Capítulo 42

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Capítulo 42


Estela deixou a barraca, Filipe e Marcus continuaram conversando, mas ela não queria mais ouvir o que diziam; Samuel a seguiu.

__Aonde vai Magrela? – ele perguntou com um sorriso.

__Sam. – ela sorriu e exalou o ar tentando expulsar as sensações ruins causadas por trair a confiança de sua amiga. __Eu preciso de ar. – ela disse em seguida, ele não disse nada, só assentiu com um movimento de cabeça. __Sabe onde está tia Cleo?

__Não, talvez na cozinha.

__Eu vou procurá-la. – Estela deixou seu amigo para trás e caminhou, seguindo seus instintos, que a levaram ao rio, onde encontrou Cleonice debruçada sobre as pedras chatas da margem, lavando as roupas. __Tia Cleo. – ela chamou timidamente e Cleonice ergueu a cabeça e sorriu, retirando a roupa da água e torcendo em seguida, colocando-a dentro de uma grande bacia de metal.

__Minha filha, o que faz aqui? – Cleonice secou as mãos no avental e se aproximou da menina.

__Nós precisávamos conversar com Filipe.

__Nós? Quem?

__Meu pai, Marcus precisava falar com Filipe.

__Você o trouxe aqui? – ela perguntou preocupada.

__Ele insistiu, não consegui convencê-lo a não vir.

__Mas é perigoso!

__Eu sei. – ela respondeu e cruzou os braços como a se proteger. Cleonice abaixou-se para pegar a bacia, mas Estela a fez parar, falando novamente. __Tia, preciso conversar com alguém. – Estela mordeu o lábio superior tentando conter as lágrimas.

__O que é filha? – Cleonice largou a bacia no chão e tocou o rosto de Estela com ternura.

__Tia... aquele dia, quando nos encontramos... – Estela olhava ao redor sem coragem de enfrentar o olhar da tia. __Nós não falamos sobre o que houve em Tamara.

__Por que não há o que falar. – Cleonice a interrompeu. __Já disse que não tenho que perdoá-la de nada. Filipe é que...

__Não tia, não o culpe. – Estela a pediu com a voz sofrida. __Eu estou tão confusa.

__E eu não sei criança? Sei que está confusa e ele, sendo mais velho, deveria ter se controlado, agido com mais senso.

__Sabe, quando eu era criança, quando vivia com minha mãe, eu sentia medo de Marcus, mas não sei se era o meu medo ou o medo que ela sentia se refletindo em mim. Você entende? – Cleonice somente assentiu com um mover de cabeça. __Então, - ela continuou: __eu penso que, talvez o que eu sinta por Filipe seja o reflexo do que ela sentia por ele. O que acha?

__Não posso responder isso para você, minha querida. A única coisa que posso dizer é que ainda é jovem e terá tempo para entender os seus sentimentos.

__Não quero magoar Samuel, ele espera muito de mim e eu não sei o que sinto por ele ou por Filipe.

__Não se preocupe tanto, a maioria das jovens passam por isso. Faz parte do processo de se tornar adulta.

__É tão fácil falar. O meu coração dói e não consigo fazer nada para aliviar essa dor. Posso controlar tudo a minha volta e me sinto impotente quanto a isso.

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