Capítulo 48

5 1 0
                                    

Capítulo 48


Naquela noite Estela e Filipe voltaram a Teldas, Marcus acabou sucumbindo aos desejos de sua filha, que o convenceu de que o quanto antes saíssem, mais rápido tudo se resolveria. E dessa vez levaram a chave da mansão que substituiu a casa onde Selena viveu.

__Satisfeita? – Filipe perguntou assim que atravessaram a porta, ela virou-se e sorriu.

__Sim, não ter que dormir em um daqueles pardieiros me deixa muito satisfeita. – Filipe a contemplou por alguns segundos e falou:

__Sua mãe não se importaria com isso. – ele se arrependeu no instante em que soltou a última palavra. Sabia que não deveria comparar as duas, Estela fechou-se, seu sorriso e o brilho em seus olhos diminuíram e ela saiu em direção ao seu quarto. Filipe a seguiu após praguejar em silêncio.

__Estela, abra a porta, por favor. Me perdoe. – ela não respondeu, mantinha-se calada, o coração ferido. Ele nunca a esqueceria, ela pensou com amargura e isso a atormentava, a dúvida se ele a amava por lembrar-se da mãe, ou por ela mesma. __Por favor Estela, eu sou um idiota, eu sei. Eu me sinto... – ele socou a parede frustrado. __eu disse aquilo por me sentir frustrado, eu quero lhe oferecer tudo isso e não posso. Sei que você pode escolher quem quiser para se casar. Alguém que possa lhe cobrir de luxo e conforto e...

__Acredita mesmo que prefiro o luxo a estar com você? – ela abriu a porta com violência e o encarou. Ele não respondeu. __Eu amo você Filipe e não ligo se tivermos que viver o resto de nossas vidas em acampamentos. Você é mesmo um idiota se não percebeu por que não quero ficar na pousada. – ela disse exasperada enquanto ele mantinha-se calado com olhos muito abertos e ela continuou quase em lágrimas. __Eu quero ficar sozinha com você. Mas você está sempre fugindo de mim, me evitando todo o tempo como se fosse errado me amar.

Ele não respondeu e Estela virou-se de costas, sentia-se envergonhada e não queria que visse suas lágrimas. Filipe entrou no quarto e fechou a porta atrás de si, ela se voltou surpresa, secou os olhos e antes que percebesse, ele a tomou nos braços e beijando-a a levou até a cama. Estela ficou atordoada por alguns segundos, mas logo correspondeu aos carinhos de Filipe e juntos tiraram as roupas. Com um sorriso, ela jogou a colcha e todos os bichinhos que enfeitavam sua cama no chão, deitando-se com os braços estendidos para receber, finalmente, o amor do homem que ela amava.

No dia seguinte, em Helvécia, Luciano encontrava-se com Walfredo, logo pela manhã na sede da Igreja de Nur.

__Vossa Reverendíssima, - ele fez uma pequena vênia __achei que não fosse conseguir vê-lo. Seus assessores disseram que estava doente? – Luciano perguntou ao final.

__Sim, quero dizer, eu só estou indisposto. – Walfredo levou a mão ao pescoço e o massageou, o movimento não passou despercebido por Luciano.

__Conseguiu resolver o problema que mencionou alguns dias atrás? – Walfredo o encarou com desconfiança.

__Ainda não. – Walfredo sentou-se atrás de sua mesa enquanto Luciano observava o local, era a primeira vez na sala do Bispo. Uma sala oval no alto de uma das torres do grande templo construído em honra a Nur, possuía vidros ao redor proporcionando uma vista quase em 360º da cidade de Helvécia, se não fosse por uma pequena parede atrás da mesa do Bispo, de onde saia uma porta. Luciano olhava as pessoas diminutas a caminharem lá embaixo e foi surpreendido pela questionamento do Bispo. __Por quê? Necessita do contingente que me forneceu?

__Não, não. – Luciano se virou para ele. __Só queria saber se precisa de mais alguma coisa. – Walfredo se calou por alguns momentos, talvez avaliando as intenções de Luciano.

A promessaOnde histórias criam vida. Descubra agora