O desenho

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Se há dois anos tivessem dito a Juliana onde ela estaria hoje, ela teria rido na cara deles.

Quando sua vida muda repentinamente, isso pode fazer você mudar também.

A Juliana de dois anos atrás sentiu seu mundo desmoronar completamente e ela desmoronou com ele.

Sim, ela continuou, mas não como antes.

Sua continuação não tinha nada a ver com evolução, com o que tinha ou com o que estava por vir. Em vez disso, foi um grito desesperado para voltar a ter seu emprego, sua namorada e suas coisas como eram antes. Voltar e ficar lá.

Seu ato de coragem ao sair do armário por alguém que ela amava revelou-se aos seus olhos a pior decisão da época.

Agora, ela pôde ver que valeu a pena. Que todo o seu sofrimento, tanta amargura, tanto ressentimento não importava mais. Por alguma razão, tudo isso a levou ao que ela está vivendo agora. Ela nunca teria conhecido Valentina se ela não tivesse saído do armário, se ela não tivesse sido demitida, se ela não estivesse procurando trabalho tão desesperadamente que aceitou aquele negócio.

Se não estivesse naquela situação, Sergio não teria pensado que ela aceitaria e simplesmente a teria deixado de fora de suas opções pela falsa namorada de Valentina. Como sua melhor opção.

E foi a escolha perfeita no final de tudo.

Funcionou e superou os devaneios mais loucos que ambas poderiam ter.

Se tivesse que passar por aqueles tempos difíceis novamente, ela o faria.

Se reconstruiria novamente.

Agora ela não era a mesma Juliana, e nem a sua vida era a mesma.

E isso era bom... mais do que bom. Ela estava reconstruída novamente.

Era tudo uma questão de tempo, como sua Val dizia.

Perfect timing.

Naquele momento, Valentina percebeu muitas emoções passando pelo rostinho da esposa.

—Acho que você está em choque.

Ela pegou Juliana pela cintura e a conduziu a um restaurante pitoresco ao lado. Ela a sentou e se sentou ao lado dela.

Essa reação a lembrou da noite de sua primeira troca de presentes de Natal, quando Valentina estava contando os minutos para Juliana chegar do aeroporto. Ela estava arrumando a sala para recebê-la com comida, música e champanhe.

Foi à noite em que compartilharam seu primeiro beijo.

Na época, Valentina estava morrendo de nervosismo para mostrar o presente a ela. Quando Juliana o recebeu, ficou vários minutos sem o que dizer ou fazer, como neste momento.

Valentina pediu bebidas para as duas, segurando a mão livre da esposa, dando-lhe o tempo de que precisava.

Quando ela finalmente ergueu os olhos do desenho, seus olhos estavam marejados, exatamente como daquela vez.

—Eu... _Juliana esforçou-se para encontrar a fala novamente.
—Meu... amor, é sério?

Valentina pegou o desenho de Juliana, colocando-o sobre a mesa para que ela pudesse segurar suas duas mãos.

—Sim Chiquita, eu acho que podemos começar a pensar sobre isso.

Eles conectaram seus olhares e começaram a rir.

—Bem... já estou pensando nisso há muito tempo. _disse Juliana, culpada.

—Eu também. _confessou Valentina.

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