Depois de dizer todas aquelas coisas, Magnus estava tremendo. Estava deitado na cama improvisada, na sala, pois era sua noite de cuidar de Alec e também porque suspeitava que Izzy e Simon chegariam apenas ao raiar do sol. Sentia seu ventre e coração em revolução. Sua barriga estava fria e o coração estava quente. Talvez ele estivesse próximo de morrer, ou ter um ataque. Em quase um século de vida ainda não tinha sido tão direto e sincero com alguém, a respeito de seus sentimentos, quanto tinha sido com Alexander..
A verdade é que Magnus tinha sido um namorador por excelência. Quando as coisas não davam certo ele sofria, mas logo seguia adiante. Porém, algo em relação a Alec impedia que ele fizesse esse movimento. Sentia-se preso a ele. Não da mesma forma de quando era marcado, mas simplesmente sentia que não poderia ir adiante, não poderia mais viver uma vida na qual Alec não estivesse presente.
Isto era inteiramente novo. Isto era algo fora do esperado para ele, e por isto, sentia suas mãos tremerem e seus ouvidos zumbirem. Entretanto, Alec não tinha esboçado nenhuma reação. Simplesmente olhou para ele com aqueles malditos olhos azuis e parecia que suas palavras eram como vento, se desfazendo ao redor dele. Entendia o orgulho dos Lightwood. Entendia que Alec tinha perdido tudo que mais queria na vida. E entendia, mais do que nunca, que não havia como desfazer o passado.
Suspirou profundamente, tentando se acalmar, esperando que as batidas de seu coração se tornassem regulares. Onde estava com a cabeça quando pensou em dizer todas aquelas coisas? Era óbvio que isso não importava mais.
Quando tinha resgatado Alec daquela carruagem que o levaria para a morte, seu coração se quebrou em mil pedaços.
O caçador era apenas a sombra do homem que fora no passado. Estava muito magro, com hematomas amarelos e roxos por todo o corpo e algumas unhas arrancadas. Estava com o supercílio arroxeado e alguns músculos do corpo distendidos. Durante os dois primeiros dias, Alec sentia tanta dor que, mesmo inconsciente, gemia baixinho e continuamente, de uma forma que lhe causava arrepios. Some a isso o punhal enterrado até o cabo no seu abdômen, e Magnus tinha certeza de que Alec não sobreviveria.
Além disso, estava subnutrido, sem meios de obter energia para passar pelo processo de recuperação. E Magnus decidiu ignorar todos os seus anos de experiência como curandeiro, e apostar na recuperação do caçador. Foi nesse momento que notou dentro de si esse sentimento tão poderoso que lhe causava arrepios. Foi nesse momento, olhando para um Alec tão frágil, que ele se permitiu sentir pena e compaixão do próprio homem que tinha lhe sequestrado.
Isso era irracional, Magnus sabia. Mas era assim que as coisas tinham acontecido. Porém, olhar agora para Alec era perceber que nada disso fazia sentido real para o caçador. Nada do que ele dissesse ia amenizar o que tinha acontecido. E Magnus se arrependia por ter feito Alec sofrer, mas não se arrependia de ter ido embora. Embora quisesse Alec - e ele estremeceu ao pensar nisso - nunca conseguiria sobreviver onde sua liberdade era tolhida.
Pensando no tempo em que tinham estado juntos, percebia agora que Alec nunca tinha estado tão presente quanto ele. Alec estava disposto a sentir prazer na cama, mas em poucas vezes, de verdade, tinha tentado se conectar a ele de uma forma menos carnal. Magnus sabia disso, mas era doloroso constatar, que para o caçador, ele nunca tinha sido uma real opção, ou “alguém” digno de ser levado a sério.
Magnus apertou a mandíbula quando sentiu as lágrimas se formando e tomou sua decisão. Aceitava que amava Alec. Aceitava que não podia controlar o que sentia quando estava perto dele. Aceitava que um dia, esse sentimento iria passar… Mas não aceitava ser tratado de forma inferior ao que merecia.
Portanto, iria permanecer por perto enquanto pudesse e depois, quando sentisse que estava bem, ele e Alec iriam se separar, desta vez para sempre.
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Servidão e Liberdade || Malec
Fanfiction"... Então, Irmão Jesseh circulou suas mãos com a Marca, um nó fixo e inquebrável, que ardeu em todos os poros do corpo de Gideon. Queimava como o inferno, e ele lutou para ficar em pé. Sentiu-se desequilibrar entretanto, quando Bane caiu para a fre...