Capítulo 15 - Workshop

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                Eu o olho dormir por tanto tempo, que em seu momento mais profundo ele não percebe. A roupa já havia sido vestida e aproveitei para tomar um banho rápido antes. Acabei me enxugando com a sua toalha que ficava no banheiro da suíte. Não se precisa de muito para achar as coisas neste apartamento. Encostado na soleira da porta, contemplo seu corpo esparramado na cama e não posso evitar de puxar meus lábios no meigo sorriso de sempre, que normalmente contrapunha o seu sorriso debochado. Num rápido giro pela casa, pude notar o piano que estava próximo à sua grande vidraça do quarto. A tensão de antes fora tanta, que até mesmo o belo instrumento passou despercebido.

                Algumas folhas estão em cima do piano e uma caneta está acima delas, eis que resolvo fazer algo. Puxo uma das partituras, recém-reconhecidas, escrevendo o seguinte:

                “Obrigado pelo grande marco histórico na minha vida. Estou indo fazer a minha mudança, e depois, é a hora do Workshop. Chegarei às cinco. Um beijo.”

                Deixei o pequeno bilhete com a caneta por cima e peguei a minha boina de cima de um pequeno banquinho. Ao sair do prédio de Robert, descobri que precisava pegar apenas uma condução até a minha escola, estava do outro lado da cidade. Durante o percurso de ônibus, parei para reparar nas velhas construções de Nova York, principalmente as que evidentemente ressaltavam a história profundamente marcada pelo jazz. De acordo com o endereço que Conroy me passara, o apartamento ficava no edifício New York Sunset, era um novo empreendimento.

                Como as malas já estavam arrumadas, tudo que tive de fazer foi juntá-las e tirar do quarto. Ao trancar a porta, paro brevemente e olho para a mesma. As lembranças do dia em que cheguei aqui já não me assustam, outrora, trazem para mim a sensação nostálgica. O quarto agora seria de um outro estudante, que redecoraria ao seu modo, que teria certamente uma outra história de vida. Entreguei as chaves para a secretária do colégio, e esta me dera um forte abraço:

                - Foi um prazer, Sr. Grey. Sentiremos sua falta. – Ela olhou em meu rosto ao soltar-me.

                - Obrigado pela estadia magnífica, de verdade.

                Quando terminei de puxar as malas para a rua, o senhor Frank veio até mim. Ele me ajudou a carregá-las:

                - Já devo ter dito muito isso, mas vou sentir saudades, filho. – Sua cabeleira grisalha está um pouco mais cortada.

                - Eu também, Sr. Frank. – Dou um risinho, mesmo que queira chorar. – Caso não saiba, eu vou ficar aqui pertinho. Se quiser me ver, é só ir no New York Sunset, fica em Manhattan, é um novo prédio. Deixarei o endereço certo, logo.

                - Parece que a vida começou a dar certo para você, Teddy. – Ele bate em meu ombro.

                - Eu creio que estou trabalhando nisso, Sr. Frank. Muito obrigado por tanto carinho. – O abraço carinhosamente.

                Não demorou para que um táxi aparecesse, aliás, Nova York não tem muitos problemas sobre falta de táxis. As malas foram postas no automóvel e quando entrei no carro, percebi que o Sr. Frank não saíra do lugar. Ele ficou me assistindo, até que eu finalmente me cobrisse na avenida. Deu um último aceno, o qual eu captei pelo vidro traseiro. Ainda acenei com a mão, e senti que no fundo machucou um pouco.

                                                                                        (...)

A Cor VibranteOnde histórias criam vida. Descubra agora