Capítulo 6

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Capítulo 6

Jordano contemplava a irmã ensaiando passos de valsa no gramado de casa pela vidraça do escritório do pai e sorriu.

__Qual o motivo desse sorriso? – sua mãe perguntou ao entrar no cômodo. Ele se virou e beijou em sua fronte.

__Sonia está dançando com o gatinho nos braços. – sua mãe olhou pela vidraça e sorriu com lágrimas nos olhos.

__Ela está linda! – a mãe comentou.

__E feliz. – o irmão completou. __Nem posso acreditar que semana que vem completará dezesseis anos.

__O filho do Antenor virá ao baile. – ela falou e deixou no ar as intenções de um futuro casamento.

__Mas já? Mãe, ela é tão jovem! Não é muito cedo para se prender a alguém?

__Não espero que se case agora. Mas que se comprometa com alguém, e Luciano me parece um jovem excelente.

__Não há dúvida de que é um bom rapaz. Estudamos juntos e sua carreira no exército é ótima, mas Sonia deveria ter oportunidade de conhecê-lo antes.

__E conhecerá, no baile. – a mãe respondeu com um sorriso vitorioso.

__Quem conhecerá quem no baile? – Marcus perguntou ao entrar.

__Sonia e Luciano.

__Ah! – Marcus concordou laconicamente. Não via com os mesmos olhos que sua mulher, as intenções de casar a filha tão cedo.

__Bem, vou deixar os meninos com conversas de meninos. – Sara deixou a sala permitindo que Marcus conversasse com o filho em particular.

__Então pai, qual o assunto urgente que me trouxe aqui. – Jordano perguntou com um sorriso acreditando que a urgência fosse algo relacionado à festa da irmã.

__Sente-se, por favor! – Marcus deu a volta em sua mesa escura a apontou a cadeira para que seu filho a ocupasse.

__Parece preocupado pai, o que foi? – Jordano sentiu a tensão no rosto do pai.

__Jordano meu filho, não sei se você tem conhecimento do que vou lhe dizer. _Marcus fez uma pausa. __Eu tenho contado com a ajuda de uma mulher que pode prever o futuro.

__A feiticeira de Tamara. – Jordano mostrou que sabia de quem se tratava; e Marcus confirmou com a cabeça. __Alexander, digo, o Governador Geral me falou a respeito. – Marcus não sabia se devia se sentir preocupado ou aliviado. __Pai, não se preocupe, sei que a mantém sob cárcere por um bem maior, para o bem do povo de Ofir. – ele falou e tocou no braço de seu pai com a mão.

__Achei que fosse questionar a minha atitude. Estava com receio de falar sobre ela, o Bispo me condena por usá-la como fonte de informações, mas...

__Eu entendo pai, eu entendo que para o bem daqueles que amamos, às vezes é necessário tomar medidas... não convencionais.

__Fico feliz que compreenda, por que o que tenho a lhe dizer é grave.

__Diga pai. – Jordano se inclinou apreensivo, o que a mulher poderia ter dito a seu respeito para seu pai mandá-lo buscar em Helvécia com urgência.

__Selena previu... ela previu a sua morte. – em um primeiro momento Jordano sentiu-se aliviado, achou que a revelação fosse algo difícil de explicar aos pais, mas depois a surpresa diante do que foi dito o tomou e ficou lívido, sem palavras. __Mas não se preocupe, agora que fomos avisados, isso não ocorrerá. – o pai apressou-se em tranquilizá-lo quando viu a sua reação.

__Como? – ele finalmente perguntou __Quando isso vai acontecer?

__Não vai acontecer, mas a visão era que ocorreria em Helvécia no dia do baile.

__Eu estarei aqui no dia do baile. – ele falou mais tranquilo. __Tem certeza que ela viu certo?

__Ela não costuma errar, mas... mas de qualquer forma, falta uma semana e eu lhe peço que não volte a capital, fique aqui conosco e nos ajude com os preparativos do baile de sua irmã.

__Pai, não posso, tenho afazeres em Helvécia.

__Tenho certeza que Alexander não negará isso a você.

Jordano pensou que certamente Alexander não se oporia, afinal ele fazia tudo que Jordano queria. A relação de amizade entre eles era bem mais que isso, mas infelizmente ninguém poderia saber. Seus pais morreriam de desgosto e o Governador Geral, com certeza perderia o cargo. Seriam considerados hereges pela igreja, seriam condenados por seu amor. Jordano finalmente concordou com um aceno de cabeça e um sorriso e encerrou o assunto.

Selena caminhava inquieta pela varanda de sua casa, observava a cidade de Teldas à distância e suspirava. Precisava falar com Filipe, urgentemente, mas não tinha como entrar em contato, ela ouviu sua filha chamar e entrou.

__Oi meu docinho.

__Mamãe, o homem mau vem.

__Eu estou aqui, ninguém fará mal a você. Foi só um sonho ruim. – ela a abraçou com carinho e a embalou em seus braços. __Oh! Senhor ajude-me, preciso de Filipe.

Neste instante Sara estava no centro da cidade de Teldas, com as mãos repletas de sacolas, vestidos, joias, sapatos, tudo que necessitaria para o baile e que fora adquirido no centro de vendas mais luxuoso da cidade. Ela caminhou apressada para o local onde marcara de se encontrar com Ramon.

__Senhora, está atrasada. – seu olhar negro como a noite a repreendeu deixando-a constrangida e irritada.

__Você não imagina como foi difícil sair da loja sem ser vista pelos seguranças.

__Então, o que a senhora quer? Já se decidiu?

__Sim. No sábado, quero um serviço limpo.

__O pagamento. – ele esticou a mão e Sara procurou em sua bolsa o dinheiro, entregando-lhe o pacote. __Pode ficar tranquila, - ele falou folheando o maço de notas __ficará livre da amante do seu marido.

Sara se levantou e lhe deu as costas com o rosto em brasa, nunca mais teria que passar por essa vergonha.

A promessaOnde histórias criam vida. Descubra agora