Capítulo 19 - Prévias

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                A experiência com Penny estava sendo totalmente diferente de que eu poderia pensar. Nas últimas semanas foi tudo uma questão de readaptação para ela, principalmente por ter de acostumar que agora tinha um lar. De acordo com o trato feito com a Doutora Rose, ela precisava tomar cada remédio na hora certo, nem mais e nem menos. Deveria seguir uma alimentação saudável, bem como, um ritmo de vida não corrido, assim como eu levaria logo.

            Já é possível observar e aprender coisas sobre ela que eu ainda não sabia, principalmente a sua mania de sempre olhar nos olhos quando necessita dizer, reclamar, pedir algo. Mesmo que para a última afirmativa ela não o faça muito. Comprei roupas, sapatos e algumas coisas que achei que ela precisaria, e a cada coisa que ela ganhava, era impossível não ficar comovido com o seu rosto de incredulidade e felicidade. Ás vezes precisa-se de tão pouco para viver, porém se quer tanto.

            Elevei a nota ao máximo ao segurar a partitura fronte aos olhos. Penny sentava-se à minha frente no tapete da sala. Com as mãos ousadas no colo e a expressão de avaliação crítica, a menina deixa escapar alguns risinhos, talvez pelas minhas caretas em determinadas partes. Ela segura meu celular a reproduzir o fundo instrumental e aos meus comandos, Penny libera e pausa a música.

            - Essa é a música que mais está me cansando em meio a todas, Rainha. – Digo ofegando.

            - Por que? – Ela pausa o áudio.

            - Porque ela é bem complicada, não é qualquer música. É cheia de variações vocais e notas complexas. – Digo tomando um gole de água posteriormente.

            - Achei que era por conta da mensagem dela. – Ela pega uma cópia da letra de mim. – Está vendo isso? “Quando você ver alguém machucado ou precisando de ajuda, nunca se esqueça de mim.” – Ela leu o trecho – Isso é algo profundo. Eu me sinto um pouco aqui.

            - Por que?

            - Porque você me viu no hospital, depois começou a ajudar as crianças, e por último me trouxe para cá. Você viu alguém que precisava de ajuda. – Ela diz.

            Não posso deixar que um tenro sorriso irrompa pelos lábios, bem como, que os olhos casem e minha face fique alegre.

            - Faz sentido, Rainha. – Olho minha letra.

            Penny levanta do seu lugar e muda par aonde estou sentado, ficando ao meu lado e encostando os nossos ombros, por mais que haja uma considerável diferença entre seu comprimento e altura. Esticamos as pernas no tapete e ficamos a olhar para as aquarelas de Marilyn e Audrey. Robert havia ligado mais cedo, estamos esgotados. Todos os lugares do teatro foram vendidos nas primeiras três horas da abertura antecipada. Meu corpo está nervoso, minha mente está rodando, porque por mais ensaios que possa ter, a insuficiência pode me fazer perder tudo. Sei que Penny nota cada expressão e as entende melhor do que qualquer um, aliás, ela sempre sabe tudo. Passamos um minuto em silêncio, até que ela segura em minha mão:

            - Não há como você ser menos do que perfeito. – Ela fala.

            - Eu não sei. Eu estou com medo, mas não posso sentir medo, Penny. Dentre tudo que preciso, medo está riscado, pois tudo que eu fizer vai resultar se serei bom para o show ou não. – Digo lembrando das palavras costumeiramente ofensivas de Marianne, as quais não poupava, apesar de utilizar indiretas para proferi-las.

            - Por que não pode sentir medo? O que acha que está dizendo, Teddy? Ela protesta. Começa a olhar para mim.

            - Porque eu preciso ser bom em algo, sem falhas. Eu já falhei de uma maneira enorme com a minha família. – Abaixo a cabeça.

A Cor VibranteOnde histórias criam vida. Descubra agora