O5. That Should Be Me

1.3K 98 25
                                    


Lauren Jauregui's Point Of View

Sentei-me no banco de madeira, passando os dedos sob as teclas. Suspirei alto e inspirei em seguida. Talvez eu devesse tocar um pouco para me distrair até que o intervalo acabe. Já havia se passado uma semana desde a festa em que eu havia perdido sanidade total por algumas horas, o que foi o suficiente para que eu já fizesse coisas as quais eu não pensava em fazer na minha vida inteira. Achei que depois daquilo que falei para Camila, ela iria contar para Christopher e teríamos que nos entender depois, mas isso não aconteceu, ao menos não parece ter acontecido, porque meu irmão continua o mesmo comigo. Não entendo o motivo pelo qual ela não contou, mas procurar saber não é o que eu farei. Eu estava fugindo de tudo que envolvesse Camila Cabello, até mesmo das aulas de química. Vou pedir que me transfiram de turma se necessário, já que não posso ficar perdendo aula no meu último ano no High School. Talvez o motivo de minha atual aversão à garota que me causa suspiros e ocupa minha mente seja a vergonha. Eu não deveria ter sido rude com ela, ou sequer falar aquelas coisas para ela. Ela definitivamente não precisava ouvir aquilo e mesmo que Normani tentasse me convencer de que coisas assim acontecem e que eu posso justificar o acontecimento com a desculpa de que o alcóol havia tomado meu corpo e eu estava fora de mim, mas eu sei que Camila não é burra, ocupo maior parte do meu tempo pensando se ela percebeu que eu gosto dela de uma forma que não se deveria gostar. Cheguei a formular tantas teorias que comecei a pensar que é melhor não pensar nisso e evitá-la até o final do período estudantil, então eu irei para longe dela, em uma faculdade no Brasil quem sabe.

Iniciei com um Dó Sustenido Menor, depois Lá, Mi e Si, repetindo a sequência em uma sequência. A melodia de That Should Be Me do Justin Bieber me veio a mente e com sorte havia conseguido lembrar das notas.

— That should be me holding your hand... — Minha voz soou fraca, mas eu logo pigarrei, continuando a sequência de notas, só que mais devagar. — That should be me making you laugh. That should be me, this is so sad. That should be me, that should be me. That should be me feeling your kiss. That should be me buying you gifts. That should be me buying you gifts. This is so wrong, I can't go on Till you believe. That should be me. — Respirei fundo, tocando a última nota. — That should be me. — A última frase saiu apenas como uma fala, enquanto eu fitava o nada.

Definitivamente deveria ser eu.

— Quanta melancolia! Consegui ouvir lá do corredor! — Normani falou alto ao entrar, causando um eco na sala de música e consequentemente me assustando. — Que depressão é essa? Ainda sofrendo pela Cabello? Definitivamente uma vergonha. — Olhei para ela, vendo-a balançar a cabeça em negatividade.

—— Não se pode mais tocar e cantar algo mais lento que você já me considera uma depressiva? — Questionei, arqueando as sobrancelhas.

—— Quer que eu leve em consideração o fato de que você parece estar morrendo de amores quando canta? — Ela me devolveu com uma pergunta irônica e eu apenas revirei os olhos. —- Não seja anta! — Senti seu tapa em meu braço quando eu já estava de pé.

—— Ouch! Isso doeu! —- reclamei, massageando a área atingida.

—— Isso é pra você acordar pra vida. Ainda estou enjoada e enojada pelas coisas que você me fez ouvir quando estava bêbada. — Colocou as mãos na cintura. —— Aí, Camila isso. Camila aquilo. Camila, por que não me ama? Ah, meu irmão não te merece. Camila, meu amor! — Imitava minha voz e gesticulava de um jeito dramático, fazendo-me bufar.

—— Vai se foder! — Esbravejei, pegando minha mochila.

—— Oh, não saia do seu esconderijo secreto. Camila pode estar lá fora e te encontrar! — Continuou com a zombaria e eu já estava aborrecida demais com aquilo.

Twice Love Onde histórias criam vida. Descubra agora