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Noah pov

Eu havia ficado exatamente duas semanas sem ao menos conversar com Liam. Não sabia o que estava sentindo, porém minha confusão com todos os acontecimentos me fez tratar todos ao meu redor com ignorância.

Não entendia por que Nick e Lara começaram a "odiar" Léo, porque tudo o que faziam era enchê-lo de xingamentos a qualquer oportunidade. Tudo bem que já tivemos vários desentendimentos, mas durante os dias que estávamos juntos, ele havia se comportado muito bem.

Liam até havia tentado me persuadir para que eu voltasse para casa, mas não teve sucesso. Eu relutava, embora o olhasse pela fresta da porta, notando que ele havia sentado sobre o mármore da escada me esperando.

Apesar de que tudo ao meu redor parece tão confuso, o fato que me preocupa é que meus pesadelos têm se tornado frequentes. Durante todas as noites, parece haver uma nuvem repleta de medo pairando sobre minha cabeça, e durante todas as noites, quando acordo, Léo está ao meu lado.

Não queria pensar tanto sobre o significado dos pesadelos, então decidi ignorar, mas não consegui fazer isso por muito tempo.

Em uma das noites, dois dias antes de finalmente decidir voltar para casa, deitei sobre o estofado da sala. Léo já estava muito melhor e no momento estava em algum cômodo da casa. Não me importei com mais nada ao meu redor, pois não demorou para que eu pegasse no sono.

Foi conta de minutos até que minha mente projetasse o cenário a que sempre estou em meus pesadelos. Era um quarto espaçoso; a mobília era completamente decorada com pinturas, havia garrafas de bebida espalhadas pelo chão e o teto era de um vermelho escuro.

Eu ouvia vozes, porém eram distantes, como se minha cabeça estivesse fora de órbita no momento. Meu corpo era agarrado fortemente e pressionado sobre a cama, não tinha forças para reagir. Foi quando uma voz ressoou rente ao meu ouvido, tão maliciosa e perversa que arrepios percorreram minha pele.

Vou me divertir muito com você! — disse, colando seu corpo ao meu. — Prometo que não vou te machucar.

Mesmo não conseguindo visualizar seu rosto, pude ver claramente um sorriso se formar em seus lábios. As carícias em minha pele se tornaram pesadas; o pânico se alastrou em minhas estruturas.

Eu queria gritar!

Um sufoco se formou em minha garganta e, com um sobressalto, acordei às pressas, recuperando aos poucos minha respiração, que estava ofegante.

Levantei com um pouco de dificuldade e me dirigi à cozinha, tomando uma grande quantidade de água. Minhas roupas estavam suadas como se tivesse corrido uma maratona.

— O que está fazendo? — Léo aparece de repente, me fazendo engasgar.

— Eu vou tomar um banho — digo rapidamente para evitar mais perguntas. Ele assentiu confuso.

Durante os dias, o notei um pouco fora do comum; ele nem ao menos me perturbou com o papo de gostar de mim e seu olhar tem se tornado observador.

Adentrei em passos rápidos o banheiro, tomando um longo banho. Depois de todo o processo, coloquei a toalha sobre minha cintura e fui em direção ao quarto, porém fui surpreendido ao ver Léo parar à minha frente, sorrindo ladino.

— Poderia me dar licença? — pergunto de modo breve. Ele percorreu o olhar sobre meu rosto e desviou para meu corpo seminu.

— Você é lindo, sabia? — diz com um sorriso cafajeste. — Não canso de olhar para você!

— Pois pode parar, eu preciso me trocar! — digo, me desvencilhando e trancando a porta do quarto sem tempo dele entrar.

Porém, não durou tanto tempo até que ouvisse a tranca ser aberta. Havia me esquecido de que normalmente Léo carrega uma chave reserva.

— Por que entrou? — pergunto, tentando de algum modo ignorar seu olhar sobre mim.

— Eu realmente não consigo aguentar — ele diz, se aproximando. — Te ter por perto me faz pensar em tantas coisas!

— O que você está dizendo? — digo exaltado.

— Você me provoca — ele sorri ladino. — Me deixa louco, sabia?

— Pare com essas brincadeiras — digo nervoso. — Não tem graça!

— Não é brincadeira — seu tom se tornou sério. Afasto-me ainda mais de si. — Você não vai fugir de mim!

Acabei encostando na parede no decorrer do tempo, uma boa oportunidade de Léo me encurralar, e foi o que ele fez, prendendo-me sob si.

Sentia sua respiração em meu pescoço; tentei levantar meu joelho para o acertar, mas ele foi rápido em me jogar sobre a cama.

Grudou seu corpo ao meu e aproximou sua boca de minha orelha, mordendo de leve o lóbulo, sussurrando em seguida:

Vou me divertir muito com você!

Meu corpo paralisou ao ouvir essas palavras; as lembranças passavam em minha mente, o medo gradativamente aumentava, tornando impossível conter uma lágrima.

Prometo não te machucar — disse, sorrindo ao ver meu estado. — Não chore!

— Você... você! — digo em choque, tentando assimilar a situação.

— Oh! Você lembrou, é? — ele não parecia afetado. — Lembra dessa sensação?

— Cala a boca!

— Lembra do meu toque? O quão assustado estava? — Ele havia soltado meus pulsos. — Você estava tão bêbado!

— Cala a boca, eu não quero ouvir — digo, tapando meus ouvidos.

— Não finja que não gostou — ele parecia fora de si.

Tentando reunir forças, consegui empurrá-lo e sair correndo, escutando seus gritos estridentes. Me escondi no quarto de limpeza; era mais como um cubículo.

Peguei meu celular com as mãos trêmulas, ligando para Liam. Ele atendeu rapidamente, minha voz soando falha por conta do choro.

Eu já estou indo, meu bem, fique calmo — o ouvi dizer e pude apenas pronunciar um sim sussurrante.

Tapei minha boca para tentar conter o choro alto; não pude evitar lamentar, me sentindo um completo idiota por nunca ter escutado os avisos sobre Léo.

Quando eu havia me tornado tão descuidado?

Será que o fato dele ter feito o que fez foi culpa minha?

Não consegui evitar pensar, sentindo-me pior ainda.

— Onde você está, Noah?! — Léo estava próximo à porta, mais alterado do que antes. — Eu sei que está aí!

Tapei os ouvidos para evitar escutá-lo; fechei os olhos fortemente e só os abri quando minhas mãos foram gentilmente seguradas.

— Eu estou aqui, meu bem!

Liam estava à minha frente e pacientemente se aproximou para me abraçar, envolvendo-me contra seu corpo num aperto aconchegante.

— Agora vai ficar tudo bem — acariciou meu cabelo com carinho. — Ele não vai mais te machucar!

Não fui capaz de pronunciar nenhuma palavra; estava tão desnorteado que sequer pude perguntar onde estava Léo.

Liam foi muito cuidadoso ao tocar em mim, me ergueu apenas para me pegar em seus braços, colocando sua jaqueta sobre mim. Escondi meu rosto em seu peitoral, gradativamente me sentindo sonolento.

Me levou para fora e, pelo que pude visualizar, me colocou no carro, deitando-me no banco.

— Leve ele pra casa; tenho algo pra resolver.

O ouvi dizer essas palavras antes de depositar um beijo em minha testa e sussurrar:

— Logo estarei com você, meu bem!

Sorri como se concordasse; ele deu sinal ao motorista para que desse partida, fechou a porta e me observou.

Fechei os olhos lentamente e finalmente adormeci.

Dangerous AtractionOnde histórias criam vida. Descubra agora