Bianca

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— Aproximem-se, senhoras e senhores!

Rafa e eu passeávamos pelo festival de San Genaro, uma das maiores e mais antigas feiras de rua de Nova York, que se realizava no bairro italiano de Manhattan, conhecido como Little Italy.

Sim, isso mesmo.

Mudamos de cenário — de uma cidade banhada de sangue, havíamos passado para uma simpática feira de rua, plena de música, alegria e comemoração.

Saímos de Bogotá e voamos de volta para casa. Bem, basta dizer que nos mantivemos em contato, muito contato.

Não havia mais balas em nosso caminho, apenas os transeuntes que passavam por nós enquanto comíamos algodão-doce e conferíamos as barraquinhas de comida, artesanato, jogos e outras coisas para levar o nosso dinheiro embora.

Venham senhoritas, não tenham medo!

O velhinho que apregoava a barraquinha de tiro ao alvo não fazia a menor ideia de quem era aquela mulher. Ao contrário de mim, ignorava que minha Rafa não temia absolutamente nada.

Não pude deixar de notar que já me referia a ela como minha.

Rafa reduziu o passo, aparentemente atraída pelos rifles de brinquedo.

Quer tentar a sorte? — sugeri, seus lábios perfeitos se alongaram num sorriso.

Por que não?

Pagamos ao homem, e Rafa escolheu uma das espingardas, parecia atrapalhada com a arma, mas preferi conter o impulso de corrigir sua pegada, afinal, estávamos ali somente para nos divertir.

Ela mirou com cuidado e atirou. "Bum!" O coice foi bastante violento para uma arma de brinquedo, Rafa se desequilibrou um pouco e errou o alvo.

Insisti para que fizesse mais uma tentativa, da segunda vez, quase cegou o velhinho!

Tentei conter o riso quando ela deu de ombros e me entregou a arma, peguei a espingarda, equilibrei-a nas mãos e girei o pescoço para me relaxar, depois mirei.

Mulheres, armas e lugar público: por que esta combinação me deixa assim, louca para me exibir?

Atirei e acertei bem na mosca.

Rafa ficou impressionadíssima.

Dei de ombros e disse:

É a sorte de principiante, eu acho.

Ora, a última coisa que eu queria naquele momento era intimidar Rafa. então decidi não caprichar muito no segundo tiro. Além disso, tinham outros motivos para não demonstrar em público o quanto eu era boa com as armas.

Assim sendo, fiz o que pude para arruinar as tentativas seguintes, errando o alvo por completo em algumas delas.

Mas o resultado final não foi dos piores: acabei ganhando um simpático ursinho de pelúcia como prémio, orgulhosa de mim mesmo, virei-me para ir embora e entregar o bichinho à minha garota.

Mas Rafa segurou-me pelo braço e disse: 

— Posso tentar outra vez?

"Acho que feri a dignidade de alguém", pensei. Adoro mulheres competitivas.

Dessa vez ela segurou o rifle como uma profissional, levou a mira aos olhos e disparou cinco tiros de uma só vez.

Bum! Bum! Bum! Bum! Bum!

Quase deixei o urso cair no chão, cinco tiros, cinco moscas perfeitas.

É sorte de principiante, eu acho. — ela disse, antes de receber um urso enorme como prémio.

Acho que a surpresa estava claramente estampada em meu rosto, rindo pra valer, Rafa retirou o cachecol de seu urso e enlaçou-o em torno do meu pescoço.

Ela havia conseguido o que queria e estava em condições de tripudiar o quanto quisesse mas, em vez disso, puxou-me pelo cachecol e desferiu o derradeiro golpe de misericórdia: um beijo longo e molhado.

Caramba, ali estava a mulher dos meus sonhos.

Mrs. & Mrs. Kalimann-AndradeOnde histórias criam vida. Descubra agora