Natalye MillsOlho mais uma vez para o celular. Nada de mensagem, nada de ligação e as horas vão se passando. Não sei de Abraham, já está escurecendo e ele ainda não voltou, ele disse que voltaria logo. Sinto uma angústia em meu peito, um aperto que não passa desde a hora que Abraham saiu. As horas foram se passando e a sensação continuou, estou com um pressentimento ruim e não sei o que fazer e não saber o que fazer torna tudo pior. Levanto do sofá e vou ao banheiro tomar banho, deixo a água fria cair principalmente na nuca para ver se alivia um pouco a pressão que sinto ali. Fecho os olhos e tento relaxar, nesse momento ouço um pequeno ruído, pode não ser nada, mas meu coração se acelera pensando que pode ser Abraham. Corro e pego o primeiro roupão que encontro, um azul marinho, e saio correndo do chuveiro.
Ao entrar na sala, vejo Abraham de costas. Corro para ir a seu encontro, feliz por finalmente o ver porém minha felicidade se esvai quando vejo seu estado. Abraham se senta no sofá, vejo que está com uma camisa social branca, camisa que ele não usava quando saiu. A camisa está aberta, então posso ver a grande faixa enrolada em seu corpo, a faixa cobre toda a extensão de seu peito até desaparecer sobre suas calças, e devo ressaltar, calça que ele não vestia. Seu rosto está coberto de hematomas e cortes, alguns pequenos curativos presentes.
Abraham finalmente parece notar minha presença, ergue o olhar e me fita. Seus olhos se arregalam brevemente, deve ser apenas um reflexo de como estou. Olhos arregalados, boca aberta e em completo choque, é assim que me encontro. Vejo que ele está cansado, nem sequer consigo imaginar como chegou aqui. Sinto um desespero grande e corro para fechar as cortinas, não antes de dar uma espiada para fora. Corro até Abraham e sinto as lágrimas encherem meus olhos.
- Não chore maluquinha, eu estou bem - ele diz colocando uma mecha do meu cabelo úmido atrás da orelha.
- Bem? Você viu o estado que está? O que aconteceu ? - toco seu rosto e ele se remexe com dor
- Um desentendimento. Já está tudo resolvido, não se preocupe.
Me aproximo de Abraham e ele cheira a sangue e remédio. Esse cheiro me causa náuseas e me Afasto para não vomitar nele. Abraham no mesmo instante percebe e me olha preocupado, irônico pois o fodido aqui é ele. Sua mão vai de encontro com a minha e eu a seguro com firmeza, seus dedos estão quentes, ele deve estar com febre.
- Eu estou bem. Por favor me diga o que aconteceu, não minta para mim de novo.
Acho que as últimas palavras o atingem em cheio, pois ele encosta a cabeça no encosto do sofá e se cala por um momento, acho que para criar coragem e poder falar.
- Eu me desentendi com o chefe, mas como eu disse, já está tudo resolvido - ele me olha e aperta minha mão - Umas costelas quebradas não são nada, um amigo me levou a um médico de confiança e já estou bem, só preciso me deitar para descansar um pouco, se tiver tudo bem para você é claro.
- Mas que pergunta idiota - reviro os olhos, mas logo me arrependo da forma como falei - Vem, eu te ajudo.
Com dificuldade, Abraham se levanta e se apoia em mim. Sei que me usa apenas para manter o equilíbrio, afinal ele é muito pesado e eu não aguentaria seu peso. Pensar nisso me causa um desconforto maior, se alguém entrasse aqui eu não conseguiria o proteger, não seria capaz nem sequer de lhe erguer se caísse no chão. Antes que note já estamos no quarto, Abraham se deita e logo me sento ao seu lado. Coloco minha mão em sua testa sentindo as gotinhas de suor que se formam ali, ele está com febre.
- Você está com febre, precisa de remédio.
Me preparo para levantar e ir pegar algo para Abraham, porém ele segura minha mão, entre suspiros baixos pela dificuldade em respirar e diz que já foi medicado no hospital, que logo a febre passaria. Olho para seu rosto abatido, esta é a primeira vez que o vejo sem seu sorriso arrogante nos lábios, ou sem seu olhar desafiador e determinado. Abraham está a minha frente, apenas a casca de quem é. Eu gostaria de chamar quem é esse tal de chefe, faze-lo pagar por deixar meu amor neste estado, queria poder fazer justiça com minhas mãos. Suspiro frustrada, não posso fazer mais nada, apenas ficar ao lado dele até que melhore.
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Tão Proibido - Série Amor Fatal. Livro 2
Romance(+18) SEGUNDO LIVRO DA SÉRIE Natalye é uma mulher bagunceira que adora uma farra e a muito tempo nutre sentimentos por Abraham, irmão mais velho de sua melhor amiga. Abraham não tem compromissos sérios, dono de uma rede de boates e herdeiro de uma...