Medo

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Juliana parou na entrada do quarto e decidiu buscar a sopa na esperança de que Lucia convencesse Valentina há comer um pouco. Lúcia continuou o caminho silenciosamente

—Minha filha.

Valentina ergueu a cabeça olhando para a mãe e depois se virou com olhos alarmados para procurar quem ela esperava que entraria pela porta.

—Ela já vem filha, ela só foi pegar um pouco de comida.

Valentina deixou cair à cabeça no travesseiro e respirou fundo.

Lúcia era muito boa em ler as pessoas, mas ela sempre achou a sua filha um pouco difícil de decifrar porque Valentina sempre foi muito fechada. Mas agora, depois de terem se reaproximado... desde que ela parou de afastá-la, ela sabia que havia algo que a estava atormentando.

Só de vê-la assim, na cama, sem tomar banho, os olhos inchados, vermelhos e completamente opacos acompanhados do estado de alerta ao não ver Juliana entrar, isso disse muito mais do que a morena lhe contou.

—Não quer falar...

Valentina apenas a ignorou, então Lúcia decidiu seguir uma nova rota de abordagem.

—Juliana está preocupada com o que está acontecendo com você.

Valentina fechou os olhos, apertando-os. Já era uma reação.

—Sabe, isso me lembra de quando te encontrei no chuveiro e você também não queria falar.

Valentina ficou como estava.

—É sobre ela, certo? Assim como naquela noite.

Valentina deixou escapar um soluço. A imagem de uma Juliana congelada e imóvel lhe veio à mente, como vinha fazendo o dia todo.

Lucia finalmente acertou, mas ao mesmo tempo se sentiu alarmada com o volume do choro da filha e sentiu medo que Juliana estivesse doente de novo. Ela caminhou até a cama e se sentou ao lado da filha, afastando o cabelo do seu rosto.

Juliana entrou com uma bandeja com tampa que mantinha o calor, deixando-a sobre a mesa de seu quarto.

—Eu estou aqui Val. _disse a morena sentando do outro lado da cama, ao lado da sua esposa.

Valentina sentou-se o mais rápido que pôde, apoiando a cabeça no ombro de Juliana e abraçando-a pela cintura enquanto soluçava.

—Meu amor, por que não conversamos? _Juliana deixou a voz falhar um pouco.
—Dói te ver você assim.

Ver como Valentina se agarrava a Juliana dava calafrios em Lúcia

—Juli, você está bem?

Juliana acenou com a cabeça olhando para Lúcia, confusa, mas de repente ela conseguiu entender porque ela estava perguntando isso.

—Val, você está assim por causa do que o médico disse?

—Que médico? _Lúcia se levantou da cama rapidamente, agora ela estava com medo.

A morena ergueu levemente a mão para pedir à mãe que esperasse um pouco.

—Foi muito real. _Valentina disse apertando Juliana ainda mais.
—Muito real.

Juliana fechou os olhos, entendendo o estado de sua esposa. Ela acariciou as suas costas, tentando fazê-la relaxar os seus músculos tensos.

—É por minha causa.

—Eu não quero... não... _disse Valentina entre lágrimas.
—Eu não quero que se torne realidade.

Lúcia se aproximou e sentou-se em frente as duas.

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