Twice Love

18. Dream With Me Too

Lauren Jauregui Point Of View

Christopher estava triste, dois dias sem sequer sair do quarto. Mamãe e eu tentávamos de todas as formas convencê-lo a se animar e comer algo melhor do que salgadinhos. Me preocupava essa situação, foi um choque e tanto saber que Camila houvera terminado com ele, a todo momento eu tentava não associar o término à mim, meu cérebro se mantinha em constante culpa e o meu coração fugia da realidade com teorias ilusórias sobre a possibilidade dela me amar. A questão era que eu não poderia abandonar meu irmão para correr para os braços da latina, sem nem sequer me importar com os problemas ao meu redor e tudo o que isso implica. Como Christopher se sentiria sabendo disso tudo? Inadmissível. Parece errado demais.

Duas batidas na porta. Quatro batidas. Estava impaciente, apesar de ser o nosso quarto eu respeitei seu espaço, dei o tempo que fosse necessário para refletir sobre a própria vida. Contudo, já era hora de deixar isso pra lá, de seguir em frente e eu não o deixaria sozinho, ele não me deixaria sozinha se fosse o contrário, e é isso que me mata por dentro.

Fui respondida depois de um tempo, o garoto abriu a porta meio relutante. O cheiro que emanava do quarto não era nada bom, mas eu tentei ignorar esse fato. O analisei de cima à baixo, Christopher estava de pijama, seu rosto apático foi o mais difícil de encarar de tão perto. Engoli em seco, algo dentro de mim se partia ao vê-lo em uma situação tão deplorável.

- Eu sei que também é seu quarto e peço desculpas por te privar disso... Você pode entrar. - Pra minha surpresa, ele quem começou a falar.

Me mantinha em um estado de choque interno, eu não encontrava as palavras certas para conversar com ele, talvez eu estivesse mais nervosa que o normal. Eu assenti com a cabeça e entrei, encontrando um quarto completamente bagunçado, com pratos e copos sujos de seu consumo próprio. O videogame ligado e em pause, só agora percebia que ele usava fones de ouvidos, os mesmos estavam pendurados envolta de seu pescoço.

- Estamos preocupados com você. - Quando falo isso, digo em nome da família. Mamãe e papai já não sabiam o que fazer sobre o caso de meu irmão. - A pressão da mamãe caiu duas vezes. - Ele me olhou preocupado e eu rapidamente o tranquilizei. - De forma ficcional, é claro. Você sabe que ela tem dessas, de achar que a pressão está caindo, mas quando checamos ela estava na média saudável. Mamãe pode ser um pouco dramática as vezes. - lhe mostrei um sorriso envergonhado, coçando a nuca, isso o fez retribuir meu gesto.

- Ela consegue ser bem dramática quando quer. - Concluiu e eu concordei balançando a cabeça. Chris soltou uma lunfada de ar pela boca, olhando para o chão. Mudança drástica de humor. - Isso tudo... Dói um pouco. Só quero que passe, sabe? Não quero que ninguém me veja assim, eu não sou esse cara. - Sentou na cama atrás de si e eu fiz o mesmo, não desviando o olhar por sequer um segundo.

- Dói porque existia um vínculo e quebrar isso é muito difícil. Quero que saiba que essa dor passa e só depende de você para decidir por quanto tempo ela vai persistir aí dentro. - Apontei para seu peito, tocando na região do seu coração. - A verdade é que nunca se sabe quando vai se apaixonar e quando irá se magoar, mas dá pra filtrar tudo e retirar as melhores partes de tudo isso. Afinal é isso que viver é, é sentir e sentir é humano. Outras garotas virão. Outros amores virão. Acho que deveria pegar esse tempo pra você, focar em você e nas suas coisas, tentar ocupar a mente com coisas que te façam bem. Você pode começar essa mudança arrumando nosso quarto, sabia? - Brinquei um pouco ao concluir, afim de descontrair aquele clima.

Grande parte das coisas que eu o dissera funcionaram para mim nas noites em que eu me sentia inconformada com a ideia de que eu não poderia controlar nada além das minhas próprias escolhas e as vezes nem isso. O amor nos sujeita à exposição, nos abdica da individualidade, nos torna vulneráveis a algo.