O Rei

16. O retorno do rei

A primeira carta de Seokjin não foi uma surpresa. Yoongi soube eventualmente que cedo ou tarde ouviria notícias de sua mãe adoecendo devido a morte de seu pai. O que não esperava, porém, era o que dizia a outra metade da carta. Ele se senta em sua cama improvisada, lendo as palavras novamente. É uma convocação para que volte para casa. Hoseok estava doente.

Yoongi escreveu uma resposta imediatamente, implorando ao médico para lhe dizer do que o ômega estava doente. Ele até implorou que usassem qualquer remédio que achasse que ajudaria. Pensando bem, fazia sentido Hoseok estar tão doente que exigiria uma convocação por carta. Tinha sentido as emoções de seu companheiro com mais força ultimamente e tinha sido quase agonizante trabalhar diariamente.

A segunda carta de Seokjin foi uma surpresa. Não era a resposta que ele esperava, certamente não. Na verdade, era exatamente o oposto. Yoongi esperava talvez uma lista de sintomas e uma teoria sobre o que poderia estar afetando o ômega, mas o que obteve foi uma frase simples que dizia: 'Venha para casa imediatamente, Majestade, é urgente.' Agora, isso fez o pobre alfa pensar que seu companheiro estava morrendo.

Claro que não poderia ser o caso, já que não sentia isso por meio do vínculo deles. Parecia que seu companheiro estava em um grande desconforto, mas não estava morrendo.

Quando era jovem, sua mãe o explicou que poderia sentir seu cônjuge morrendo como se fosse sua morte, e não era isso. Então, Yoongi ignorou o pedido, o que foi seu segundo erro da mesma variedade. Depois disso, Seokjin começou a enviar cartas em alta velocidade, todas pedindo que voltasse ao palácio e cuidasse do ômega. Ele não entendia o que havia de tão errado, por que ele precisava voltar se não era tão sério?

Yoongi não respondeu a nenhuma das cartas, ao invés disso escolheu colocá-las perto de onde dormia para reler sempre que se sentir desmoronando. Ele não podia ir agora, certamente Seokjin entendia? Tinha acabado de polir seus homens e agora eles estavam planejando melhores táticas de batalha para invadir a força inimiga enquanto ainda estavam em um cessar-fogo temporário. Eles precisam dele lá agora, não podia simplesmente largar tudo e ir embora.

- Sua Majestade? - uma voz fora de sua tenda chama. Era o Lee.

- Entre. - Yoongi chama, guardando a última carta que recebeu ontem à noite.

Lee chega com uma nova pilha de cartas nas mãos.

- Estas cartas foram entregues pelo mensageiro hoje de manhã e são todas para você e de sua pessoa favorita no momento. - ele diz com sarcasmo.

O alfa revira os olhos, estendendo a mão para a pilha. Yoongi folheou e com certeza são todas de Seokjin. Ele as abre, já sabendo o que estará por trás de cada uma. O que o surpreende, porém, é a urgência renovada por trás das duas últimas. Seokjin nunca foi de implorar, em todo o tempo em que o conheceu, mas estava agora. Ele mais uma vez insiste que Hoseok está doente e que precisa que volte para casa imediatamente.

O alfa sente a preocupação passar por seu coração, mas é rapidamente superada por um sentimento agudo através do vínculo de companheiro. Agonia, pura agonia.

- O que há de errado, Sua Majestade? - Lee pergunta, aproximando-se com cautela. Ele mantém uma distância respeitosa enquanto também se inclina para olhar o rosto do alfa.

Yoongi não tem tempo suficiente para analisar essas novas emoções antes que uma onda diferente apareça. Seu companheiro estava desconfortável de novo, ainda com dor, mas é mais como um fogo lento. Ele nunca se sentiu tão forte e exigente antes. O alfa ergue os olhos, olhando para seu segundo em comando, mas sem realmente vê-lo.

Ele ignora o chamado do outro e, em vez disso, escolhe se levantar e começar a se vestir. Ele precisa ir, imediatamente. É como se estivesse entrando no piloto automático, juntando seus itens em sua bolsa enquanto Lee tenta argumentar.
Yoongi tropeça para trás enquanto sai da tenda. Os homens que estavam parados ou passando pela área agora param e observam sua caminhada em direção aos cavalos.