Capítulo 11

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Capítulo 11

Estela estava agora com sete anos e, para a extrema preocupação de Cleonice, que a criava como sobrinha, ela começava a apresentar características bem especiais. Certo dia, enquanto brincava com Samuel, que agora tinha dez anos e adorava irritá-la, provocando-a com a boneca Naninô; Estela estilhaçou todos os vidros das janelas com um grito, assustando não só o menino, mas também Cleonice e alguns amigos próximos.

__Não sei se conto a Filipe. – falou Cleonice com Christiane, que depois das prisões de alguns de seus amigos na investida fracassada, resolveu voltar ao campo. __Ele anda muito preocupado com tudo que vem acontecendo.

__Não me admira! Perder o emprego agora é de deixar qualquer um atordoado.

__O que você faria em meu lugar Chris?

__Ela ainda não sabe controlar os dons que possui, talvez se você a ensinasse... poderia evitar que os outros fiquem sabendo.

__Como vou fazer isso? Por Nur! O que vou fazer? Será que Selena sabia que a filha também tinha poderes?

__Se sabia não contou a ninguém. Filipe não disse nada?

__Não. – Cleo passou as mãos pelo cabelo levando-os para trás__ Não sei como orientá-la – Cleonice se lamentava enquanto a menina corria ao redor da casa ora perseguindo o cachorrinho amarelo, que aparecera um ano antes e se tornara seu melhor amigo, depois de Samuel; ora sendo perseguida por ele, suas risadas ecoavam lembrando as mulheres, que ela era só uma menina como qualquer outra, e precisava ser feliz.

Em Helvécia, Sônia carregava a barriga de seu segundo bebê; o primeiro havia morrido aos sete meses de gestação, deixando Sara inconsolável, assim como Madalena.

__ O que faz de pé? Volte para cama já! – Sara a segurou pelos ombros e a levou até seu quarto.

__Mamãe, estou bem. – disse Sonia com sua voz mansa. __Eu só queria caminhar um pouco pela casa.

__Não pode. Não ouviu nada do que o Dr. Fabricio disse?

__Ele falou que posso andar pela casa se estiver me sentindo bem.

__Não quer arriscar perder outro bebê ou quer?

__É claro que não! – ela respondeu chorosa.

__Então deite-se agora! – Sara ordenou e Sonia obedeceu. Perder o seu filho tão perto do nascimento fragilizou seu casamento. Seu marido nunca verbalizou, mas a culpava com o olhar, achava-a fraca e incapaz. Sonia tentava agradá-lo de todas as maneiras, mas não tinha sucesso. Ele só a aturava por que agora seu pai era o Governador Geral, se não fosse por isso... sentia que ele a teria abandonado.

Naquela noite Luciano chegou tarde em casa e tentava não fazer ruídos para não acordá-la, mas seu esforço foi em vão, já que Sonia não estava dormindo.

__Onde esteve? – ela o surpreendeu sentando-se na cama. __É tão tarde!

__Volte a dormir. Não queria acordá-la.

__Não estava dormindo.

__Mas deveria. – ele falou e voltou a retirar as roupas.

__Não consigo. Eu passo muito tempo nessa cama, já dormi o suficiente para um ano inteiro.

__Isso é bom. Quando tiver que cuidar do bebê não sentirá tanto a falta do sono. – ele falou com sarcasmo. Ela se levantou lentamente a aproveitou quando Luciano entrou no banho, para verificar as suas roupas. Estavam cheirando a cigarro e perfume barato, ela sentiu as lágrimas inundarem seus olhos e segurou um soluço em seu peito.

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