Capítulo 33

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Capítulo 33


A viagem até Helvécia durou mais ou menos cinco horas. Estela acabou adormecendo encostada a porta, o pescoço dobrado, os cabelos lhe cobrindo o rosto, a boneca Naninô agarrada ao peito. Marcus a observava com carinho e enlevo. Seu segurança, vez ou outra olhava a moça de esguelha. Pararam no meio do caminho para comer.

__Por que paramos? – Estela perguntou sobressaltada ao acordar de repente.

__Você quer comer alguma coisa? Ir ao banheiro? – Estela pensou antes de responder.

__Você vai descer também?

__Não, meu segurança foi buscar na lanchonete.

__Não tem medo de sair assim? Sabe que tem muita gente querendo matá-lo?

__Sim, eu sei. – ele falou calmamente. __Mas eu não achei certo mandar alguém buscá-la. Eu queria vê-la e... – ele suspirou e sorriu. __Não achei que viesse tão prontamente. Estela sentiu os olhos arderem, as lágrimas ameaçaram retornar.

__Não tenho mais onde morar. – ela falou por fim, não importando se a resposta fosse magoá-lo.

__Por que? A família que te adotou não a quer mais? O que houve? – ela mordeu o lábio inferior e deixou uma lágrima cair.

__Eu não posso mais viver com eles.

O segurança voltou com um embrulho de papel e copos com tampa. Estela se calou e Marcus não voltou a perguntar. Depois de comerem, seguiram viagem. Ela se manteve calada todo o tempo e seu pai às vezes comentava sobre Sonia e o neto, Claudio. Ela só ouvia e assimilava.

Quando chegaram a Helvécia, o carro seguiu para o bairro mais sofisticado da cidade. Marcus morava em uma casa grande e luxuosa, que ficava localizada no centro de uma chácara. Ele a levou para dentro e Estela ficou abismada com o luxo, olhava tudo com admiração. A governanta se aproximou e Marcus pediu que arrumasse o quarto de hóspedes para a jovem.

Depois de tomar banho e trocar as roupas que usava por um vestido novo, ela desceu para encontrar seu pai no escritório. Ela parou diante da porta e a governanta a anunciou.

__Senhor, a senhorita Estela está aqui. – Marcus levantou-se de sua cadeira e contornou a mesa vindo recebê-la. Estela caminhou até ele e estacou surpresa pela quantidade de livros na estante.

__Gosta de ler? – ele perguntou ao notar seu interesse.

__Eu... eu não tive muito contato com livros, mas gosto de algumas histórias.

__Pode ler o quanto quiser. – ele falou e esticou o braço em sua direção, tocando-a no ombro aproximando-a com carinho. __Venha, quero lhe dar um presente.

__Mais presentes? Eu encontrei o quarto cheio de roupas. Acho que nem vou conseguir usar tudo que está ali. - Marcus riu do comentário dela, deixando-a constrangida.

__Na verdade, quero lhe dar algo que foi de sua mãe. – Marcus abriu a gaveta e retirou o colar com o relicário. Estela arfou com a lembrança da joia no pescoço de sua mãe; ela esticou a mão e seu pai depositou o colar lentamente. Depois de olhar demoradamente para o objeto ela o abriu e as fotos dela e de sua mãe estavam lá, as lágrimas caíram quentes e cheia de dor, seu pai a abraçou.

__Não chore, eu... eu quero fazê-la feliz.

__Eu estou feliz. – ela respondeu parando de chorar e afastando-se dele. __É que...- ela suspirou, era difícil conversar com ele, depois de ter cultivado rancor por tanto tempo. __ eu achei que houvesse perdido todas as lembranças dela, quando perdi a boneca. E hoje eu a tive de volta e agora, isso. – ela ergueu o colar. __Eu estou feliz e triste ao mesmo tempo. - Marcus pegou o colar de sua mão e colocou em seu pescoço. Tentava empurrar para longe a lembrança do corpo carbonizado de Selena.

A promessaOnde histórias criam vida. Descubra agora