Epílogo

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Amélie completou cinco anos ontem. Ela é parecida com Harry, tem o cabelo cacheado em um tom de loiro escuro, os olhos verdes igual o de nós dois, mas o formato iguais aos meus, um pouco puxados para cima. Tem um sorriso tão doce e angelical que já sabia que quando quisesse alguma coisa, era só sorrir que Harry e eu daríamos a ela. É linda. Cresceu rápido demais.

Eu me recordo perfeitamente da sensação que senti quando a segurei pela primeira vez em meus braços. O sentimento de amor incondicional, eu já a amava tanto, sabia que poderia virar uma leoa por ela, sabia que se alguém fizesse algo para ela, eu seria a primeira a defendê-la. Amélie é uma criança incrível, é a melhor amiga de Justin, filho de Abby.

Muita coisa mudou de cinco anos para cá. É até um pouco estranho parar pra pensar em como tanta coisa pode mudar em tão pouco tempo. Nunca sabemos o que pode acontecer em nossas vidas.

Harry e eu mudamos de casa temporariamente e decidimos passar um tempo na Itália. Vai ser bom pra Amélie e também para nossos compromissos aqui, que felizmente não são poucos. Harry está na gravação do seu quarto filme desde 2020, está trabalhando muito com sua música, já estamos no terceiro álbum.

Amélie adora o ouvir cantar, sempre que Harry chega das gravações ou do estúdio, tira um tempo para ao menos cantar uma música para nossa pequena princesa.

Como agora.

— Papai, canta a da mamãe! — ela se referiu a cherry. Está sentada conosco no sofá e com uma xícara de chocolate quente nas mãos.

Sempre que Harry canta, ela me faz falar a parte final da música em Francês. Educamos ela com três línguas diferentes: Inglês, Francês e Italiano. A sua preferida é Italiano, e quando está com raiva começa a soltar palavras como: non mi lasci fare niente, mamma!

Faz até os dedinhos.

— Vai mamma, coucou! — ela diz animada.

Estamos em nossa sala, a lareira está acesa e está chovendo forte lá fora, estamos todos com roupas de frio e cobertas nas pernas. Harry aperta o nariz da nossa pequena com os dedos, antes de beijar docemente minha testa e começar a tocar. Amélie canta antes dele.

— Don't call him baby, we're not talking lately... — ela começa, acaba rindo um pouco quando ver a minha cara e a de Harry para ela. Ela só nos dá orgulho.

Amélie canta lindamente e já está nas aulas de piano, mas nos disse que gosta mesmo é de tocar ukulele. Compramos um para ela no mês passado e o seu professor só nos trás elogios. Ela gosta de música de verdade.

— Don't call him what you used to call me. — Harry continua.

Os dois cantaram a música toda, partes divididas e algumas juntos, eu era sortuda. E quando chegou minha vez, Amélie pulou animada no sofá.

— Canta mamãe, canta! — eu soltei uma risada. — Fala, mamãe!

— Coucou, tu dors? — eu falo, minha filha me olha com os olhos brilhando.

Harry toca enquanto olha para nós duas e sei que assim que terminar, vai dizer o que sempre nos fala quando estamos em família: Vocês são as mulheres da minha vida.

Eu segurei a mão da minha filha, o pequeno anel em seu dedo, um presente dos meus pais, tocou os meus dedos, e quando eu estava prestes e me curvar para beijar o seu rosto, ouvi uma voz a me chamar longe, ficando cada vez mais perto, um arrepio se passou por todo meu corpo, senti minhas pálpebras pesarem, a voz do meu esposo e da minha filha estavam longe agora.

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