Michael Gutierrez:
Várias horas já haviam se passado, e meus ouvidos ainda zumbiam com as palavras de Allan quando ele me entregou um cartão do banco antes de sairmos do quarto pela manhã.
Para ser honesto, sabia muito pouco sobre o homem que era meu namorado. Além dele pessoalmente dizer que confia firmemente em mim, eu não sabia mais nada sobre ele além do que via na ficha quando revisava para ver se Calvin poderia adotar Jonathan.
Eu nem sabia muito sobre sua família. Como também não sabia de onde tirei coragem para chamar aquele homem com quem só falei algumas vezes antes e, ocasionalmente, por mensagem, para sair.
Bobby e Alberto Coppola, os sobrinhos de Allan, me olharam enquanto eu ainda analisava o cartão do banco. Jonathan, que estava ao lado dos meninos mexendo no celular, também me observou com um pouco de curiosidade.
O cartão parecia um símbolo de confiança, um gesto inesperado que me fez questionar tudo o que eu pensava saber sobre Allan. Senti um misto de ansiedade e esperança, uma faísca de algo novo e desconhecido. As perguntas sobre Allan e sua vida se amontoavam na minha mente, e o peso do mistério parecia quase tangível.
Os olhos curiosos de Jonathan e os olhares atentos de Bobby e Alberto tornavam o momento ainda mais carregado de significado. Era como se todos aguardassem para ver o próximo capítulo dessa história que começava a se desenrolar diante de nós.
— Acho que você está pensando demais nessa situação, só porque meu tio deixou um cartão com você — disse Alberto, e eu o olhei incrédulo. — Vocês estão namorando, não estão? Então ele vai ficar meio bobão com você e seus cuidados.
— Olha quem está falando sobre bancar o bobão — ouvi a voz de Anastácia atrás de nós enquanto trazia uma bandeja para o café dos meninos. — Menino, você está ainda mais bobo namorando do que o normal. Então não venha dizer nada sobre seu tio Allan ser um namorado bobo e gentil.
O comentário de Alberto me pegou de surpresa, mas a intervenção de Anastácia arrancou um sorriso involuntário. Ela sempre tinha uma maneira de colocar as coisas em perspectiva com seu jeito direto e sincero. Olhei para o cartão mais uma vez, sentindo uma mistura de nervosismo e gratidão.
Anastácia colocou a bandeja na mesa, e os meninos imediatamente se voltaram para ela, animados com o café da manhã. A atmosfera se suavizou, e o peso do mistério sobre Allan foi momentaneamente aliviado pelas risadas e brincadeiras ao redor da mesa.
Enquanto observava a cena, não pude deixar de me sentir um pouco mais conectado àquela estranha nova família. Talvez, pensei, esse cartão fosse mais do que um simples gesto de confiança; talvez fosse o começo de algo mais profundo e significativo.
Na verdade, eu não tinha qualificações para ser mostrado aos outros. Só podia ser exigente comigo mesmo.
Porque não podia ser exigente com os outros, quando tive o primeiro encontro com Allan, cheguei quinze minutos adiantado ao local combinado. Se não conseguisse obter uma vantagem em termos de minhas próprias condições, só poderia me esforçar em outras áreas, na esperança de deixar uma boa impressão.
Allan veio vestido com um traje formal, que transmitia a importância que ele dava ao encontro, fazendo-me sentir que minha primeira impressão não tinha sido ruim. Depois de uma conversa simples e normal, ficamos educadamente tirando sarro um do outro enquanto comíamos em silêncio. Allan falava algumas palavras comuns, mas sua voz extremamente magnética fazia com que tudo soasse incomumente agradável.
Desde então, começamos a namorar. Agora, estou até dormindo na casa dele e já deixando algumas coisas por aqui.
— Agora, comam. Vocês precisam — disse Anastácia, voltando para a cozinha. — Nada de desperdiçar comida.
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Renascimento do Amor (Mpreg) | livro Um - recordando o Amor
RomanceAlan Jones se fechou para o amor após a trágica morte de sua esposa, apesar de ter prometido a si mesmo nunca se afastar desse sentimento. A dor da perda o fez construir muros em torno de seu coração, isolando-se emocionalmente do mundo à sua volta...