Tão Proibido - Série Amor Fatal. Livro 2

Capítulo 14 Ossos do ofício

                      Abraão Johnson

Acordei e a primeira coisa que fiz foi olhar para o lado. Queria ver se ela estaria ali, queria ver se me deixaria como na outra noite, mas ela estava lá, uma mão em baixo do travesseiro a outra em baixo da bochecha, sua boca levemente aberta, olhos inchados e ainda sim perfeita. Não consigo evitar olhar para ela, cada pedacinho dela, sua boca pequena e delicada, sua bochecha rosada, seu cabelo cor de fogo, tudo nela parece me deixar com o coração aquecido. Puta merda! Jamais me imaginei assim, jamais imaginei que iria ficar fascinado por alguém como estou por ela. Não posso me apaixonar, não posso, ela não merece passar por coisas ruins por minha causa, ela é tão incrível. Não consigo me afastar dela, ela estava certa em querer terminar tudo com aquela viagem e minha consciência gritou para deixá-la ir, porém fui fraco e não quis estragar isso, com ela parece tudo fácil, parece que não sou quem sou, ela me torna uma pessoa boa, eu já fui bom, em algum momento da minha vida, na verdade eu não sou uma pessoa ruim eu me tornei ruim porque assim seria mais forte, porque assim alcançaria meus objetivos... Se eu soubesse o preço.
  Vejo Natalye se mexer e em seguida seus olhos abrirem, ela demora um pouco para me notar mas assim que percebe que sou eu ela sorri e coloca sua mão quente em meu rosto fazendo carinho na bochecha. Ela sobe sua mão para meus cabelos e brinca com as pontas dos dedos, desce com a mão para meu pescoço, peito e para no meu abdômen.

— Você é real — diz por fim e eu lhe dou um leve beijo.

— Sim. E você é real... E completamente minha.

  Envolvo meus braços ao redor dela e a puxo para um abraço sentido o cheiro de morango que vem de seus cabelos. Ela encosta o rosto em meu peito e sinto o sorriso em seus lábios. Ela está feliz, está feliz comigo e eu estou feliz com ela mas por que não sinto que faço o certo? Provavelmente porque não estou fazendo, estou mentindo para ela e para mim mesmo, isso não vai para a frente mas ela acredita que vai, por um momento até eu acreditei. Meu celular vibra me tirando dos meus pensamentos, pego e vejo o nome de Lucius brilhar na tela.

— Trabalho gatinha, já volto.

   Me solto dela e levanto, coloco minha cueca e vou para o terraço para obter um pouco de privacidade. Sinto os olhos de Natalye em minhas costas.

Pode olhar paixão, esse pedaço de mau caminho é seu.

  Sorrio com o pensamento, dizer que sou dela parece um absurdo, mas é como me sinto,me sinto dela e sinto que ela é minha.

— Olá Lucius.
— Bom dia Abraão, espero não estar interrompendo. — como sempre, ele parece saber de tudo
— Mesmo que estivesse, acho que você não iria se importar. — ouço a risada rouca do outro lado da linha
— Preciso de você, tentaram roubar o armazém onde fabricamos nosso material de narcóticos.
— Não tem mais ninguém, tem que ser eu? — bufo irritado
— Só você consegue extrair informações como ninguém. Estou no aguardo, não me faça esperar muito.

    Ele desliga sem mais nem menos, já deve saber que estou na cidade senão não teria me ligado. Olhos por todo lugar, são nesses momentos que me pergunto se meu plano daria certo, se realmente vou conseguir largar essa merda de vida. Olho para Natalye, ela está de olhos fechados absorvendo o sol que entra pela janela. Como vou deixá-la? Como virarei as costas para ela? Não quero mais essa vida de merda, mas também não quero abandonar minha pequena, odiaria ver a decepção em seus olhos mais uma vez e saber que fui eu quem causou aquilo. De repente uma coisa louca passa pela minha cabeça... Se eu levar ela comigo? Será que ela seria capaz de largar tudo e fugir comigo? Será que ela aceitaria minha bagagem? Só tem uma forma de saber. Vou de encontro com Natalye disposto a lhe contar tudo, como comecei, como me enrolei e como pretendo fugir. Ela abre os olhos e sorri se sentando na cama, me sento ao seu lado e pego suas mãos olhando em seus olhos.