Capítulo 33°

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Chegamos no centro de Nova York, as ruas estão lotadas como sempre. Talvez eu sinta um pouco de saudade da calmaria de cidade pequena, mas não tanto para voltar para lá.

Saímos do carro e Karen aperta a chave para o trancar.

-Vamos nessa primeiro?- Karen pergunta e eu aceno com a cabeça.

Entramos e Karen me fez provar a loja inteira, pena que nada ficou bom em mim. Fomos para a próxima.

Gosto de provar roupas, mas por diversão,mas quando tenho na minha cabeça que preciso comprar algo para vestir para sair eu não consigo ficar satisfeita com nada.

Sei que parte disso é pela minha insegurança com meu corpo, e sei que nem tudo vai ficar legal em mim e isso me chateia as vezes.

Queria ter o corpo daquelas modelos de biquíni sensuais que qualquer coisa que colocam fica sexy, mas ao invés disso cá estou eu com meu bujãozinho portátil.

Nada nessa loja também, vamos a outra, e outra, e mais outra. Começo a ficar chateada e não aguento mais, me sinto feia em todo vestido que provo.

-Quero ir embora!- digo e Karen inspira fundo.

-Amiga, mas nem provamos o restante dos vestidos que escolheu.

-Por que eu já sei que não vou gostar, nenhum fica bom em mim. Acho até que não vou mais à essa festa.

-Hm. - Karen resmunga colocando a mão no queixo e aparenta estar pensativa.

-O que foi?- pergunto.

-Nada, quer ir para casa então?- ela me pergunta e só me resta aceitar o convite. Levanto meio triste e seguimos até o carro.

-O que você não gostou?- Karen pergunta. Já estamos a caminho do meu apartamento.

-De tudo!- digo cruzando os braços.

-"De tudo" qual parte?

-De não gostar de como os vestidos ficavam em mim, da maioria não servir ou ficar apertado, do meu corpo ser feio e cheio de dobrinhas e de eu ser gorda!- digo com raiva e ela estaciona o carro em frente ao meu apartamento. Vou para abrir a porta mas ela as tranca.

-O que foi?- pergunto e ela me olha séria.

-Primeiro ponto, é normal você vestir algo e não achar que ficou bom em você, mas isso não significa que nenhum irá ficar. Segundo, não culpe seu corpo, infelizmente algumas lojas ainda só atendem mulheres padrão e terceiro, você é linda, o seu corpo é lindo e suas dobrinhas... Amiga, eu queria ter essas dobrinhas! Eu não consigo engordar.

-Sorte a sua.- digo desviando o olhar.

-Não, você não sabe como é não conseguir engordar, assim como eu também não sei como é ser gorda.- ela diz me fazendo encara-la. -Mas uma coisa nós sabemos em comum que é como sentir que nada nos serve e tudo que colocamos fica ruim no nosso corpo.

-Sinto muito.- digo.

-Não sinta, hoje eu amo meu pedacinho de tábua.- ela diz me fazendo dar um pequeno sorriso. -Mas você também precisa amar o seu!

-Karen... amiga, podemos não falar disso? Eu entendo que você só quer ajudar e está certa, mas eu ainda estou triste de não ter achado nada para ir no sábado, pelo jeito eu não vou mesmo. - digo e ela acena com a cabeça.

Eu realmente estou chateada e continuar nesse assunto não seria legal para mim. Saímos do carro e subimos para meu apartamento.

-Você vai sábado?- pergunto para Karen. Estamos deitadas na minha cama, Karen está com as pernas em cima da minha e eu estou com a cabeça apoiada no seu ombro.

𝑹𝒆𝒔𝒊𝒈𝒏𝒊𝒇𝒚𝒊𝒏𝒈 - 𝑨𝒏𝒏𝒂 𝑳𝒊𝒍𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora