Uma Missão - Akutagawa Ryūnosuke

Mente

Eu já disse uma vez mas não custa nada repetir. Essa história não tem nada a ver com o anime e muito menos com o mangá. Ent, a história, o passado dos personagens vai ser completamente diferente aqui, ok?

Só deixando avisado. Boa leitura💋
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Uma luz muito forte e branca vai de encontro aos meus olhos quando os abro, estou em uma sala toda branca e sem móveis nem janelas. Sinto-me flutuando na imensidão do universo mas é um lugar calmo e sem ruídos, tudo que escuto é minha própria respiração e pensamentos.

Eu me sinto como se estivesse em um eterno sonho e não pudesse acordar. O lugar, essa sala clara e vazia, me traz uma sensação de paz e aconchego porém sinto como se não devesse ficar muito tempo aqui.

A cena se desdobra e eu vejo um pequeno garotinho, ele anda apressado pelas ruas tão conhecidas da minha amada cidade, Yokohama.
O garotinho parece saber exatamente para onde quer ir e eu tenho a sensação de que devo segui -lo.

O garotinho tem os cabelos morenos mas que nas pontas ficam claros, ele se parece comigo. Ele dobra algumas ruas e eu o sigo de perto, o caminho não me parece estranho mas ainda sim não reconheço completamente.

O garotinho percebe que está sendo seguido e olha para trás. Ele me encara e é aí que percebo o óbvio: eu sou ele. Minha versão criança gargalha enquanto me encara e continua andando, só que agora mais rápido.

Sinto que estou sendo puxado e meu instinto é seguir, sem dúvidas, o garotinho. Meu eu mais novo para em frente um banco em uma praça desolada e antiga. O lugar tem muita grama que parece não ser cortada a séculos, alguns dos bancos estão quebrados e até o céu naquele lugar é sombrio e tem uma tonalidade cinza.

Ele se senta no banco já apodrecido e espera alguém que não sei quem é.
O garotinho olha de um lado para o outro todo hora, ele parece afobado. Um tempo, que sinto serem horas, se passa e o menininho já estava desistindo de esperar, quando alguém se sentou ao lado dele. Ele rapidamente se levantou e fitou a pessoa que o acompanhava.

-- Quem é você? -- Então ele não o conhece? O menino olha com pura curiosidade para o homem sentado ao seu lado e espera uma resposta.

-- Eu me chamo Kaliwa, e você? -- O homem de cabelos roxos e olhos amarelados que vestia uma roupa completamente social estende a mão para o pequenino que a aperta respondendo seu nome.

-- Eu sou o Akutagawa. -- O mais velho parece notar na criança, em mim, algo especial e demonstra estar pesando os prós e contras de algo em sua cabeça.

-- Akutagawa, você quer vir comigo e se tornar meu aluno? -- Ele levanta e estende a mão como um convite para o garoto.

-- Mas eu estava esperando... -- O meio moreno está ainda relutante em aceitar a proposta. Eu, ainda é estranho ver você mesmo em uma situação que você se quer lembra ou sabe se é verdade.

-- Não sei quem você estava esperando mas seja lá quem for, aparentemente não virá. -- Ele olha em volta e aponta as ruas vazias e sem sons a volta deles. -- Você vem?

-- Eu... -- O garoto olha mais uma vez em volta e então estende sua mão segurando a do mais velho. -- Aceito.

Os dois descem a rua de paralelepípedos passando por várias casas antigas e postes de luz que piscam sem ter realmente algo para iluminar em um lugar completamente esquecido e abandonado da cidade. Nem os pássaros parecem se lembrar de que aquele pedaço de terra existe. Eu me pergunto se isso que estou vendo são apenas visões ou são as partes perdidas de toda a minha história, aquelas partes que eu me forço a tentar lembrar e nunca obtenho sucesso. Essas memórias que me causam angústia e preocupação, estão retornando a mim ou é apenas ilusão?