Capítulo 26 - Nunca se esqueça de mim

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                O corredor nunca pareceu tão vasto, fazendo com que eu demorasse a chegar ao meu destino. Também não é o mesmo corredor habitual, o das alas. É um corredor com mais portas e apreensivo, penso que sejam emergências. Isso se confirma através da doutora Rose. Caminha silenciosa ao meu lado, nunca a vi tão calada. No entanto, ela está nervosa.

            - Acho que pode ser sincera comigo. – Minha voz é grave e séria.

            Rose olhando de canta ao dar passadas pelo corredor. Por um momento ela pensa e acho que vai me deixar falar sozinho, porém ela ergue a cabeça e em meio ao caminhar, a mulher diz:

            - Retrocesso no caso. – É tão breve quanto eu.

            - Como assim? – Pergunto sem compreender bem.

            - Para isso precisávamos dos exames, Teddy. São avaliações que fazíamos quando ela estava aqui no hospital. Eu te falei desde o começo que ela possuía um estado crítico.

            - Mas eu quero saber do retrocesso, pois já sei dessa parte da história. – Soo rude – Me desculpe.

            - Quando se trata pacientes com casos como o da Penny, a melhora é algo distante, Teddy. É como rir por cinco minutos, e não importa o intervalo de tempo, tudo pode decair.

            Paro bruscamente:

            - Quando falar sobre decair, quer dizer que ela vai morrer? – Pergunto engolindo seco.

            - Teddy... – Ela toca meu ombro.

            - Seja franca comigo, sem rodeios, ao menos uma vez. – Digo da maneira mais séria que encontro, com pequenas lágrimas ao redor dos olhos.

            - Sim, Teddy, ela vai. – E dentre todas as palavras que pude ouvir na vida, no fatídico dia, não há palavras piores do que as que escuto dela. Apenas consigo acenar positivamente com a cabeça uma vez, dando por encerrado o assunto.

            Chegamos ao quarto e ela diz:

            - Vou deixar vocês sozinhos, precisam conversar.

            E é como se me dissesse “Precisam se despedir”. Fico com a mão segurando a maçaneta da porta. Como Penny disse, me permito sentir medo. Estou despido de qualquer coisa que não seja a mais sóbria incerteza de não mais tê-la. O que faria com os brinquedos? Com o quarto inteiro? O que faria com a necessidade de acordar com ela me chamando, ou de simplesmente não reclamar com ela, por ela ser o tipo de criança que sabe obedecer e ser uma garota doce? O mundo gira, ele te leva par alugares que você nunca imaginou, e eu desejo no meu mais profundo eu, que ele não gire outra vez. Quero acreditar que por algum motivo tudo seja só mais um momento.

            Antes de girar a maçaneta, viro para a doutora Reynolds. Ao olhar em meus olhos, ela vem até mim e envolve-me nos braços. Em seu abraço sinto toda a carga que, por ventura, ela guardara durante todo tempo. Ela inspira e expira profundamente em meu ombro. Com a voz de choro, diz:

            - Essa é a pior parte. Quando você não consegue salvar alguém.

            Solto dela e após olhar Rose chorar, adentro o quarto calmamente. Disfarço como me sinto, pondo um sorriso torto no lugar. Não quero demonstrar como estou, apenas me viro e a vejo. Penny está envolta à alguns fios e sua peruca foi tirada. Ela está como eu a vi na primeira vez. Há, porém, uma diferença. Penny não está triste, nem qualquer coisa semelhante, mas sim, sorri ao me ver.

A Cor VibranteOnde histórias criam vida. Descubra agora