamos aqui, juntos.

Anna para por alguns instantes e se ajeita ao meu lado, ficando de frente para mim.

-Quer conversar?- pergunto mas ela balança a cabeça para não. -Tá bom, mas posso falar?- ela acente.

Respiro fundo e passo a mão em seu cabelo. Ela me olha atenta sem dizer nenhuma palavra.

-Conheço Rosa desde quando era criança, a mãe dela trabalhava para o meu pai e meu tio, irmão mais novo do meu pai. A mãe dela ficou doente quando ela tinha uns dezesseis anos, então meu pai prometeu que a ajudaria de alguma forma.

-Fazendo ela virar prostituta?- Anna diz e fico surpreso.

Dou uma leve risada mas paro.

-Não sei o que eles resolveram, só sei o que meu pai me contou.

-E você não achou estranho essa ser a forma dele ajudar?

-Não sei dizer...- Anna me olha com as sobrancelhas franzidas e eu dou risada.- Pelo que eu entendo da história, a mãe dela era do bordel do meu avô, que passou para o meu pai e meu tio, morreu aliás de uma doença que contraiu trabalhando lá. Acho que por isso deu a ela essa profissão, é de família!- rio de novo e ela segura seus lábios para não rir, revirando os olhos.

-Se Leon estivesse aqui, diria para você a respeitá-la.

-Não sei não, ele e ela nunca se deram bem, mas se respeitam... bom, pelo menos ele a respeita.

-Hum.- Anna murmura.

-Depois de um tempo com ela na boate, eu me aproximei dela... foi apenas de forma sexual, mas me aproximei. Acho que ela imaginou que seria algo mais além disso.

Anna encosta sua cabeça em meu peito e me acaricia com os dedos.

-Eu entendi.

-Entendeu o que?- pergunto.

-Vocês ficavam sem compromisso... eu sei disso.

-Então por que está tão chateada comigo?- pergunto e ela levanta a cabeça para me encarar.

-Por que eu senti ciúmes.

Fico em silêncio por alguns segundos que mais parecem horas. Ela morde seus lábios e respira fundo antes de continuar a falar.

-Eu não sei o que me deu, eu só não tive reação... e pensar que você vai ser pai me deixa frustrada, principalmente pelo que vi daquela mulher, como será nossa convivência com ela e com a criança se estivermos juntos?- ela diz rápido e pensativa. Me levanto e seguro em seu rosto.

- Você está preocupada com isso? Nossa convivência com Rosa?- pergunto calmo.

-Sim, você precisa ter momentos bons com seu filho para ele ter memórias boas suas, se ela não gostar de nós dois juntos e te proibir de ver a criança, isso vai ser ruim... além de sentir um pouco de ciúmes...

A beijo no mesmo instante.

-Você é a pessoa mais doida, inesperada, doce e perfeita que já conheci!- digo e ela sorri confusa. -Não pensa nisso, vai dar tudo certo... e prometo que se o filho realmente for meu, eu vou cuidar muito bem dele e dar momentos incríveis pra ele guardar na memória. - digo e ela sorri me abraçando.

Eu não mereço essa mulher.

-Vamos dormir?- ela me pergunta com a voz mansa.

-Vamos!

Nos deitamos novamente e ela coloca sua cabeça em meu peito. Fico fazendo carinho nela até que ela pegue no sono.

Foi muito bom conversar com Anna, principalmente saber sua real preocupação em relação a gravidez de Rosa.

Durmo sem nem perceber ao lado da pessoa mais incrível que já conheci, naquela minúscula cama de viúvo.

𝐀𝐧𝐧𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐬𝐚𝐭𝐚, 𝐀𝐧𝐧𝐚 𝐦𝐚𝐫𝐚𝐯𝐢𝐥𝐡𝐚, 𝐀𝐧𝐧𝐚 𝐩𝐞𝐫𝐟𝐞𝐢𝐭𝐚.

𝐒𝐢𝐠𝐚𝐦 𝐚 𝐩𝐚𝐠𝐢𝐧𝐚 𝐧𝐨 𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚𝐠𝐫𝐚𝐦, 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞𝐦 𝐞 𝐯𝐨𝐭𝐞𝐦𝐦𝐦 🤧♥️♥️♥️

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𝑹𝒆𝒔𝒊𝒈𝒏𝒊𝒇𝒚𝒊𝒏𝒈 - 𝑨𝒏𝒏𝒂 𝑳𝒊𝒍𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora