Capítulo 54

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-  Eu não tenho certeza de que isto seja normal - disse Magnus, com a sobrancelha erguida. Agora que ele conseguia imitar esse gesto de Alec, estava usando-o frequentemente.

Os dois estavam em pé, ao lado de sua cama de dossel, no quarto que anteriormente era de Alec e agora era do casal. Na cama propriamente dita, um pequeno ser humaninho engatinhava em velocidade impressionante, fugindo de um Magnus cansado e gargalhando alto. A risada do pequeno enchia o quarto e Alec não conseguia resistir a sorrir também. Magnus, entretanto, estava mesmo preocupado.

- Amor - ele perguntou ao marido - Você que conviveu mais com crianças mundanas, tem certeza de que este comportamento é normal?

Alec sorriu mais uma vez, enquanto Rafe capotava com o rostinho sobre a cama, depois ergueu-se novamente sobre os bracinhos cheios de dobrinhas e voltou a engatinhar sorrindo alto. 

- Bom - ele disse - Certamente ele tem mais… energia do que os outros bebês que eu já conheci, mas é perfeitamente normal.

Magnus sacudiu a cabeça, incrédulo.

- Meu Deus - ele disse - Quando ele aprender a caminhar nós estaremos em sérios problemas… Rafe, venha aqui!

O bebê parou por um segundo, erguendo os olhinhos castanhos, atento ao que o pai tinha dito, mas, intuindo que Magnus queria apenas vesti-lo, voltou a engatinhar pela cama, com sua risada pura e infantil.

- Você vai ter que fazer aquilo - Magnus disse a Alec, e este sacudiu a cabeça e tentou sair rapidamente, mas Magnus segurou-o pelo braço - Sério, amor. Você me proibiu de invocá-lo por magia, e ele claramente não vai me ouvir.

- Se eu continuar a fazer isso, ele só vai gostar de você - Alec disse, cruzando os braços no peito, indisposto.

- Que história! - Magnus revirou os olhos - Este menino é apaixonado por ti! Vamos, querido, estamos muito atrasados.

Alec suspirou, vencido. Fazer aquilo era basicamente fazer a vez de pai “mau”. Magnus aproveitava que Alec tinha a voz mais grave e era basicamente todo grandalhão, para deixar para ele a responsabilidade de impor algum respeito ali. Alec caminhou até mais perto da cama e estendeu os braços:

- Rafael Santiago - ele disse, colocando o máximo de autoridade que podia na voz - Venha aqui filho, agora!

O bebê parou no meio de uma voltinha e sentou-se sobre as pernas, olhando para o pai Alec com uns olhinhos que exprimiam séria dúvida se deveria obedecer ou se seria ousado o suficiente para continuar a engatinhar por ali. A cama dos pais era muito mais tentadora que o seu bercinho, ou o chão. Alec sustentou o olhar, sério. Rafe fez um biquinho pequeno, que quase fez Alec desistir da missão. Mas manteve a pose e o filho inclinou-se para a frente e engatinhou para ele.

Alec pegou-o no colo. Com dez meses de idade, Rafe era a criança mais inteligente que ele conhecia. Ele já dizia muitas sílabas e estava engatinhando loucamente por toda a parte. Ele também sabia muitos truques para conseguir ficar mais tempo no colo, ou para ganhar qualquer coisa que um dos pais ou a tia Izzy estivesse comendo.

Ele também era gordinho e bom de apertar, o que fazia Alec sentir vontade de esmagá-lo frequentemente. E ele por vezes fazia isso mesmo, apertando o fofucho contra si, enquanto Rafe, que já sabia muito bem o que era bom na vida, se deixava apertar, com um olhar todo satisfeito no rosto.

Conforme Magnus dissera, Rafe era realmente apaixonado pelo pai Alec. Ele estendia as mãos gordinhas para Alec quando este chegava do serviço na vila, e chorava caso o pai demorasse a pegá-lo no colo. Pai Alec era divertido e inventava mil coisas, inclusive subir as escadas correndo, com Rafe a tiracolo, só para vê-lo morrer de rir.

Servidão e Liberdade || Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora