Capítulo 18

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Maybe I'm foolish
Maybe I'm blind
Thinking I can see through this
And see what's behind
Got no way to prove it
So maybe I'm lying
But I'm only human after all
I'm only human after all
Don't put your blame on me

[Talvez eu seja tolo
Talvez eu seja cego
Pensando que eu posso ver através disto
E ver o que está por trás
Não tenho nenhuma maneira de provar isso
Então talvez eu esteja mentindo
Mas sou humano apesar de tudo
Eu sou apenas humano depois de tudo
Não coloque a sua culpa em mim]

(Human - Rag'n'Bone Man)

Sábado.

Gideon sabia que Magnus estava radiante por enfim poder sair. Embora ninguém soubesse do esquema da folga, ele estava inquieto. Se precisasse de algo, podia chamar Magnus de volta e ele seria obrigado a vir, claro, mas e se alguém descobrisse que o feiticeiro estava fora do castelo, fazendo nada de relevante? Estava inquieto a respeito disso, mas não podia voltar atrás com sua palavra. Ainda mais agora que sabia o que Magnus podia lhe proporcionar, não queria abrir mão disso. Não mesmo.

O que era estranho, porque desde o dia em que conhecera o céu, através da boca deliciosamente quente do feiticeiro, estava evitando-o, mesmo querendo mais que tudo sentir aquilo de novo. Mas não sabia como lidar com o olhar dourado do outro, sentia-se completamente frágil quando se lembrava da forma como simplesmente se derreteu sob o toque experiente dele.

Ao fazer a proposta, pensara que seria apenas mais uma forma de sentir prazer. Mas não foi só isso.

Magnus conhecia o que ele nunca tinha mostrado para ninguém. Nem para si mesmo. Não sabia que podia estremecer de prazer durante minutos, não sabia que podia desejar tanto um homem que quase chegara ao ponto de pedir para ele dormir ali, somente para ter a satisfação de sentir a pele quente dele contra a sua... Não sabia que podia ficar sem ar e querer permanecer sem ar, infinitamente.

E o mais importante e vergonhoso: não sabia que podia implorar, sem pensar, por mais. Nunca tinha implorado por nada. Era um Lightwood. Contudo, se ficasse muito tempo perto do feiticeiro, sabia que imploraria por qualquer coisa... qualquer toque, qualquer migalha de atenção...

Estava se sentindo terrivelmente dividido entre a vontade de chamar Bane e se esbaldar em seu corpo novamente, e a terrível humilhação de se sentir tão dependente de um escravo. Um escravo submundano.

Quando voltou de sua pequena morte, ansiando por morrer um pouco mais... se lembrava vagamente de ter concedido a Bane a folga que ele queria. O mundo tinha se tornado um borrão indistinto e ele era totalmente sensações, que curiosamente não incluíam a visão e audição. Ficou perdido em um mundo particular, totalmente entregue às mãos e boca de Bane, enquanto o mundo saía de foco e ele não conseguia ouvir nada além das fortes batidas de seu coração contra sua caixa toráxica. Aparentemente, morrer nas mãos de Magnus era sua passagem para a vida.

Queria ter tocado o feiticeiro, ter feito algo para retribuir o prazer desmedido que sentira, mas as malditas convenções o impediram. Não sabia como fazer isso, e no minuto seguinte, Bane tinha pedido permissão para sair do quarto, e ele permitiu, ainda tonto de prazer.

Dois dias depois, estava a ponto de matar qualquer pessoa para estar com Bane novamente, angustiado por saber que estaria longe dele no final da tarde, e totalmente incapaz de chamá-lo. Como fazer isso parecer menos comercial? Como fazer parecer menos uma relação de negócios? Porque era tudo, menos isso.

Gideon sabia, no fundo de sua mente, que mais cedo ou mais tarde, teria concedido uma folga a Bane, mesmo se ele não tivesse oferecido prazer em troca. Sabia e tinha medo de quantas coisas mais poderia fazer, apenas para levar adiante esse jogo maldito.

Servidão e Liberdade || Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora