19. Instintos

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Yoongi saiu de casa há três semanas.

Já fazem três semanas desde a última vez que viu seu ômega e três semanas desde a última vez que se sentiu completo. Ele não teve muito tempo para pensar nisso, entretanto, já que estava constantemente ocupado planejando táticas de batalha e mantendo seus homens à tona moral, física e financeiramente.

À medida que o inverno se aproximava, era mais uma vez a hora de mudarem seu modo de viver para garantirem a sobrevivência, os suprimentos estavam se esgotando e o dinheiro também. Yoongi sofria junto deles, a horrível fome em seu intestino estava consumindo quase todos os seus pensamentos ao acordar. Quase. 

Ele se pegava pensando em Hoseok sempre que sentia uma onda de preocupação ou ansiedade por meio do vínculo deles. Ele sabia que o ômega estava se reunindo com embaixadores e fazendo o seu melhor pelas tropas, o que provavelmente explicava todas as mudanças extremas de humor. Sua mãe costumava ficar mal-humorada sempre que tinha essas reuniões, infelizmente é assim que a política é. 

Yoongi também se peava pensando no companheiro enquanto se deitava sozinho em sua cama improvisada, pensando em como era frio (metaforicamente falando, é claro). Ele escreveu na semana passada, mas não foi nada mais do que uma atualização formal sobre as condições atuais da fronte. Porém, anexou uma pequena nota desejando-lhe boa sorte com as futuras reuniões.

Ainda estava pensando em Hoseok enquanto caminhava pelo acampamento, fazendo um pequeno check-in com alguns soldados e ganhando tempo antes de outra reunião com seus subordinados, estes que têm estado exponencialmente melhor desde que chegou pela primeira vez. Mesmo que estejam sofrendo muito, eles ainda estão indo muito bem. 

Yoongi não poderia estar mais orgulhoso e fazia questão de dizer isso a todos sempre que se reuniam para as poucas refeições.

— General Min! —  uma voz ansiosa o tira de suas reflexões, fazendo com que direcione sua atenção para o beta correndo em sua direção. É o seu segundo em comando. O cheiro de chocolate do Lee é enriquecido com uma preocupação potente, fervilhando quando ele para em sua frente.

— O que há de errado? —  o alfa pergunta, estendendo a mão para tocar o ombro do outro homem. 

Lee respira fundo antes de começar. 

—  Os batedores voltaram de seu dever e não voltaram sozinhos. — o homem faz uma pausa, apontando por cima do ombro para a trilha à frente. —  Eles encontraram alguém, e acham que pertence ao lado inimigo!

Yoongi nem espera o pobre homem terminar. Ao invés disso, ele corre imediatamente na direção que ele apontou, mas este o alcança rapidamente, o guiando pelo resto do caminho. Com certeza, há três homens da equipe de olheiros de hoje e um quarto homem entre eles. O quarto parece espancado e machucado, sendo apoiado por dois dos batedores, com a cabeça baixa e o queixo tocando o peito.

— Ele está vivo? — Yoongi pergunta, indo imediatamente inspecionar o estranho. 

Um dos batedores acena com a cabeça. 

—  Porém, já o encontramos dessa forma. —  um deles explica e imediatamente o alfa o reconhece como um dos médicos. 

Todos os batedores são obrigados a levar um médico com eles em caso de lesão entre o grupo. 

— E você já falou com ele? —  Yoongi pergunta, levantando a cabeça do estranho na tentativa de olhá-lo nos olhos. Mas o homem parece completamente morto para o mundo. 

Seus olhos não conseguem focar, girando nas órbitas e piscando rapidamente. Mesmo com o tempo frio e o uniforme obviamente quente que ele usa, sua pele está bastante úmida. Pelo seu estado, ele provavelmente estava morrendo.

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