Capítulo 24

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Izzy caminhou apressada pelas ruas da vila. Na verdade, falar ruas era um grande eufemismo. Eram apenas passagens estreitas e razoavelmente limpas entre as casas. A lua estava alta no céu e a noite, clara, e em noites assim, os moradores se reuniam para beber cerveja de milho ou apenas conversar até tarde.

Entretanto, a despeito das boas condições, não se ouvia nenhum ruído além dos barulhos próprios da noite. Pássaros crocitando e pequenos animais correndo de um lado para outro. Izzy sabia que estavam olhando pelas frestas enquanto ela andava apressada até a casa de Maria. Ela se adiantou e bateu com força na porta. O silêncio gritou. Como se o mundo estivesse suspendendo a respiração.

Com algumas investigações básicas, Izzy tinha descoberto que Maria tinha uma grande participação na revolta que culminou no incêndio da vila. Claro que ela foi incentivada por Magnus, e Alec tinha descartado a possibilidade de condená-la porque ela tinha uma criança. Izzy concordava que seria uma atitude muito cruel punir uma mãe com uma criança tão pequena, mas hoje a caçadora de sombras queria, precisava falar com ela.

Alec estava em perigo e ela faria o que fosse preciso para atrair Magnus até a vila e fazer com que ele assumisse as responsabilidades do que fizera. Izzy bateu mais uma vez com tanta força que a porta de madeira balançou sob o impacto das batidas. Ninguém respondeu. E Izzy sabia que estavam lá.

Deu então, dois passos para trás e com um impulso maior, avançou e chutou a porta com a maior força que pôde reunir. Alguém gritou assustado e Izzy observou enquanto a madeira cedia e se abria de uma vez, revelando o interior da residência extremamente pobre. Um vulto escorregou pela parede mais distante no corredor. Izzy correu e o alcançou.

- Você não vai a lugar nenhum - grunhiu para a mulher de olhos castanhos assustados.

As coisas estavam piorando exponencialmente na Casa Lightwood. Após Hodge acusar em alto som Alec Lightwood de sodomia (e com um agravante: praticada com um feiticeiro) Robert Lightwood tinha enlouquecido. Ele se adiantou, raivoso e segurou Hodge pela gola, enquanto Alec dava dois passos atrás, como se não fosse com ele.

- Retire agora o que disse, e ainda assim eu vou matá-lo! Como se atreve?
- Eu... meu senhor, eu retiro o que disse... - o terror era evidente nos olhos de Hodge.
- Então, você estava mentindo a respeito de minha família, Hodge?

A essa hora, as pessoas já formavam um semicírculo ao longe, e a família Lightwood estava mais perto, olhando aterrorizada. Na verdade, Izzy e Max estavam aterrorizados, Maryse parecia muito envergonhada e Alec continuava a olhar para a cena com olhos distantes e vazios.

- NÃO! - Hodge gritou, mas sob o olhar de Robert, engasgou. - Sim, sim, menti, eu peço perdão meu senhor.
- Eu te dei abrigo e proteção! - Robert o empurrou com força e ele cambaleou para trás. - Ingrato, traidor, difamador! Alexander! - todos olharam para o primogênito Lightwood. - Você deve matá-lo agora.

O que acontece é que Alec não estava disposto. Ele sacudiu os ombros e virou as costas, para entrar na Casa.

- Como se atreve? Mate-o agora! Lave sua honra com o sangue deste mentiroso.

Mas o caçador de sombras apenas continuou a andar para dentro da Casa, desaparecendo nas sombras.

Então o pandemônio se espalhou. Robert saltou à frente e enfiou o punhal no peito de Hodge que o encarou horrorizado antes do olhar ficar permanentemente vazio, e caiu para a frente quando o Sr. Lightwood puxou o punhal de volta. Max apertou os olhos com força e as pessoas correram noite adentro para longe do alcance da fúria cega de Robert.

Desde esse dia Alexander estava preso nos seus aposentos e Izzy sabia que o pai pretendia matá-lo inanimado, pois não deixava que lhe servissem as refeições e o impedia de receber visitas. O próprio Robert passava longos períodos dentro dos aposentos, sozinho com Alec, e Izzy implorava que o irmão lhe dissesse o que estava acontecendo, mas ele simplesmente se calava. Izzy estremecia toda vez que o via, com marcas roxas no rosto, dificuldades para respirar e andar, membros enrolados em ataduras feitas com suas roupas, e olhar vacilante.

Servidão e Liberdade || Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora