Valentina dormiu com Juliana nos braços pacificamente aquela noite, mas ela se levantou muito cedo e decidiu fazer alguma coisa para tentar remediar o erro, então arrumou cuidadosamente a esposa nas almofadas e saiu para ir para a casa principal.
Ela subiu as escadas e bateu na porta.
—Mãe? _ela ouviu um movimento lá dentro e alguns segundos depois Lúcia abriu a porta.
—Qual é o problema? _disse a loira mais velha com uma cara assustada enquanto amarrava o robe.
—Nada para se preocupar é que eu preciso de um favor.
Lúcia deixou escapar um ar de alívio.
—Diga.
—Vou sair para fazer algo e quero fazer antes que a Juls acorde, mas não quero deixá-la sozinha.
Lúcia estreitou os olhos observando sua filha.
—Ok, vou ficar com ela.
Ela sabia que algo estava acontecendo.
—Vou tomar um banho, obrigada mãe. _ela disse antes de se preparar para sair rapidamente.
Lucia, foi até a mesinha de cabeceira pegou seus óculos e foi até a casa de hóspedes com um livro na mão, abriu a porta com cuidado e foi até a pequena cozinha e sentou no bar para ler.
—Ugh.
Ela ouviu um gemido.
Lúcia foi capaz de ouvir quando ela estava imersa em sua leitura e fechou o livro.
—Oh não, não. _Juliana disse com voz angustiada.
—Juli. _A loira se moveu rapidamente para alcançar a morena na cama.
—Banheiro. _foi a única coisa que ela disse, enquanto tirava as cobertas.
Lúcia moveu-se rapidamente para ajudá-la a sentar-se na cadeira e carregou-a o mais rápido que pôde, chegando ao banheiro bem a tempo de Juliana se inclinar.
***
Valentina voltou para casa.
—Bom dia. _disse ao ver que Juliana já estava acordada, mas ela fez beicinho logo que viu que estava deitada de lado com a cabeça apoiada em uns travesseiros no colo de Lúcia, enquanto ela acariciava seus cabelos.
Caminhando em direção a elas, Valentina subiu na cama e tocou seu rosto, sorriu e Lúcia falou.
—Tivemos um despertar um tanto desconfortável, mas está tudo bem agora, ela tomou seu chá com biscoitos.
Valentina deu-lhe um beijo na cabeça.
—Minha princesa, trouxe uma coisa para te animar.
Juliana se encostou na cama e começou a se endireitar. Ambas as mulheres a ajudaram a se acomodar contra o encosto da cama. Em seguida, Valentina foi até o reprodutor de DVD, ligou-o e colocou um disco nele, depois ligou a televisão programando-o para mostrar a imagem do reprodutor.
Ela agarrou o banquinho que estava perto da cama e colocou ao lado de Juliana. Com a mão direita pego o controle remoto dando-lhe um toque, com a esquerda procuro a mão de sua esposa.
A tela mostrava uma planilha em preto e branco, após alguns instantes focava bem e Juliana sorria ao reconhecer que sim, Valentina aumentava o volume e podia ouvir as batidas rápidas após alguns instantes.
Valentina havia voltado ao hospital com o único propósito de conseguir uma cópia do arquivo de imagem que eles tinham de sua esposa. Ontem com tudo, esqueceram de perguntar sobre isso, como tinha sido feito com urgência, não era costume deles entregar. Então ela só precisou sorrir e solicitar.
Mesmo assim demorou mais do que ela pensava, pois ela teve que esperar todo o processo. Ela queria voltar antes que Juliana acordasse e tivesse tudo pronto para ser a primeira coisa que ela visse assim que abrisse os olhos.
Juliana mordeu o lábio inferior levantando as mãos entrelaçadas e dando-lhes um beijo nas costas.
—Obrigada por isso.
Valentina deixava o som envolvê-la enquanto não tirava os olhos da pequena sementinha que aparecia na tela, os seus olhos azuis se cristalizavam de todas as emoções que a percorriam.
A morena encostou a cabeça na cabeceira da cama agora juntando as mãos na parte inferior do abdômen e Valentina se virou para vê-las e então conectou seus olhares, levantando-se levemente para beijá-la na boca.
Quando elas ouviram um leve soluço, elas soltaram os lábios e se viraram para ver uma Lúcia comovida do outro lado da cama.
—Aww mãe. _disse Valentina.
—Meu Deus, quantos anos eu tenho? _Lúcia disse, notando sua recente fraqueza diante de tudo o que tinha a ver com o novo membro de sua família.
Juliana riu.
—Se te deixa mais feliz quando ele crescer, ele poderia te chamar de qualquer outra coisa ao invés de vovó, você sabe para não se sentir velha.
Valentina saiu da conversa, o batimento cardíaco acelerado capturando sua atenção novamente, ela abaixou o volume e enquanto sua esposa e mãe continuavam falando ela colocou a outra mão no abdômen da morena.
*** Flashback on ***
Estavam na terceira reunião após terem assinado o termo de confidencialidade com a Eiza. Renata estava em Nova York contatando uma das Produtoras que queria fazer parte da equipe.
Juntas foram fazendo contatos, preparando reuniões com o estúdio a partir dos primeiros rascunhos que Valentina tinha. Tudo foi realizado em uma sala do escritório do Sérgio, para que houvesse privacidade e que fosse em um terreno neutro, sem invadir os espaços pessoais de cada uma.
A experiência estava sendo um pouco estranha, mas estava funcionando. Valentina gostava de como elas trabalhavam em equipe, mas quanto ao resto ela ainda sentia algo estranho dentro dela sabendo que Eiza tinha beijado sua esposa e que ela a achava atraente em todos os sentidos.
Renata estava em Nova York contatando uma das Produtoras que queria fazer parte da equipe.
Elas estavam trabalhando durante toda a manhã e início da tarde, quando o telefone de Valentina vibrou e ela o deixou ir para a caixa de correio, vibrou uma segunda vez.
—Se você quiser pode atender. _Eiza disse a ela.
Valentina olhou para o telefone e viu que era a sua mulher e sorriu.
—É a Juliana, assim que terminarmos aqui ligo de volta.
—Não tem problema, pode atender se quiser.
Valentina ainda não havia contado a Juliana todas as reuniões, embora ela tivesse contado que estava trabalhando em um projeto com Eiza, mas não no que exatamente.
—Não, está tudo bem. Eu falo com ela daqui a pouco. _e silenciou o celular, concentrando-se em terminar rápido.
*** Flashback off ***
Vou fazer todo o possível para que você e sua mãe tenham esse processo mais ameno, me perdoe por ontem, não vai acontecer de novo. _ Valentina disse a sua sementinha e a ela mesma mentalmente.
