Capítulo 8

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Magnus Bane estava lutando muito para não revirar os olhos. Em primeiro lugar, era óbvio que o menino Alexander era muito mais competente que o próprio pai para dirigir o Instituto Lightwood. Depois, toda aquela cerimônia e pomposidade eram ridículas. Eles não podiam simplesmente se sentar e conversar? Bane não sabia exatamente o porque estava colaborando tão facilmente com o Lightwood ao ficar calado e parado. Claro que tinha toda a questão da servidão, mas ele queria que Gideon se saísse bem e estava se esforçando para isso.

Durante esses três meses, Gideon tinha lhe treinado em lutas corporais e arco e flecha. De acordo com ele, essas habilidades seriam de grande valia em caso de confronto. Sol após sol, Magnus tinha visto facetas de Gideon que não imaginava ter. Ele era benevolente (com os da própria espécie, claro), justo e leal. Era um tanto cheio de pensamentos rígidos, mas ao mesmo tempo dividia a comida com Bane naturalmente e não se importou em ceder suas próprias roupas até que as encomendadas para ele chegassem. Ele era uma contradição ambulante e isso intrigava Bane.

Após o almoço, Robert e Maryse se trancaram na biblioteca com Gideon, para examinarem os livros de registros e a contabilidade e Bane se sentou em um banco de madeira no corredor, enquanto esperava eles terminarem. Refletiu sobre como sua vida mudara nesses três meses. Se alguém lhe dissesse que estaria sentado pacientemente esperando (e até ansiando) por Gideon Lightwood, ele teria rido sem escrúpulos. Mas ainda assim, aqui estava.

Sentia falta de sua liberdade, de ser um nômade devasso, se escondendo durante o dia e aproveitando os prazeres da vida durante a noite. Nunca tivera uma residência fixa desde que abandonara os Irmãos do Silêncio, mas quando fora capturado estava há dois meses morando num "confortável" casebre abandonado perto da divisa de Somerset e Gloucestershire.

A localização do casebre era perfeita para se refugiar. Ficava em um vale entre duas colinas, perto de um riacho pequeno de água cristalina. Raramente Bane ficava ali sozinho. Ele sempre fazia festas para os submundanos e no intervalo entre elas, Catarina e Ragnor lhe faziam companhia. Sorriu tristemente ao se lembrar do amigo. Esperava que ele estivesse bem. Ragnor tinha sido seu maior ponto de apoio durante muito tempo. Acrescente a isso o fato de que fodia muito bem. Amigos com esse tipo de benefícios eram os melhores.

Tirando os desagradáveis momentos em que precisava literalmente expulsar elfos e fadas bêbados, e separar brigas de vampiros e lobisomens (que não eram poucas), ele já estava pensando seriamente em se estabelecer no casebre. Estava se esforçando cada vez mais para que o lugar parecesse ao menos remotamente com um lar, quando recebeu o chamado de Catarina.

Racionalmente Magnus sabia que podia ser uma armadilha. Mas Cat estava desaparecida há algum tempo, sem dar nenhum tipo de notícia e ele se preocupava com ela. Ele ouvira boatos de que ela fora capturada e agora servia aos Wayland, mas eles eram extremamente discretos, e não havia como confirmar os boatos, porque se aproximar das vilas era muito arriscado.

Não avisou Ragnor sobre o chamado, ele o alertaria a não ir, e simplesmente confiou. Não devia ter feito isso. Sabia que não era culpa direta de Cat, mas ainda era muito movido por emoções, e se odiava por isso. Esse era seu erro. Devia aprender a ser mais crítico e frio.

Era algo que Gideon tinha lhe ensinado durante estes meses. Devia separar a emoção dos comportamentos. Analisar racionalmente a situação e imediatamente procurar a melhor saída. Não que ele não soubesse disso aos 92 anos de idade, mas usar esse conhecimento em uma luta, por exemplo, era algo novo. Nunca tinha precisado se preocupar com defesa corporal. Simplesmente invocava feitiços e encantos e não esperava para ver os estragos. Em tempos tão funestos, onde cada vez mais submundanos desapareciam sem explicações plausíveis, ele não podia se dar ao luxo de esperar para ver quem o atacava.

Servidão e Liberdade || Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora