Capítulo 39

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As pessoas estavam se aglomerando em frente às casas, conversando em cochichos e apontando para a direção que ele iria. Robert Lightwood parou, cauteloso. Algo estava acontecendo:

- Você - apontou para uma senhora de cabelos brancos - Me diga o que está acontecendo.

- Homens do Oeste - ela disse, sem dar muitas explicações - Procurando o Diabo Loiro. 

Robert continuou andando para não levantar suspeitas, mas virou na rua seguinte. Tinha saído por um breve momento para buscar, na Casa Steakwater, o dinheiro que mantivera longe de Jonathan. Não confiava nele. O plano deles era esperar o feiticeiro morrer e enterrá-lo no quintal, selando a cova com Runas de Segredo. Jonathan não se incomodava de ter um túmulo em seu terreno.

 O enterro era necessário para esconder o corpo de outros submundanos que poderiam querer vingar a morte. Afinal, Magnus era um Alto Feiticeiro e sua influência se estendia até a Vila London e arredores.  Robert pensara seriamente em matá-lo com as próprias mãos, mas o feiticeiro não merecia uma morte tão tranquila. A cicuta arrebentaria seu corpo de dentro para fora, e ele morreria com convulsões e dificuldade de respirar. 

Sinceramente, eles já estavam convencidos de que Alexander não viria. Mas, ao que parece, ele tinha vindo. Isso era um problema. De acordo com o que a senhora dissera, ele não viera só. Provavelmente Jonathan Wayland estava com ele. Esse Wayland era outro desgraçado. Robert não sabia onde estava com a cabeça de ter confiado nele, com aquele papo de que era melhor que a terra estivesse nas mãos de algum conhecido. 

Quando o Wayland não se manifestou na ocasião da quase degolação de Alexander, ele tinha pensado que a ligação parabatai deles estava rompida, ou no mínimo, muito abalada para se restaurar. Não devia ter sido tão cego. E Robert sabia disso. Sabia que o ódio pelas atitudes de Alexander tinha lhe cegado e tinha lhe impedido de agir com mais cautela. 

Precisava ser mais cauteloso agora. Se quisesse derrubar Alexander e limpar a honra de sua família de uma vez por todas, precisava ser mais inteligente. Ele parou. Precisava descobrir o que estava acontecendo lá na cabana. Somente Alexander e Jonathan não conseguiriam vencer o Morgenstern. 

Entretanto, ele não podia se aproximar muito para descobrir isso. Seu cheiro estava em tudo, e o Wayland era um bom rastreador. Obviamente já saberiam que ele estava por perto. Então, ele decidiu se afastar para o alto de uma colina, perto da vila, e observar o que acontecia. De lá, poderia ter uma visão mais estratégica de tudo. 

Não podia demorar, entretanto. Tinha pedido licença das atividades na Clave por uma semana. Estava nos arredores de Somerset, planejando essa investida, há seis dias. Precisava retornar em breve, ou sua ausência seria questionada. Maryse já tinha tentado entrar em contato com ele alguns dias antes. Isso era muito cansativo. Ela parecia pensar que conseguiria convencê-lo a deixar Alexander e Isabelle em paz. 

Isso não aconteceria. Ele tinha lutado muito para construir toda a reputação do Lightwood. Dois desertores não iam estragar todo a glória deles. Maryse era fraca e sentimental. De uns tempos para cá, começara a suspirar constantemente, e escondeu uma pintura (que tinham encomendado de um artista florentino) de Isabelle e Alexander quando crianças. 

Assim que soube disso, Robert imediatamente a queimou. Desertores são como frutas podres. Não se pode deixar que continuem em meio às outras, ou irão estragá-las. E Robert ainda tinha Maxwell. Não queria que o filho seguisse o caminho duvidoso dos irmãos mais velhos. E ia fazer o impossível para evitar que ele seguisse. 

Andou devagar, para não levantar suspeitas e caminhando por ruas mais estreitas, logo conseguiu sair da vila. Ativou a runa da velocidade e em pouco tempo estava na colina. Desta vez ativou a runa da visão, e procurou a casa de Morgenstern. Ele piscou os olhos, focando a visão. 

Servidão e Liberdade || Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora