Capítulo 31

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Capítulo 31


Uma semana depois, Estela já recuperada, voltava da casa da Senhora Lena quando foi surpreendida por Samuel.

__Oi Magrela! – ele apareceu ao seu lado fazendo com que ela se assustasse e desse um pequeno salto, ele riu. __O que houve com você? Não me sentiu chegar?

__Estava distraída. – ela falou e ajeitou a cesta com as ervas que colheu no jardim atrás da casa e entregou-a ao rapaz que estendia as mãos. Na verdade, ela pensava em Filipe e em como ele se afastou dela depois que chegaram em casa. Antes de partir pelo país em busca dos outros líderes, ele foi vê-la em seu quarto.

__Como está? – ele perguntou encostado à porta, mantendo-a entreaberta. Olhava para ela com uma expressão dolorida.

__Estou bem. – ela respondeu recostada no travesseiro. __Tia Cleo não quer me deixar sair. – ela sorriu.

__Ela está preocupada com você. – ele respondeu sem se mover.

__Você vai partir. – ela afirmou com tristeza.

__Sim, preciso contatar os outros, e telegramas não são confiáveis.

__Eu sei. – ela respondeu num sussurro.

__Eu... eu vim me despedir. – ela tentou conter um suspiro, mas ele escapou assim mesmo. __Então... até mais e se cuide. – ele fez menção de sair.

__Filipe! – ela o chamou e fez um movimento para frente. Esperava que ele voltasse e a abraçasse, que a beijasse, mas ele ficou parado, segurando a porta e olhando para ela. __Tenha cuidado. – ela finalmente falou.

__Eu terei. – ele disse e saiu. Estela escorregou para debaixo das cobertas e chorou até adormecer e o resto da semana passou e a dor diminuiu, não a dor física, está já não a incomodava mais, mas a dor da separação e da incerteza em relação aos sentimentos de Filipe.

Naquela noite teve um sonho perturbador. "O vento sacudia seus cabelos de um lado a outro, sentia o zumbido nos ouvidos e olhou as árvores ao redor. Estava em uma laje onde antes havia sua casa. A cidade de Teldas a frente, somente pontinhos brilhantes na escuridão da noite. Olhou para baixo e estava descalça, os pés nus saindo sob a barra do vestido.

__Selena?! – a pergunta vinda de trás alertou a presença de alguém. Virou-se devagar e o viu. Ele estava mais velho, mais rugas ao redor dos olhos e os cabelos quase todo branco.

__Não, eu sou Estela! – ele sorriu.

__Minha menina dourada!"

__Magrela. – Samuel a chamou quando percebeu que ela se calou. __Magrela? Estela, - ele a tocou no ombro __está chorando? – ela assustou-se com o toque e passou a mão no rosto.

__Eu... tive um sonho com meu pai esta noite. – ele sorriu encorajando-a a falar.

__Conte-me o que viu.

__A casa que morei com minha mãe. Ela estava destruída, não havia paredes, só a laje do piso sobre o barranco a beira do penhasco. – ela começou a relatar. __Meu pai, Marcus, estava lá e... – ela suspirou __Ele me chamou de Menina dourada.

Samuel franziu o cenho, sem entender.

__ "Minha menina dourada", era como ele me chamava quando eu era criança. Acho que ele me amava. – ela se calou. Samuel se calou também, depois perguntou quase num sussurro:

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