Capítulo 16 - Jackson Kendall

130 15 2
                                    

- Isto não é um pedido fácil, Teddy. Ela é uma paciente num quadro muito delicado. - A Doutora Rose encara-me profundamente.

- Eu tenho recursos para isso, além do mais, ela pode ficar sendo avaliada aqui no hospital. Eu posso dar um jeito em tudo, doutora. - Minhas mãos estão espalmadas na mesa dela.

Tento não pensar na ligação de Marianne, concentrando-me apenas na consolidação do que parecia ser a minha ideia mais louca até o momento. Levar Penny para morar comigo não era certamente a melhor coisa, mas era como se ela pudesse resgatar o que dela havia sido tirado. A noite foi deveras longa, revirando-me repetidas vezes e com os olhos sem conseguirem fechar. A voz de Marianne, seu tom ao celular. Inicialmente ficara claro que ela não gostava de mim, no entanto, havia mais naquela história, e eu simplesmente não entendia o seu tratamento. Agora simplesmente resolvera investir fundo em me atacar, ficara claro pela sua última atitude.

Pensar em Penny é a única coisa que me faz estar calmo, e ainda assim, bem nervoso. Mais cedo quando falei para Robert a ideia de pintar a parede branca com a paisagem descrita por Penny, que embalara sua infância, ele ficou surpreso e gostou da ideia, salientando mais uma vez as minhas qualidades, que eu seriamente não vejo. Não fico chateado com Robert pelo que ouço, se não o contrário, posso entender perfeitamente o que um laço de anos é. Sempre fui compreensivo, talvez seja um dos meus defeitos.

- Faremos uma avaliação, Teddy. Penny vai precisar passar por alguns exames. Precisamos entender a criticidade do caso dela, posteriormente lhe darei a resposta disso.

- Quanto tempo? - Passo a mexer as mãos nervosamente.

- Uma semana. Nada menos, Teddy. Você não tem noção do que está pretendendo fazer. - Ela tem uma expressão preocupada no rosto. É como se quisesse me advertir ou deixar ciente de algo.

- Às vezes parece que não quer que a Penny possa ser mais feliz, Doutora Reynolds. - Friso.

- Não é isso, não... - Ela parece sentir que disse as coisas erradas, está incomodada. - Teddy, eu vivo para ver eles melhores, ela em especial. Ela foi o meu primeiro caso. É que a Penny vem estando muito mal ultimamente. Ela parece mais animada, ela saiu da cama depois que você chegou, mas o seu caso ainda é o mesmo. Nós queremos tempo, mas tudo que fazemos é perde-lo.

Uma corrente fria me percorre a derme e tento manter a firmeza com a qual dialogo com a doutora. As palavras ditas são absorvidas e bem recebidas pelas marteladas no coração.

- Considere o meu pedido, por favor, Doutora Reynolds. Eu só estou tentando recuperar algumas coisas que achamos não voltar. - Me levanto da minha cadeira e olho novamente para Rose. - Eu entendo o que quer dizer, mas acredite, não desisto de anda facilmente.

Digerindo toda a situação, dirigi-me para o teatro St. James. A reunião convocada por Conroy ocorreria às onze, e ao contar o tempo que levei conversando com a doutora Reynolds, faltava apenas meia hora. Chegaria atrasado. Que se dane!

- Como eu dizia, a coreografia estava boa, mas acredito que a sincronia dela não estava tão rápida quanto devia, Ashley e Paul. - Robert comenta e me nota entrar.

Meu rosto não está doce, nem meigo, senão inexpressivo. Marianne e Armand estão sentados um ao lado do outro, logo atrás de Robert. O mesmo estava com uma planilha em mãos, certamente lendo as considerações dos outros dois. Toda atenção de Conroy volta-se para mim, ele já não está mais conseguindo ter o domínio de disfarce em frente as pessoas.

- Isso vale para você também, Teddy. Afinal, bom dia.

- Bom dia. - Sou polido, sem me estender.

A Cor VibranteOnde histórias criam vida. Descubra agora