Capítulo 15

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- Bane... Bane... BANE!

Gideon passou a mão em frente aos olhos de Bane. De repente ele tinha parado e olhava para o nada com uma expressão distante no rosto. Ele piscou e olhou para o caçador de sombras como se só agora tivesse percebido que ele estava ali.

- Perdão, senhor?

- Você pareceu bem distante agora.

Bane sacudiu a cabeça.

- E estava senhor.

Gideon olhou para os olhos dourados, olhos de gato, olhos que dominavam sua mente pouco a pouco, mas, a cada dia mais firmemente. Gideon não podia mais negar isso a si mesmo. Bane era, agora, a maior parte dos pensamentos que ocupavam sua mente. Porém, a distância entre eles era tão grande, que tornava impossível qualquer aproximação além da usual relação senhor-escravo.

- Por favor, me mostre as alas de proteção que você montou ao redor da casa.

- Correto, senhor, me siga - disse Bane, e Gideon sorriu intimamente com a careta que ele fez. Bane estava desacostumado a ter alguém lhe dizendo: por favor, obrigado... E Gideon queria dizer isto para ele, o tempo todo.

Ele andou pelo corredor, seguindo o feiticeiro. Inevitavelmente seus olhos foram atraídos para o quadril estreito de Bane. Sentia as mãos formigarem em desejo de tocar ali, e mais embaixo... Sabia que tinha passagem direta para o inferno por desejar outro homem... pior... um homem submundano, mas tudo estava tão confuso que ele realmente não se importava.

A pele de Bane era morena e convidativa, parecia suave ao toque, e Gideon não sabia exatamente como se daria uma relação com um outro homem, mas podia imaginar... e as imagens que surgiam em sua mente o deixavam quente, ofegante... Bane sem roupas era no momento, a maior curiosidade de Gideon.

- Sobre o que me disse mais cedo - começou, tentando falar sobre algo para evitar que seu desejo se tornasse evidente - Você não será punido de forma nenhuma quando disser o que realmente quer dizer, ou quando expressar seus verdadeiros... sentimentos.

Bane o olhou, surpreso, diminuindo a caminhada. Estavam próximos à porta de entrada, e um criado fez uma reverência para Gideon, que retribuiu com um leve aceno.

- Isso é... inusitado.

- Sinto falta da sua impertinência - Gideon disse, sem pensar. Olhou para a frente, envergonhado. Com Bane ele sempre estava falando coisas que achava que não deveria falar.

- Não sentirá mais - Bane disse após um momento, e havia um ar levemente divertido em sua fala.

Embora sentisse que estava perdendo lentamente o controle sobre tudo que estava tentando construir, Gideon ficou contente por saber que ouviria mais impertinências de Bane. Eles saíram pelo pórtico de entrada, o sol quente da tarde esquentando seus rostos, e atravessaram os jardins.

- Bom, logo ali, entre a ponte e os portões eu implantei uma barreira maleável - Bane disse, e em um impressionante movimento de braços ele tornou visível para Gideon a barreira a qual se referia. Parecia gelatinosa, brilhando misteriosamente esbranquiçada - Por lá podem entrar pessoas que queiram resolver assuntos de interesses do Instituto, da Clave, da vila ou pessoas que possuam ligações de sangue com a família Lightwood. Os criados, cavalariços, guardas, amas, jardineiros, enfim, todos os serviçais do castelo, estão autorizados a entrarem.

Gideon estava impressionado.

- Ali - Bane apontou para o lado leste, onde a substância gelatinosa da barreira estava muito mais escura, nublando a visão do outro lado - a barreira está mais espessa, porque a maioria dos demônios estão vindo do leste agora. Ao tentarem entrar por lá, eu vou sentir e aumentar a proteção. Mas de forma geral, não podem entrar em nenhum dos pontos.

Servidão e Liberdade || Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora