O Rei

22. Amor e cuidado

Uma fração de segundo depois que Yoongi acorda, ele se sente bem. Tudo está flutuante e quente, seu cérebro não está totalmente acordado, agradavelmente feliz com o mundo ao seu redor. Mas, depois desse segundo, ele se lembra da dura realidade que sua consciência deixou para trás.

Sua cabeça dói, sua pele está fria e úmida. Seu braço direito está dormente, uma sensação horrível de alfinetes e agulhas percorrendo-o. As bordas ficam quentes e é ali que as agulhas esfaqueiam ainda mais. Se ele fechar os olhos, jura que consegue sentir sua mão, os dedos balançando de desconforto. Mas não está lá, desapareceu.

Provavelmente eliminado neste momento, ou talvez ainda esteja naquela tenda logo acima da colina?

- Sua Majestade? - uma voz familiar diz de algum lugar ao seu lado. É Lee, ele está parado de lado falando com um médico.

É quando Yoongi percebe onde está. Na tenda médica no acampamento, deitado na única maca disponível. Ele pisca mas não fala, ainda se sentindo pesado e lento. Lee se aproxima rapidamente, interrompendo a conversa com o médico para atender seu rei. O beta cai de joelhos ao seu lado, seu cheiro de chocolate cheio de preocupação, mas ao mesmo tempo tingido de alívio.

- Quanto tempo eu fiquei fora? - Yoongi pergunta, sua voz áspera e sua garganta arranhando. Ele tosse violentamente no ar.

Lee estremece um pouco, sua mão imediatamente mergulha no bolso do uniforme para tirar um lenço. Ele entrega para o alfa, que o pega e cobre a boca.

- Uma semana e meia. O médico disse que estimou mais, mas parece que você superou as probabilidades, como sempre. - a boca de Lee se abre em um sorriso torto e amargo. - Você perdeu muito sangue e seu corpo entrou em um choque realmente potente. É um milagre que não tenha morrido, senhor.

- Uma semana e meia?! - Yoongi engasga, tentando e não conseguindo se sentar. Ele imediatamente teve outro ataque de tosse, o lenço voltando aos lábios.

- Não se preocupe, Majestade, a guerra acabou, você não perdeu nada. O que restou de sua cadeia de comando assinou uma rendição há apenas alguns dias. Os homens vivos estão se preparando para embarcar de volta para casa mais tarde.

Yoongi se sente amargo então. Sim, ele não perdeu nada quando na realidade perdeu tudo. Sem dúvida o reino inteiro já ouviu falar do seu fracasso e está esperando até que volte para casa para envergonhá-lo. Ele será rotulado como o pior rei da história do reino, sem dúvida.

O alfa não quer expressar isso, com medo de que Lee lhe diga que é verdade. Mas parece que ele nem precisa falar porque o beta imediatamente abre a boca para falar novamente.

- As pessoas não sabem nada além de que a guerra acabou. - o beta diz. - Ninguém divulgou uma declaração oficial. Eu não queria fazer isso até que você acordasse e desse a última ordem.

- Acho que nunca vou querer contar a eles, por mais egoísta que pareça. - Yoongi murmura, optando por falar baixo para não provocar outro ataque de tosse.

Lee dá de ombros.

- Você pode pensar diferente, Majestade, mas é o alfa mais corajoso e forte que conheço. Seu povo irá amá-lo independentemente do que aconteceu. -  ele insiste e Yoongi não diz mais nada.

Na verdade, ele simplesmente fecha os olhos e ouve o leve som do vento do lado de fora da tenda. Depois de cerca de um minuto, seus ouvidos se animam ao ouvir uma conversa, mais especificamente pela familiaridade dela. Por uma fração de segundo ele jura que está sonhando, jura que morreu por um momento e foi para o céu porque de jeito nenhum ouviria isso em um lugar como este.

Mas, no momento seguinte, ele sente uma onda de amor inundar seu vínculo e então a aba da tenda é aberta e o doce cheiro de menta preenche seus sentidos.