Capítulo 47

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Capítulo 47


Uma semana se passou e Estela aguardava em casa uma mensagem de Filipe. Seu pai havia investigado com Luciano sobre Walfredo e nem mesmo ele sabia para que o Bispo precisava de um contingente de guardas, só o que soube era que ele precisava resolver um assunto relacionado a Igreja. Questionado quanto a legalidade do ato, Luciano disse que Walfredo não havia levado muitos guardas e que o Governo nunca recusou ajuda a Igreja antes.

Estela já estava impaciente com a ausência de notícias e buscava distrair-se preocupando-se com a irmã. Sonia a visitava todas as tardes antes de ir para a própria casa e às vezes levava Claudio para ver o avô.

Naquela tarde, Estela aguardava no escritório do pai, costumava ler e reler o diário que o pai fizera sobre sua mãe. Sentia-se mais próxima dela, conseguia entender a mulher que ela foi, as razões que a fizeram se sacrificar, deixando-a sozinha. Bem, não sozinha, sempre teve Cleonice e Filipe, mas sem a presença da mãe. Estava imersa em pensamentos quando a Governanta entrou e anunciou uma visita.

__Senhorita Estela, o senhor Bispo deseja vê-la.

__O quê? – Estela perguntou assustada, não havia percebido sua aproximação. A aparente segurança da casa de seu pai fazia com que ela se tornasse invigilante.

__O Senhor Bispo deseja vê-la. – a governanta repetiu. Estela respirou fundo e depois respondeu:

__Diga para ele entrar. – ela manteve-se de pé, atrás da mesa de seu pai. Walfredo entrou na sala com um sorriso no rosto, as mãos unidas na frente do corpo.

__Minha Cara, como está? – ele perguntou e olhou para trás, pois a governanta esperou por alguns segundos aguardando pelas ordens de Estela. Como ela não fez nenhum pedido, a mulher se retirou.

__O que faz aqui? – Estela perguntou acidamente.

__Vejo que está bem! – ele falou e se aproximou olhando ao redor em busca de um local para sentar-se.

__Meu pai não está e não temos nada para conversarmos.

__Pelo contrário, minha Cara, temos muito o que conversar. Acredito que esteja com algo que me pertence.

__O senhor está enganado. Não tenho nada que possa ser de sua propriedade.

__Então nega que esteve em uma propriedade particular, ameaçou pessoas inocentes e roubou materiais de trabalho?

Estela sentiu as vibrações que emanavam ao seu redor, Walfredo estava com muita raiva e mantinha-se calmo a muito custo. Ela sorriu e se sentou fazendo girar a cadeira ligeiramente.

__Não estou confirmando nada, mas...qual o seu envolvimento com a clínica de assassinos?

__Aquela clínica faz um trabalho de doação para mulheres carentes. Só as ajudo oferecendo tratamento adequado a saúde feminina.

__Então aborto é tratamento? Eu não sabia. – Estela falou com inocência fingida. __O Senhor não tem vergonha? Um homem velho e doente não deveria presidir a Igreja de Nur. É uma pena que nem...- Estela calou-se pois sentiu a presença de Sonia do outro lado da porta.

__E você quem pensa que é? – Walfredo perdeu a calma controlada. __Uma bruxa, como sua maldita mãe, não tem o direito de julgar um homem da Igreja.

__Um homem da Igreja, como disse, não deveria engravidar jovens inocentes e depois obrigá-las a matar o próprio filho.

__Nunca provará isso. Nem com o livro de registros, não há nada que me ligue àquelas mulheres. – ele falou com um sorriso sarcástico e continuou: __Todas pecadoras por me seduzirem.

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