DIAMOND [6] ⚡ MARAUDERS ERA

Capítulo 15

        O Natal era a época favorita de Narcissa. Os enfeites, as velas acesas, o cheiro a bolachas de gengibre que os elfos faziam para o pequeno-almoço todas as manhãs... Depois, o Ano Novo. A ideia de fechar um ciclo e começar outro dava-lhe a sensação de estar a recomeçar, de ter a oportunidade de ser melhor, de viver mais.

A festa na casa dos Malfoy seguia com toda a pompa e circunstância. As badaladas para a meia-noite não tardavam a chegar e os mais novos forçavam-se a aguentar, o sono a bater-lhes à porta.

Exceto Narcissa. Não sentia qualquer sono, os olhos azuis fixos num ponto distante, o coração acelerado. A adolescente não conseguiu deixar de suspirar, o rosto corado ao observar o rapaz que fazia todo o seu corpo tremer apenas por se aproximar. O fato preto feito à medida, os cabelos loiros num tom prateado que ela nunca vira em alguém, os olhos cinza gélidos e misteriosos... Tal como a maioria das bruxas de puro-sangue da sua idade, Narcissa não conseguia impedir o seu coração de bater por ele.

Lucious Malfoy.

O rapaz preambulara por ali toda a noite, exalando charme para meninas e senhoras, o copo de vidro com sumo de uva erguido como se de vinho se tratasse, o sorriso de lado, os lábios que tinham beijado as mãos das mulheres de forma elegante e respeitosa, o perfeito cavalheiro. Narcissa observara-o toda a noite, sobre o olhar atento da sua mãe. Tanto ela como o pai desejavam muitíssimo que Narcissa e Lucious se tornassem um casal, honrando a pureza de sangue e o nome da família de ambos. Bellatrix já tinha o seu próprio negócio resolvido: estava prometida a Rudolph Lestrange, descendente de mais uma das Vinte e Oito famílias da nobreza bruxa. A morena estava mais do que satisfeita com esse arranjinho, principalmente porque Rudolph a idolatrava desde muito cedo e Bella adorava ter alguém para fazer gato sapato.

Narcissa também não se importava nada em ter um negócio desse género se o rapaz escolhido fosse Lucious. Conheciam-se desde sempre mas não se podia dizer que eram amigos. Lucious era mais velho que ela dois anos, vendo-a como uma irmã mais nova e nada mais. Dava-se melhor com a sua irmã, que sempre fora mais desenvolta e pouco se importava com a diferença de idades. Na verdade, Bellatrix dava-se com todos os descendentes das Sagradas Vinte e Oito: o Zabini, o Nott, a Greengrass...

         A Black mais nova observou o rapaz que gostava subir as escadas, desaparecendo. De forma inconsciente, seguiu na mesma direção que ele, procurando discretamente entre corredores e salas escuras. A Mansão dos Malfoy era enorme e bela, tão requintada que Narcissa quase se imaginava a viver ali, sonhando alto como só uma menina da sua idade poderia fazer. Ela e Lucious faziam o par perfeito, sabia disso. Ele com os seus olhos cinza, ela com os cabelos loiros lisos, o rosto esculpido dele, a serenidade dela...

            Ao escutar vozes, estacou, permanecendo imóvel. O tom áspero de Abraxas Malfoy fê-la engolir em seco, ciente de que não deveria estar ali, muito menos a escutar a conversa dos outros. Segurando as barras do seu vestido, preparava-se para fugir quando ouviu a voz de Lucious, rouca e zangada:

- Porque as Ravenclaw não foram convidadas? Eu disse-lhe que era deveras importante que Cora estivesse aqui.

- Não te armes comigo, Lucious. Eu convidei as Ravenclaw e Aurora muito educadamente declinou o convite. - o som de vidro fez Narcissa inclinar-se, observando Abraxas servir-se de whiskey e bebericar antes de continuar - Ninguém mais do que eu desejo que cumpras com o que te comprometeste, Lucious, mas aviso-te: não estás à altura da competição.

- Do que o senhor está a falar? - perguntou Lucious, abanando a cabeça - Estou perfeitamente à altura da Ravenclaw, sou um Malfoy. É por isso que quero conquistar Cora e tê-la na mão. As Ravenclaw sempre acharam que estavam acima de nós, melhores que os mais puros, melhores do que todos. Se tiver Cora do meu lado, os Malfoy terão ainda mais poder e influência. Eu terei mais poder. Não posso viver na sua sombra para sempre, pai.