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Liam

Eu estava furioso. Tudo que planejei para ter uma noite especial com Noah foi por água abaixo, e isso exatamente porque ele decidiu cuidar daquele desgraçado. E simplesmente não pude dizer o real motivo de não concordar.

Noah ignorou todas as minhas mensagens. Tinha plena certeza de que demoraria a querer conversar, visto que ficou assustado com o tom que eu havia usado com ele.

Eu o julgaria ingênuo demais, ou talvez um pouco lerdinho, mas para ele, independente de como Léo o tratou, na sua concepção, não se pode abandonar um amigo, ainda mais quando ele precisa.

Um gesto nobre, eu diria, mas aquele infeliz claramente tinha muitas opções de ajuda. Manipular Noah com um discursinho barato funcionou, afinal.

Me arrependo imensamente de não ter acabado com ele quando tive a chance, mas não errarei de novo. Vou fazê-lo pagar; isso eu garanto.

[…]

Théo havia me informado sobre um devedor; iríamos receber o pagamento atrasado. Não estava em meus melhores ânimos, mas tinha de fazer meu trabalho.

O local combinado era a residência em que ele vivia. O lugar era bem conservado, apesar do acúmulo desnecessário de coisas e de uma enorme quantidade de poeira. Parecia que há séculos não faziam limpeza na casa.

Com todos aos seus devidos lugares, esperei pacientemente meu cliente. Sentado sobre o estofado espaçoso, passei a mão entre os fios emaranhados do meu cabelo, já sem paciência para tanto atraso.

— Onde está o imbecil? – pergunto a Théo, que simplesmente me lança um aceno negativo.

— Desculpe o atraso! – a voz surge quase estridente. A pessoa que adentra a sala em passos rápidos tem um semblante hesitante.

— Trouxe o dinheiro? – questiono sem rodeios.

— Está tudo aqui – ele entrega a maleta, e verifico se está com a quantia certa. —Agora não devo mais nada a você!

_ Está enganado; ainda me deve mais 5 mil – digo, sem importância, ao notar seu olhar acusador.

— Eu não tenho essa quantia – ele diz, exaltado. — 5 mil dólares?

— Problema seu. Estou sendo generoso ao não cobrar um valor mais alto – profiro, caminhando até ele. — Este é o juros por seu atraso de pelo menos um mês.

— Isso não é justo, Liam – sorri ladino, retirando a arma da minha cintura e apontando em direção ao seu rosto.

— Você não tem que questionar – digo, me divertindo ao vê-lo estremecer. — Apenas me pague!

— T-tudo bem, eu vou te pagar – ele garante, não retirando os olhos da arma.

— Ótimo. – digo, pegando a maleta e me direcionando à saída. — Tem dois dias, nada mais.

Viro as costas, saindo dali, sendo seguido por Théo. Deixei a arma e a maleta em suas mãos e adentrei o carro.

— Vamos embora logo – digo rapidamente, vendo-o concordar.

Durante o trajeto, Théo não retirou os olhos de mim. Sabia que ele queria perguntar o motivo de eu estar tão irritado e quis poupá-lo de questionar, finalmente falando.

— Sabe alguma coisa sobre o Noah? – pergunto ao estacionar o carro.

— Não sei, por que? – questiona, confuso.

— Tivemos um pequeno desentendimento; ele não quer responder minhas mensagens – digo, assumindo um semblante derrotado.

— Por causa do Léo? – concordo em uma careta, e ele sorri sem graça. — Entendo. Ele sabe o que faz; não se preocupe tanto.

— Esse é o problema; ele nem sabe com quem realmente está se metendo. Léo com toda certeza não vai ficar se fazendo de bonzinho por muito tempo – bato a mão no volante, querendo xingar aos quatro cantos da terra.

— Se está tão preocupado, por que não vai vê-lo? – pergunta, e eu apenas nego. — Vocês são dois cabeças duras, sabia?

— Ele nem me responde; com toda certeza não quer me ver.

— Nunca pensei que te veria assim – ele diz, sorrindo.

— Muito menos eu – rio sem humor.

— Vai ver que as coisas vão se acertar; tenho certeza – ele garante, dando tapinhas de leve em meu ombro.

— É o que eu espero.

.

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Duas semanas!

Já fazem a porra de duas semanas que Noah simplesmente me ignorou.

Eu havia seguido o conselho de Théo ao ir visitá-lo, mas a única coisa que ouvi dele foi um: "Vai embora!" O que resultou em eu ficar sentado à porta da casa de Léo enquanto esperava que Noah mudasse de ideia.

Eu até entendo o fato de ele estar magoado, mas ele sequer me ouve. Nem mesmo me deu a oportunidade de conversar, o que me irritou.

Porém, não sou o único a não falar com ele. Nick e Lara sequer conseguem dizer algo sem se exaltarem e ofender Léo, o que faz com que meu pequeno fique bravo o suficiente para não querer conversar.

Por serem seus melhores amigos, estão tão estressados quanto eu.

— Léo já está bem melhor pelo que vi; não entendo por que Noah ainda está lá – Lara diz ao se sentar no estofado perto de mim.

Eles me mantiveram informado sobre Noah durante as semanas. Ficavam praticamente o dia todo na minha casa, além de me atasanarem com diversos assuntos aleatórios.

— Provavelmente ele logo volta pra casa – Nick sorri e se levanta. — Vou comer alguma coisa; Nana faz maravilhas na cozinha!

— Vocês praticamente estão morando aqui, sabia? – arqueio a sobrancelha, sorrindo ladino.

— Nada disso; apenas estamos te fazendo companhia. Você não foi o único a ser ignorado pelo Noah! – Nick rebate, dando de ombros.

— Vocês são terríveis – digo, rindo desacreditado.

— Você também, porém não reclamamos – Lara ri e segue em direção à porta, saindo.

Sozinho, finalmente peguei um copo de whisky e beberiquei o conteúdo, sentindo-me inebriado pelo gosto da bebida. Durante os dias que se passaram, não tive problemas com o trabalho; tudo estava tão calmo que é até estranho.

Porém, minha mente durante todo o tempo tem se ocupado com Noah. Pensar no que pode acontecer com ele me deixa sufocado. Com esse pensamento, fechei os olhos e esperei adormecer; estava exausto sem nem mesmo ter feito nada.

Já devia ser tarde da noite quando despertei com meu celular tocando irritantemente. O peguei, ainda sonolento, e atendi, sendo surpreendido ao ver quem era.

Liam... – era Noah. Levantei, acabando por tropeçar e cair sentado, mas ainda assim fui capaz de responder rapidamente.

— Noah, o que houve? – a linha fica em silêncio, mas pude escutar soluços. — Está chorando?

Me ajuda – ele diz com a voz trêmula. Levanto, já pegando minhas coisas e saindo às pressas.

— Meu bem, me conte o que aconteceu – tento manter a calma, mas estava com o coração na mão. — Léo te fez algo?

Eu estou com medo – ele diz, quase num sussurro. — Por favor!

— Eu já estou indo, meu bem. Fique calmo – digo, ouvindo-o dizer um sim quase inaudível, mas logo depois desliga, me fazendo desesperar.

Fui até a garagem pegar o carro, adentrei-o rapidamente, ligando-o. Não me importei em estar dirigindo rápido demais; só queria chegar logo à casa de Léo.

Liguei novamente para Noah, porém todas caíram na caixa postal. Joguei o celular sobre o banco do carro, irritado.

Estava pedindo aos céus que não tivesse acontecido nada com o meu garoto.

Léo não iria escapar... não dessa vez!

Dangerous AtractionOnde histórias criam vida. Descubra agora